quarta-feira, 27 de abril de 2016

DESPERDÍCIO

“Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” (Fp. 3:13-14)

Nós somos hábeis em desperdiçar coisas.
Desperdiçamos alimento, desperdiçamos tempo, desperdiçamos dinheiro, desperdiçamos água, etc.

Mas há outro campo da nossa atividade onde o desperdício também é grande.
Provavelmente não há outro campo de atividade humana em que haja tanto desperdício como no campo da religião.
É inteiramente possível desperdiçar uma hora na igreja, e mesmo numa reunião de oração.
Não devemos esquecer-nos de que uma pessoa pode frequentar uma igreja a vida toda, sem que a sua vida melhore em nada.
Na igreja de tipo comum, em que ouvimos as mesmas orações repetidas todos os domingos, ano após ano, pode-se suspeitar que não há a mais remota expectativa de que venham a ser respondidas.
A impressão que se tem é que basta que tenham sido verbalizadas.
A frase familiar, o tom religioso, as palavras carregadas de emoção têm o seu efeito superficial e temporário, mas o adorador não fica mais perto de Deus, nem moralmente melhor, nem mais seguro do céu do que antes.
Todas as manhãs de domingo, por anos e anos, segue a mesma rotina e, dando-se duas horas para sair de casa, ficar sentado durante o culto numa igreja e voltar para casa, gastou horas e horas com este exercício de futilidade.

·         Movimento sem avanço

O escritor de Hebreus diz que alguns cristãos professos estavam a marcar o tempo sem chegar a lugar nenhum.
Tiveram muita oportunidade para crescer, mas não cresceram, tiveram bastante tempo para amadurecer, e, contudo continuavam criancinhas.
Exorta-os, pois, a deixarem o seu giro religioso sem sentido e a apertarem o passo rumo à perfeição.
É possível ter movimento sem progresso, e isto descreve grande parte das atividades entre os cristãos hoje.
É simplesmente movimento perdido.
Em Deus há movimento, nunca, porém desperdiçado.
Ele age sempre tendo em vista um fim predeterminado.
Feitos à Sua imagem somos por natureza constituídos de forma tal que somente justificamos a nossa existência quando trabalhamos com um propósito em mente.
Uma atividade sem objetivo está abaixo do valor e dignidade do ser humano.
A atividade que não resulta em progresso, em direção a um alvo, é desperdício.
Entretanto, muitos cristãos não têm um fim definido em vista, pelo qual lutar.
No carrossel religioso sem fim, continuam a malbaratar tempo e energia de que, Deus o sabe, nunca dispuseram muito, e a cada hora que passa dispõe menos.
É uma tragédia digna da mente de um filósofo.

Quanto de nossas atividades tem sido desperdício religioso?
Por trás desse desperdício podem estar uma de três coisas:
O cristão é ignorante das Escrituras, ou descrente, ou desobediente.

             I.        Ignorante das Escrituras

Muitos cristãos são simplesmente faltos de instrução.
Talvez tenham sido persuadidos a entrar no Reino quando estavam apenas meio preparados.
Ao recém convertido quase certamente se diz que só tinha de receber a Jesus como o seu Salvador pessoal, e tudo estaria bem.
Possivelmente algum conselheiro acrescentou que ele agora tinha a vida eterna e com toda a segurança iria para o céu quando morresse, se é que o Senhor não voltasse e o levasse em triunfo antes de chegar a desagradável hora da morte.
Depois desta precipitada entrada inicial no Reino, geralmente é pouco o que se diz.
O recém-convertido vê-se empunhando martelo e serrote, mas sem planta.
Não tem a mais remota noção do que se espera que ele construa razão por que se fixa na enfadonha rotina de polir as suas ferramentas todos os domingos, guardando-as depois na respectiva caixa.

            II.        Incredulidade

Todavia, às vezes o cristão desperdiça os seus esforços por incredulidade.
É possível que, em algum grau, que todos sejamos culpados disto.
Em nossas orações particulares e em nossos cultos públicos, estamos sempre pedindo a Deus que faça coisas que já fez ou que não pode fazer por causa da nossa incredulidade.
Clamamos a Ele que fale, quando já falou, e naquele exato momento está falando.
Pedimos-Lhe que venha, quando Ele já está presente e esperando que O reconheçamos.
Rogamos que o Espírito Santo nos encha, enquanto que o tempo todo O estamos impedindo com as nossas dúvidas.

           III.        Desobediência

É claro que o cristão não poderá esperar manifestação alguma de Deus, enquanto viver em estado de desobediência.
Se alguém se nega a obedecer a Deus quanto a algum ponto dado com clareza, se dispõe a sua vontade a resistir obstinadamente a algum mandamento de Cristo, as suas demais atividades religiosas serão desperdiçadas.
Pode frequentar a igreja cinquenta anos, sem proveito.
Pode entregar o dízimo, ensinar, pregar, cantar, escrever, editar, ou promover conferências bíblicas, até ficar velho demais para andar e já não tenha nada mais que cinzas, pois o obedecer é melhor do que o sacrificar.

Aprendamos a saborear mais os momentos na igreja e tirar proveito disso.
Não nos conformemos com as migalhas da religião.
Infelizmente, há muita gente descontente fingindo contentamento, tentando compensar o déficit emocional de uma vida sem significado e sem progresso.

Todo este trágico desperdício é desnecessário.
O cristão que de fato crê, saboreia todos os momentos na igreja e tira proveito disto.
O cristão instruído e obediente submete-se a Deus como o barro ao oleiro, e o resultado não é desperdício, mas glória eterna.
Mais evangelho da graça e menos religião para avançarmos, sem desperdícios.

Amém!!!


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