quarta-feira, 6 de abril de 2016

ABRA MEUS OLHOS

“Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo; pelo contrário, exortai-vos mutuamente cada dia, durante o tempo que se chama Hoje, a fim de que nenhum de vós seja endurecido pelo engano do pecado.” (Hb. 3:12-13)

Um dos grandes perigos que a igreja contemporânea vive é ser infectada por uma tentação que cercou muitos cristãos no início da igreja primitiva e um grande número caiu enlaçados por ela.
É algo sutil, que nos cegando, que vai invadindo os corações, e sem se aperceberem, não obstante,  manterem a forma religiosa, as expressões e os aspectos  externos de crença, o coração vai se afastando de Deus e de sua soberana vontade.
Essa era a preocupação do autor de Hebreu ao advertir aos que haviam professado a fé em Cristo como Salvador de suas vidas, o de tomar cuidado para que a tentação do perverso coração de incredulidade, não os afastasse do Deus vivo.
Parece paradoxal uma advertência como essa ser dada justamente a crentes, cristãos professos, mas só tem sentido quando entendemos a profundeza dessa exortação e a amplitude com que é repetida.
         
Há um ditado popular que diz: “O pior cego é aquele que não quer ver.”
           
Dentre os vários assuntos tratados na Bíblia, um que mexe profundamente conosco é a santidade.
O caminho da santidade é um caminho tanto repleto de vida como de morte; tanto de perigos como de bênçãos.
É um caminho no qual você será desafiado, preenchido pelo poder de Deus, tentado e crucificado.
Mas não ficará desapontado.
Se for a Deus que você procura, é a Ele que irá achar.

A própria santidade tem o seu primeiro passo: a humildade.
No reino de Deus não há grandes homens, não há grandes servos de Deus.
Se for grande não é servo e se é servo não é grande.
No reino de Deus há humildes servos que Deus resolveu usar grandemente.
Para que isso aconteça, somos desafiados a expor nossas falhas, nossos pecados à luz da Palavra de Deus, provocando o arrependimento e a mudança de rota.

O problema é que a cegueira espiritual nos contamina e impede os nossos olhos de enxergar com clareza e profundidade bíblicas os pensamentos e motivações do coração.
 (Jr. 17:9)
Precisamos deixar que o Espírito Santo efetue as mudanças necessárias em nossa vida.

Na carta à igreja em Laodicéia está bem exemplificado o que chamamos de cegueira espiritual.
“Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca; pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.” (Ap. 3:16-17)

O pecado nos veste com uma capa de engano, as quais chamamos de máscaras.
Portanto, o segundo estágio para alcançarmos a santidade envolve a exposição do nosso coração à verdade e a eliminação das mentiras que estão dentro dele.
Se o Espírito vencer o poder do engano, então Ele vence o poder do pecado.

Existem máscaras que vedam nossa visão, as quais relutamos em tirar.

·         A máscara de um senso muito acurado de si mesmo
“Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se ao homem que contempla, num espelho, o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla, e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência. Mas aquele que considera, atentamente, na lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera, não sendo ouvinte negligente, mas operoso praticante, esse será bem-aventurado no que realizar.” (Tg. 1:22-25)

Uma pessoa só consegue ver a si mesma como realmente é quando se contempla atentamente no espelho perfeito das Escrituras.
Devemos olhar para nós mesmos não como gostaríamos de ser, mas como somos e como Deus quer que sejamos.
É preciso nos enxergar nos espelhos das Escrituras.

·         A máscara de ter sido vítima de pecado de outros.
“Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois, com o critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também. Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão.” (Mt. 7:1-5)

Nosso senso de vítima é mais absorvente que nosso senso de pecadores.
Nunca somos nós quem precisa de mudança.
O problema está sempre nos outros.
Quando confrontados por alguma atitude indevida sempre damos justificativas e desviamos o foco de nós.

·         A máscara de provações e testes.
“Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá vida eterna.” (Gl. 6:7-8)

Normalmente, achamos que não merecemos aquilo que colhemos. Não enxergamos que muitas coisas são conseqüências das nossas escolhas erradas e achamos que tudo é provação, porque põe em risco algo que nos é valioso.

·         A máscara das necessidades.

É quando nos vemos sempre como pessoas necessitadas.
Não vemos que o nosso estado de necessidade é efeito do pecado, do egoísmo.
“Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência;  entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais.” (Ef. 2:1-3)
A carência revela muito mais o que nós somos do que o que precisamos.
O centro do universo é o nosso gosto, a nossa vontade.
Normalmente responde com crítica irada a qualquer um que pareça ignorar sua pessoa ou suas necessidades.
Acha que os outros é que são egoístas e não demonstram prontidão, quando na verdade ela é que está centrada em si mesma.

·         A máscara do conselho sábio.
“De que serviria o dinheiro na mão do insensato para comprar a sabedoria, visto que não tem entendimento?” (Pv. 17:16)

Só nos aproximamos de pessoas que concordam conosco.
São conselhos que parecem sábios porque contribuem para nos enxergarmos distorcidos e não vermos as questões reais da vida.

·         A máscara do discernimento pessoal.

Vestimos esta quando achamos que nossas interpretações dos fatos e da vida é que são certas.
Se formos questionados, logo o clima fica tenso.
Discernimento não é resultado de ser analítico, mas de ser bíblico.
“Os teus mandamentos me fazem mais sábio que os meus inimigos; porque, aqueles, eu os tenho sempre comigo. Compreendo mais do que todos os meus mestres, porque medito nos teus testemunhos. Sou mais prudente que os idosos, porque guardo os teus preceitos.” (Sl. 119:98-100)
As vezes os nossos desejos distorcem a nossa interpretação.

·         A máscara do senso de valores.

Os nossos tesouros é que motivam o nosso coração.
Há tesouros que tem a ver com nossos relacionamentos: amizades, respeito, aceitação, amor.
Fazemos uma lista de exigências e julgamos as pessoas quando falham em viver de acordo com elas.
É como se nosso tesouro estivesse sendo violado.

·         A máscara do conhecimento teológico.

Esse é um grande problema.
Três conseqüências que pode trazer:

             I.        Produzir um nível de confiança na interpretação da vida.
Achamos que tudo flui da nossa crença, e podemos estar enganados.

            II.        Produzir um reconhecimento pessoal de maturidade.
Ofendemo-nos quando alguém nos diz que precisamos de ensino bíblico básico.

           III.        Produzir uma idéia que não somos culpados.
“Sei o que é certo e fiz o melhor.”
O conhecimento obscurece a responsabilidade pessoal.
“A esse respeito temos muitas coisas que dizer e difíceis de explicar, porquanto vos tendes tornado tardios em ouvir. Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo decorrido, tendes, novamente, necessidade de alguém que vos ensine, de novo, quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus; assim, vos tornastes como necessitados de leite e não de alimento sólido. Ora, todo aquele que se alimenta de leite é inexperiente na palavra da justiça, porque é criança. Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não somente o bem, mas também o mal.” (Hb. 5:11-14)

·         A máscara da santidade pessoal.

Isto significa estar cego ao fato de se assemelhar a um fariseu.
Reduzimos o padrão de Deus a um conjunto de regras humanas possíveis de serem executadas.
O evangelho está apenas relacionado a céu e inferno.

Um exemplo está na igreja, pois em muitas dela a  ênfase está sempre em coisas importantes, mas externas: templo bonito, pontualidade, dízimos, disposição para servir, roupas, organização, etc.
Questões de ciúmes, zanga, ódio, julgamentos, sentimentos de vingança, amargura, falta de compaixão não são tratados.
“Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus.” (Mt. 5:20)
Esse é o ponto principal da cegueira: achar-se justo por seguir regras.

·         A máscara do arrependimento.

As pessoas acham que apenas conversar sobre seus problemas já é suficiente.
Não há uma mudança substancial de coração nem de comportamento.
Continuam do mesmo jeito, mesmo tendo falado muitas vezes sobre o assunto.
Quando confrontado, admite com muita má vontade e fica na defensiva.
Arrependimento bíblico significa mudança radical de coração que resulta em mudança radical na maneira de viver.

Sei que é duro este discurso, mas é o caminho de Deus para a santidade.
Se o trilharmos, não ficaremos desapontados.
Não deixe que as máscaras endureçam seu coração.
Faça uma avaliação do seu coração diante de Deus e deixe que o Espírito Santo arranque aquelas máscaras que porventura tem impedido você de enxergar a beleza da Sua santidade.

Precisamos guardar o nosso coração firme, até o fim, de toda e qualquer contaminação de incredulidade, rebeldia e demais pecados que endurecem o nosso coração e nos afasta do Senhor.
Temos que lutar para preservar o nosso coração sempre aberto e disponível para Deus, a fim de que possamos entrar no descanso eterno do Senhor.
Jesus pede para entrar em nosso coração.
“Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo.” (Ap. 3:20)
Você deseja abrir o seu coração para Jesus entrar?
Então fale isso para Jesus em oração!

Amém!!!


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