segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

O SERVO DO SENHOR

"Ouvi-me, ilhas, e escutai vós, povos de longe! O Senhor me chamou desde o ventre, desde as entranhas de minha mãe, fez menção do meu nome. E fez a minha boca como uma espada aguda, e, com a sombra da sua mão, me cobriu, e me pôs como uma flecha limpa, e me escondeu na sua aljava. E me disse: Tu és meu servo, e Israel, aquele por quem hei de ser glorificado. Mas eu disse: Debalde tenho trabalhado, inútil e vãmente gastei as minhas forças; todavia, o meu direito está perante o Senhor, e o meu galardão, perante o meu Deus." (Is. 49:1-4)

Vivemos uma era em que as pessoas gostam de ser servidas.
Ser servo para alguns significa ser idiota, burro, alguém que gosta de ser passado para trás.
As pessoas aspiram grandeza porque querem ser servidas.

O que significa ser servo?

Servo é aquele que serve e quanto mais servir, maior e melhor servo será, pois tudo o que faz é oferta para o seu Senhor.
O amor é o elo fundamental na relação Senhor – servo.
Em tempos remotos os servos eram adquiridos por um valor, como se fossem um objeto qualquer, passando a ser propriedade daqueles que os compravam com dinheiro.
Mas os verdadeiros servos do Senhor Jesus Cristo, foram comprados não por dinheiro, mas pelo Seu precioso sangue.
O sangue do Senhor Jesus foi o preço pago para nos tirar da condição de escravo do inferno, dando-nos a condição de reis e sacerdotes para Deus.
O prazer do servo bom e fiel é servir cada vez mais e melhor, não com interesses escusos e escuros, mas simplesmente por que tem o mesmo Espírito d’Aquele que lhe serviu primeiro.
Servir é um ato muito mais ligado ao qualitativo do que ao quantitativo; muito mais ao emocional do que ao racional; muito mais ao satisfazer-me do que ao satisfazer-te.

Este texto fala sobre o servo do Senhor.
Quem é este servo?
Assim como acontece com muitas passagens bíblicas, esse texto tem múltiplas aplicações.

Em primeiro lugar, o profeta Isaías fala de si mesmo.
Observe que ele usa o pronome pessoal da primeira pessoa: “Mas eu disse.” (Is.49:4ª)
Em segundo lugar, o servo do Senhor é a nação de Israel. “Tu és meu servo, e Israel, aquele por quem hei de ser glorificado.” (Is. 49:3)
Em terceiro lugar, em se tratando de uma profecia messiânica, o servo do Senhor, por excelência, é o próprio Senhor Jesus. Esse Servo seria adorado por reis e príncipes. “Os reis o verão e se levantarão; os príncipes diante de ti se inclinarão...” (Is. 49:7b)
Em último lugar, entendemos que muito do que o texto fala sobre o servo do Senhor, pode ser aplicado a cada um de nós que, em qualquer tempo ou lugar, servimos a Deus.

             I.        O chamado do servo
“O Senhor me chamou desde o ventre, desde as entranhas de minha mãe, fez menção do meu nome." (Is. 49:1)

O servo do Senhor precisa ter consciência de seu chamado e de sua identidade.
Todos os que trabalham na obra do Senhor precisam ter consciência de terem sido chamados para o trabalho ou ministério que executam.
Essa consciência, essa certeza, torna-se um alicerce na vida do servo de Deus.
Tudo pode estar desabando, mas o servo se firma na palavra do Senhor, em seu chamado, nas profecias que lhe foram entregues a respeito da missão que lhe foi outorgada.
“Este mandamento te dou, meu filho Timóteo, que, segundo as profecias que houve acerca de ti, milites por elas boa milícia, conservando a fé e a boa consciência, rejeitando a qual alguns fizeram naufrágio na fé.” (I Tm. 1:18)

            II.        Palavra do servo
"E fez a minha boca como uma espada aguda..." (Is. 49:2ª)

O servo do Senhor precisa falar a Palavra de Deus.
“Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.” (Hb. 4:12)
Com a palavra do Senhor no coração e nos lábios, o servo do Senhor terá a sabedoria necessária para cumprir seu propósito.

           III.        Proteção do servo
"...e, com a sombra da sua mão, me cobriu..." (Is. 49:2b)

O servo será guardado e protegido pelo Senhor.
Deus tem um compromisso com seus servos.
Quando nos sentimos fatigados sob o sol, logo procuramos um lugar à sombra.
Assim é a proteção do Senhor sobre nós.
Ainda que passemos por dificuldades, o Senhor nos dará o livramento, a não ser que o nosso sacrifício também faça parte de um propósito específico, como foi o caso de muitos que entregaram suas vidas pela causa do evangelho.
O certo é que, enquanto não tivermos cumprido o propósito para o qual fomos chamados, nada poderá nos destruir.
Nossa missão é o nosso seguro de vida.
Estamos guardados até que todo o plano do Senhor a nosso respeito esteja concretizado.
Ele garantirá nosso sustento e nossa segurança.

          IV.        O processo do servo
"...e me fez como uma flecha limpa... " (Is. 49:2c)

Essa frase nos fala de um processo.
O verbo "fazer" implica em um trabalho, através do qual o Senhor molda o caráter do servo.
A ilustração utilizada é a flecha.
O guerreiro toma em suas mãos um pedaço de madeira, que talvez, no estado em que se encontrava, não serviria para nada.
Seria apenas mais um pedaço de lenha à espera do fogo, mas o guerreiro, ao olhar para aquele pedaço de pau, já sabe em quê suas mãos poderão transformá-lo.
É assim que Deus nos olha, não levando em conta o que fomos, ou o que somos, mas aquilo que viremos a ser em suas mãos.
Todos os servos do Senhor passam por um processo para que se tornem aquilo devem ser.
Desse modo, por meio da Palavra, das repreensões, dos conselhos, dos exemplos, das circunstâncias, do Espírito Santo, etc, Deus vai nos tornando cada vez mais semelhantes ao Servo padrão: o Senhor Jesus Cristo.
A flecha é nada, a não ser que esteja à disposição do guerreiro, pois em suas mãos ela será útil e eficiente.
É com ela que o inimigo será atacado.
Por meio de nós o Senhor haverá de pisar a cabeça de Satanás.
“E o Deus de paz esmagará em breve Satanás debaixo dos vossos pés. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja convosco. Amém!” (Rm. 16:20)
Se não estivermos nas mãos do Senhor, seremos inúteis.
O servo do Senhor é comparado à flecha polida.
Isso significa que ela está limpa e brilhante.
A flecha pode ter sido feita com muito empenho, mas, se estiver, por exemplo, carregada de barro, não servirá para o guerreiro.
Nem por isso será jogada fora, mas colocada de lado temporariamente até que seja limpa.
Outra será usada em seu lugar naquele momento.
Nesse caso, a sujeira será um peso.
A flecha precisa estar livre de qualquer corpo estranho que venha comprometer sua leveza e aerodinâmica.
O servo do Senhor precisa estar limpo e brilhante.
Precisamos limpar nossas mãos através do perdão que encontramos por meio do sangue de Jesus.
Estando limpos, o brilho do Senhor se refletirá em nossa face.
Somos como espelhos e, se estivermos limpos, refletiremos a imagem do Senhor em nós.
“Mas todos nós, com cara descoberta, refletindo, como um espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.” (II Co. 3:18)

            V.        O servo é guardado pelo Senhor.
"....e me escondeu na sua aljava." (Is. 49:2d)

A aljava é um tipo de sacola que o guerreiro leva nas costas.
Ali ficam guardadas as flechas. Estão protegidas.
Ninguém as toma do guerreiro.
Assim, os servos do Senhor estão guardados.
O servo precisa estar assim, sempre à disposição do Senhor.
Ele pode usá-lo em qualquer momento.
Não podemos escolher a hora de trabalhar.
O Senhor é quem decide.
Precisamos nos perguntar: estamos à disposição do Senhor?
Quando Ele enfiar a mão na aljava, vai encontrar as flechas prontas, limpas, brilhantes e disponíveis?
Quando o Senhor nos enviar, estaremos prontos para ir?
Alguns apresentam uma lista de planos que se tornam obstáculos ao plano de Deus. (Mt.22.1-14)
Estes não estão na aljava do Senhor, portanto, não serão úteis.
A flecha é lançada numa direção e com um propósito específico.
Assim, o servo do Senhor precisa ir para onde o Senhor mandar.
Talvez isto signifique deixar um lugar confortável para ir a um local desconhecido para executar o plano de Deus.
“Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.” (Gn. 12:1-3)
Estar na aljava representa também estar esperando o tempo certo para executar a missão.
Esse aspecto pode ser muito complicado.
Queremos agir, agir logo, de qualquer modo.
Quando precisamos esperar ficamos ansiosos.

O próprio Senhor Jesus até os 30 anos de idade ficou na aljava do Pai.
Não fez discípulos, não curou enfermo, não ressuscitou morto, não evangelizou, etc.
No dia em que se apresentou para ser batizado por João, Jesus começou seu ministério público.
A flecha foi lançada.

Muitos servos do Senhor foram chamados para grandes obras, mas não veem nada se concretizando.
Ficam ansiosos e querem tomar iniciativas para ajudar o Senhor.

Lembre-se do caso de Abraão e Sara.
Achando que Isaque demorava muito, providenciou Ismael.
Criou um problema que traz consequências até hoje.

Outro exemplo é o de Saul.
Vendo que Samuel demorava, resolveu ele mesmo fazer o sacrifício.
Por isso, foi rejeitado pelo Senhor.

Precisamos saber esperar até que o Senhor nos diga: "É agora. Vá em frente."
Até lá estaremos sendo preparados, limpos e guardados.
Estar na aljava também significa estar escondido.
Isso é muito incômodo, pois é natural e carnal, que queiramos aparecer.
Precisamos resistir a esse desejo.
Quem muito aparece ganha muita pedrada.
As maiores torres são as mais visíveis e mais famosas.
Consequentemente, são as mais expostas aos ataques.
Lembre-se do World Trade Center.
Estejamos numa posição discreta, enquanto esperamos, humildemente, a ordem para executarmos determinado trabalho.
Certamente, o Senhor não nos deixa ociosos.
Enquanto ainda não fomos enviados para realizar determinada missão, Ele nos dá outras tarefas para executarmos.
O Senhor disse: "Tu és meu servo, e Israel, aquele por quem hei de ser glorificado. " (Is. 49:3)
Esse é o objetivo do nosso trabalho: a glória de Deus.
Não é a glória do homem. Não é a glória para o servo. A glória é do Senhor.

Qual é o propósito do seu trabalho na obra de Deus?
Reconhecimento humano? Dinheiro? Fama? Posição social na igreja?
Cuidado.
O propósito do nosso trabalho deve ser a glória de Deus para Deus.
Quando o nosso propósito é egoísta, começamos a rejeitar determinadas tarefas que nos são atribuídas porque avaliamos que elas não nos trarão o benefício que esperamos.
Então, pregar numa igreja pequena, que não nos dará nenhuma oferta financeira, não será atraente se estivermos trabalhando pelo dinheiro.
Quando trabalhamos para a glória de Deus, nossa visão é outra.
Lembre-se do evangelista Filipe: saiu de uma cidade, onde o evangelho progredia, e foi para a beira de uma estrada evangelizar um homem eunuco no deserto. (At. 8)

          VI.        O serviço do servo não é vão
"Mas eu disse: Debalde tenho trabalhado, inútil e vãmente gastei as minhas forças; todavia, o meu direito está perante o Senhor, e o meu galardão, perante o meu Deus." (Is. 49:4)

O Senhor diz algo e o servo fala o contrário.
Quantas vezes nos falta o ponto de vista de Deus a respeito do evangelho, da igreja, da missão ou sobre nós mesmos!
Fazemos então julgamentos errados.
Pensamos que o nosso trabalho é inútil.
Filipe evangelizou e batizou um homem no caminho de Jerusalém para Gaza.
Julgando humanamente, poderíamos dizer: "Que desperdício, Filipe! Você deveria fazer uma série de conferências em Jerusalém, e não ficar gastando seu tempo precioso pregando para um homem só."
Entretanto, aquele homem era um ministro da rainha da Etiópia.
“E levantou-se e foi. E eis que um homem etíope, eunuco, mordomo-mor de Candace, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todos os seus tesouros e tinha ido a Jerusalém para adoração.” (At. 8:27)
Portanto, sua conversão significaria a entrada do evangelho em seu país.
Deus vê o que nós desconhecemos.
Quantas vezes nos falta a visão do resultado do nosso trabalho.
O problema é que talvez estejamos esperando resultados visíveis que aumentem o nosso próprio crédito.
Então, a frustração talvez seja natural.
Mas se estamos trabalhando para a glória de Deus, encontraremos motivo para nos regozijarmos.
Muitas vezes, o efeito do nosso trabalho é espiritual, é invisível.
São pecados evitados, são corações transformados, consolados, edificados, restaurados.
Não vemos essas coisas e muitas vezes nem ficamos sabendo.
Isso é até bom para que não nos ensoberbeçamos, pensando que somos grandes servos de Deus. Isso seria um paradoxo.
Não existem grandes servos. Todo servo é pequeno. Grande é o Senhor.
“...o meu direito está perante o Senhor, e o meu galardão, perante o meu Deus." (Is. 49:4b)
Quando fazemos o que Deus nos mandou fazer, nosso trabalho não é vão.

Querido irmão, o Senhor vai recompensá-lo por todo o seu esforço em prol do reino de Deus.
Ele vê suas dificuldades e recolhe suas lágrimas.
Somos como aqueles servos da parábola dos talentos.
O Senhor se retirou para uma terra distante.
Em breve ele voltará, trazendo consigo a recompensa para cada um dos seus servos.
Porém, somente serão premiados aqueles que foram fiéis no seu serviço diante de Deus.
Precisamos, portanto, reconhecer o chamado e assumir nosso papel de servos.
Apresentemo-nos ao Senhor para que ele nos prepare, nos limpe e nos use para a sua glória.


Amém!!!

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