“Porque ainda que a
figueira não floresça, nem haja fruto na vide; ainda que decepcione o produto
da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que as ovelhas da
malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja gado; Todavia eu me alegrarei
no SENHOR; exultarei no Deus da minha salvação.” (Hc. 3:17-18)
Imaginem
a situação de Habacuque, sem previsão de colheita, sem poder contar com a sua
produção, sem perspectivas nem sequer de garantir o seu próprio mantimento.
Eu
imagino que este homem tenha trabalhado tanto, se esforçado, se dedicado, e
mesmo assim, devido às situações adversas, ele não alcançou o resultado que
esperava.
Este
homem poderia ter ficado frustrado, poderia ter murmurado, mas ele manteve sua
alegria no Senhor.
Ele
devia ter uma família, e precisava lhes prover o sustento, devia ter contas
para pagar, enfim, assim como nós hoje em dia, desde aquele tempo o homem
enfrenta os mesmos problemas.
Mas
ele acreditava no mesmo Deus que nós cremos, um Deus que é capaz de renovar a
nossa esperança, porque podemos crer na sua fidelidade, e porque podemos
descansar na certeza de que Ele supre todas as nossas necessidades.
O
profeta relaciona em seis tópicos tudo aquilo que de pior poderia acontecer
naquela época, envolvendo toda a cadeia da economia local.
Em
palavras de hoje seria o equivalente a dizer: “Ainda que o salário não seja
suficiente, nem que o mercado de ações não dê lucro, ainda que os investimentos
não tenham retorno, e que eu perca o emprego, ainda que meu fundo de pensão
possa falir e toda minha poupança se esgotar.”
O
profeta não poderia pintar um quadro pior.
Mas
apesar de tudo isto mostra uma reviravolta.
Independentemente
do cenário externo, o profeta demonstra total confiança, alegria e fé no Senhor
Deus.
Mas
podemos perceber que este lindo texto não espelha a atitude anterior do
profeta.
Esta
confiança demonstrada pelo profeta é resultado de uma resposta de oração.
Uma
das coisas que mais nos impressiona é a quantidade de perguntas que Habacuque
faz a Deus.
Habacuque
faz dezessete questionamentos, sendo que a maioria ele faz diretamente a Deus.
Isso
nos faz pensar no tipo de oração que fazemos.
Se
orarmos apenas pedindo, ou mesmo agradecendo, este tipo de oração não envolve
diálogo.
Se
nossos filhos, por exemplo, sempre nos abordam para pedir algo ou para
agradecer por algo, não há assunto para uma conversa.
Sempre
que surge uma curiosidade na mente de uma criança pequena, e ela se dirige a
seus pais, ela espera uma resposta, por mais ingênua que seja a pergunta.
Precisamos
nos lembrar disso na próxima vez que orarmos.
Qual
foi a última vez que você questionou a Deus sobre uma situação?
Até
mesmo Jesus, na cruz, no momento mais difícil, se dirigiu a Deus com uma
pergunta: “Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste?” (Mc. 15:34)
Mas,
lembremos também que, assim como Habacuque, ao fazermos uma pergunta, nem
sempre a resposta vem rapidamente.
“Até quando, SENHOR,
clamarei eu, e tu não me escutarás? Gritar-te-ei: Violência! e não salvarás?” (Hc. 1:2)
Muitas
vezes precisaremos subir à “torre de vigia”, um lugar onde o profeta ficou até
receber a resposta.
“Sobre a minha guarda
estarei, e sobre a fortaleza me apresentarei e vigiarei, para ver o que falará
a mim, e o que eu responderei quando eu for arguido.” (Hc. 2:1)
É
necessário ter perseverança na oração.
Algumas
perguntas de Habacuque chegam a ser bem ousadas.
“Tu és tão puro de
olhos, que não podes ver o mal, e a opressão não podes contemplar. Por que
olhas para os que procedem aleivosamente, e te calas quando o ímpio devora
aquele que é mais justo do que ele?” (Hc. 1:13)
Em
outras palavras, Habacuque estava questionando até mesmo se Deus era de fato
justo.
Tenho
certeza que Deus prefere uma oração assim a uma vã repetição.
Deus
gosta de se revelar a corações agoniados e aflitos.
Jó
também passou por uma situação assim: “Ah! se eu soubesse onde encontrá-lo!
Então me Chegaria ao seu tribunal. Exporia ante ele a minha causa, e encheria a
minha boca de argumentos.” (Jó. 23:3-4)
E
o que acontece quando Deus responde?
O
profeta Habacuque descreve a visão que ele teve quando Deus respondeu suas
perguntas.
A
glória de Deus enchendo os céus, e a visão e o alcance de seu poder, foram
suficientes para que Habacuque percebesse a pequenez de seus questionamentos. (Hc.
3:3-15)
Jó,
também passou por experiência semelhante: “Quem
é este, que sem conhecimento encobre o conselho? Por isso relatei o que não
entendia; coisas que para mim eram inescrutáveis, e que eu não entendia.
Escuta-me, pois, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás. Com o
ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te vêem os meus olhos. Por isso me
abomino e me arrependo no pó e na cinza.” (Jó. 42:3-6)
Habacuque
teve a reação semelhante: “Ouvindo-o eu,
o meu ventre se comoveu, à sua voz tremeram os meus lábios; entrou a podridão
nos meus ossos, e estremeci dentro de mim; no dia da angústia descansarei,
quando subir contra o povo que invadirá com suas tropas” (Hc. 3:16)
Assim
como precisamos ser perseverantes na oração, precisamos estar preparados para a
resposta!
Quando
Deus se revela àqueles que o buscam, esta experiência revela quem Deus
realmente é, e quem realmente somos.
E
esta revelação vai mudar nossa vida, e a maneira como nos relacionamos com
Deus.
Em
nossas orações temos questionado a Deus sobre o que Ele quer de certas
situações?
Nós
temos perseverado em buscar e esperar de Deus uma resposta?
Ao
buscar a resposta, nós entendemos que Deus pode mudar nossa vida, ao nos
responder?
Quantas
vezes nós já passamos por esta experiência?
Ainda
que as adversidades se levantem contra nós, ainda que não alcancemos o
resultado que esperamos, e mesmo que as coisas pareçam tão difíceis a ponto de
nos fazer pensar em jogar tudo para o alto, ainda assim, poderemos nos alegrar,
e glorificar ao Senhor, porque no Senhor, sabemos que as tribulações são
passageiras, e que logo o Senhor nos trará a vitória.
Alegremo-nos
sempre no Senhor.
A
alegria do Senhor é a nossa força.
Amém!!!
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