“Irmãos, quanto a
mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas
que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para
o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” (Fp. 3:13-14)
Nós
somos hábeis em desperdiçar coisas.
Desperdiçamos
alimento, desperdiçamos tempo, desperdiçamos dinheiro, desperdiçamos água, etc.
Mas
há outro campo da nossa atividade onde o desperdício também é grande.
Provavelmente
não há outro campo de atividade humana em que haja tanto desperdício como no
campo da religião.
É
inteiramente possível desperdiçar uma hora na igreja, e mesmo numa reunião de
oração.
Não
devemos esquecer-nos de que uma pessoa pode frequentar uma igreja a vida toda,
sem que a sua vida melhore em nada.
Na
igreja de tipo comum, em que ouvimos as mesmas orações repetidas todos os
domingos, ano após ano, pode-se suspeitar que não há a mais remota expectativa
de que venham a ser respondidas.
A
impressão que se tem é que basta que tenham sido verbalizadas.
A
frase familiar, o tom religioso, as palavras carregadas de emoção têm o seu
efeito superficial e temporário, mas o adorador não fica mais perto de Deus,
nem moralmente melhor, nem mais seguro do céu do que antes.
Todas
as manhãs de domingo, por anos e anos, segue a mesma rotina e, dando-se duas
horas para sair de casa, ficar sentado durante o culto numa igreja e voltar
para casa, gastou horas e horas com este exercício de futilidade.
·
Movimento sem avanço
O
escritor de Hebreus diz que alguns cristãos professos estavam a marcar o tempo
sem chegar a lugar nenhum.
Tiveram
muita oportunidade para crescer, mas não cresceram, tiveram bastante tempo para
amadurecer, e, contudo continuavam criancinhas.
Exorta-os,
pois, a deixarem o seu giro religioso sem sentido e a apertarem o passo rumo à
perfeição.
É
possível ter movimento sem progresso, e isto descreve grande parte das
atividades entre os cristãos hoje.
É
simplesmente movimento perdido.
Em
Deus há movimento, nunca, porém desperdiçado.
Ele
age sempre tendo em vista um fim predeterminado.
Feitos
à Sua imagem somos por natureza constituídos de forma tal que somente
justificamos a nossa existência quando trabalhamos com um propósito em mente.
Uma
atividade sem objetivo está abaixo do valor e dignidade do ser humano.
A
atividade que não resulta em progresso, em direção a um alvo, é desperdício.
Entretanto,
muitos cristãos não têm um fim definido em vista, pelo qual lutar.
No
carrossel religioso sem fim, continuam a malbaratar tempo e energia de que,
Deus o sabe, nunca dispuseram muito, e a cada hora que passa dispõe menos.
É
uma tragédia digna da mente de um filósofo.
Quanto
de nossas atividades tem sido desperdício religioso?
Por
trás desse desperdício podem estar uma de três coisas:
O
cristão é ignorante das Escrituras, ou descrente, ou desobediente.
I.
Ignorante das
Escrituras
Muitos
cristãos são simplesmente faltos de instrução.
Talvez
tenham sido persuadidos a entrar no Reino quando estavam apenas meio
preparados.
Ao
recém convertido quase certamente se diz que só tinha de receber a Jesus como o
seu Salvador pessoal, e tudo estaria bem.
Possivelmente
algum conselheiro acrescentou que ele agora tinha a vida eterna e com toda a
segurança iria para o céu quando morresse, se é que o Senhor não voltasse e o
levasse em triunfo antes de chegar a desagradável hora da morte.
Depois
desta precipitada entrada inicial no Reino, geralmente é pouco o que se diz.
O
recém-convertido vê-se empunhando martelo e serrote, mas sem planta.
Não
tem a mais remota noção do que se espera que ele construa razão por que se fixa
na enfadonha rotina de polir as suas ferramentas todos os domingos,
guardando-as depois na respectiva caixa.
II.
Incredulidade
Todavia,
às vezes o cristão desperdiça os seus esforços por incredulidade.
É
possível que, em algum grau, que todos sejamos culpados disto.
Em
nossas orações particulares e em nossos cultos públicos, estamos sempre pedindo
a Deus que faça coisas que já fez ou que não pode fazer por causa da nossa
incredulidade.
Clamamos
a Ele que fale, quando já falou, e naquele exato momento está falando.
Pedimos-Lhe
que venha, quando Ele já está presente e esperando que O reconheçamos.
Rogamos
que o Espírito Santo nos encha, enquanto que o tempo todo O estamos impedindo
com as nossas dúvidas.
III.
Desobediência
É
claro que o cristão não poderá esperar manifestação alguma de Deus, enquanto
viver em estado de desobediência.
Se
alguém se nega a obedecer a Deus quanto a algum ponto dado com clareza, se
dispõe a sua vontade a resistir obstinadamente a algum mandamento de Cristo, as
suas demais atividades religiosas serão desperdiçadas.
Pode
frequentar a igreja cinquenta anos, sem proveito.
Pode
entregar o dízimo, ensinar, pregar, cantar, escrever, editar, ou promover
conferências bíblicas, até ficar velho demais para andar e já não tenha nada
mais que cinzas, pois o obedecer é melhor do que o sacrificar.
Aprendamos
a saborear mais os momentos na igreja e tirar proveito disso.
Não
nos conformemos com as migalhas da religião.
Infelizmente,
há muita gente descontente fingindo contentamento, tentando compensar o déficit
emocional de uma vida sem significado e sem progresso.
Todo
este trágico desperdício é desnecessário.
O
cristão que de fato crê, saboreia todos os momentos na igreja e tira proveito
disto.
O
cristão instruído e obediente submete-se a Deus como o barro ao oleiro, e o
resultado não é desperdício, mas glória eterna.
Mais
evangelho da graça e menos religião para avançarmos, sem desperdícios.
Amém!!!
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