terça-feira, 6 de março de 2018

NÃO AMAR O MUNDO


“Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo. Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente.” (I Jo. 2:15–17)

Aqui está uma advertência acerca do mundo e de todos os seus caminhos falsos.

A palavra mundo não é usada aqui para se referir ao planeta no qual vivemos ou à natureza ao nosso redor.
Antes descreve o sistema criado pela humanidade na tentativa de ser feliz sem Cristo.
Pode incluir a cultura, a ópera, a arte, o ensino, em resumo qualquer âmbito em que o Senhor Jesus não é amado nem bem-vindo.

Alguém definiu o mundo como: “A sociedade humana na medida em que esta é organizada com base em princípios errados e caracterizada por desejos desprezíveis, valores falsos e egoístas.”

  • O que é o mundo? 
O mundo é a organização, a mente e a perspectiva da raça humana quando ela ignora Deus e não o reconhece.
Ela vive uma vida independente de Deus, uma vida baseada apenas na realidade mundana do dia a dia.
É uma perspectiva que gira em torno da rebeldia contra Deus e o afastamento d’Ele.
É, em outras palavras, a maneira típica do viver das pessoas de hoje, que em geral nunca pensam em Deus, mas pensam somente no viver cotidiano desse mundo.
Pensam em termos do aqui e agora e são governadas por certos instintos e desejos.
É a perspectiva inteira de uma vida que deixa Deus de fora.

A palavra MUNDO é muito usada no Novo Testamento e o apóstolo João faz largo uso dela.
A palavra mundo no grego clássico é KOSMOS, e é usada em três sentidos diferentes:

Como universo material, o mundo todo, esta terra: “O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas.” (At. 17:24)

Como os habitantes do mundo: “O Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu.” (Jo. 1:10)

Como a raça inteira dos homens separados de Deus e hostis ao evangelho de Jesus: “Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim.” (Jo. 15:18)

É como coisas e assuntos mundanos, todo o círculo de bens, talentos, riquezas, vantagens e prazeres mundanos que embora vazios e transitórios, excitam nossos desejos e nos afastam de Deus, sendo, pois obstáculo à sua Obra.  

  • Deus criou o universo
          “No princípio, criou Deus os céus e a terra. A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas                    sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas.” (Gn. 1:1-2)

No princípio Deus criou o universo (Kosmos) e a terra fazia parte deste universo, nela Deus colocou o homem que era puro e inocente.
Não se vê nenhuma menção acerca do “mundo”, como o conhecemos hoje, neste universo criado por Deus.
No entanto, quando o homem pecou contra o Senhor, através de sua desobediência, o inimigo encontrou a porta aberta para introduzir no universo criado por Deus e na vida do homem, o seu sistema mundano de coisas que foi se desenvolvendo com o passar do tempo, progredindo em direção ao seu próprio interesse até chegar ao estado que se vê hoje em dia.
Assim o adversário criou um sistema de coisas cujo príncipe e soberanos é ele mesmo.

No livro de Gênesis não encontramos no Jardim do Éden qualquer menção à tecnologia ou instrumentos mecânicos.

Após a queda, porém, vemos surgir entre os descendentes de Caim alguém lidando com instrumentos cortantes de ferro e bronze.
Depois outro começa a desenvolver a música e as artes, e ainda outro envolvido com a agricultura e a pecuária.
“Ada deu à luz a Jabal; este foi o pai dos que habitam em tendas e possuem gado. O nome de seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e flauta. Zilá, por sua vez, deu à luz a Tubalcaim, artífice de todo instrumento cortante, de bronze e de ferro; a irmã de Tubalcaim foi Naamá.” (Gn. 4:20–22)

  • As bases ou fundamentos deste sistema mundano criado pelo adversário.
 Tudo que o mundo tem pode ser descrito como:

A concupiscência da carne
A concupiscência da carne refere-se aos apetites sensuais do corpo que procedem da nossa natureza perversa.

A concupiscência dos olhos
A concupiscência dos olhos aplica-se aos desejos malignos suscitados por aquilo que vemos.

A soberba da vida
A soberba da vida é o anseio pecaminoso por proeminência e glória.

Estas três formas de opressão são usadas pelo inimigo desde o princípio até os dias de hoje para prender o homem e escravizá-lo no seu sistema.

A Bíblia mostra que no Jardim do Éden o inimigo procurou envolver Adão e Eva nestas três coisas, e obteve êxito.

“Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o SENHOR Deus tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais. Então, a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal.” (Gn. 3:1-5)

Esses três elementos da mundanidade são exemplificados no pecado de Eva.
“Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu.” (Gn. 3:6)
A árvore era boa para se comer: A concupiscência da carne.
Era agradável aos olhos: A concupiscência dos olhos.
Era desejável para dar entendimento: A soberba da vida.

Mais tarde, tentou fazer o mesmo com o Senhor Jesus e foi derrotado.
“A seguir, foi Jesus levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo. E, depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome. Então, o tentador, aproximando-se, lhe disse: Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães. Jesus, porém, respondeu: Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus.” (Mt. 4:1-4)      A concupiscência da carne

“Então, o diabo o levou à Cidade Santa, colocou-o sobre o pináculo do templo e lhe disse: Se és Filho de Deus, atira-te abaixo, porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito que te guardem; e: Eles te susterão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra. Respondeu-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus.” (Mt. 4:5-7)     A concupiscência dos olhos

“Levou-o ainda o diabo a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles e lhe disse: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. Então, Jesus lhe ordenou: Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto.” (Mt. 4: 8-10)    A soberba da vida

“Com isto, o deixou o diabo, e eis que vieram anjos e o serviram.” (Mt. 4:11)
Assim como o diabo se opõe a Cristo e a carne é hostil ao Espírito, o mundo é contrário ao Pai.
A sensualidade, a cobiça e a ambição não procedem do Pai, mas sim do mundo.
A mundanidade é o amor pelas coisas passageiras nas quais o coração humano jamais encontrará satisfação.

Hoje em dia tudo no mundo gira em torno destas três coisas fundamentais.
O inimigo mantém o homem escravizado dentro de uma ou de todas estas esferas, as quais por sua vez se apresentam através de facetas múltiplas, compondo assim um sistema hostil e de tendências contrárias a Deus e à sua vontade.

O Senhor nos alerta solenemente:
“Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo.” (I Jo. 2:15-16)
Somos explicitamente advertidos a não amar o mundo nem as coisas que estão no mundo, pelo simples motivo de que o amor pelo mundo não é compatível com o amor pelo Pai.

Tudo que existe neste sistema, por mais inocente que pareça ser, pertence ao mundo e está sendo controlado pela mente do inimigo.
Se fizermos um exame minucioso, vamos descobrir que coisas tais como: música, artes (teatro, cinema, pintura, etc.), religião, educação, ciências, etc. fazem parte do sistema mundano e caminham numa direção oposta ao Senhor e favorável ao adversário.

Ora, o mundo passa, bem como sua concupiscência.
Os investidores prudentes não depositam dinheiro num banco prestes a quebrar.
Os construtores inteligentes não edificam sobre uma fundação instável.
Os sábios não vivem para o mundo que passa.
Aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente.
É a vontade de Deus que nos livra da tentação das coisas passageiras.

  • Como escapar deste mundo 
É através da salvação que nós escapamos do mundo.
Para muitos salvação significa livramento do inferno para viver no céu, ou libertar-se do pecado para viver em santidade.
Mas salvação significa algo mais além do que isto.
A salvação é algo dinâmico, que deve se renovar a cada instante.
Não se trata simplesmente de uma questão de inferno evitado ou de pecados perdoados, mas precisa ser encarado mais em termos de um sistema do qual saímos.
Quando somos salvos, fazemos nosso êxodo de um mundo inteiro cujo dominador é o próprio adversário, para outro cujo Senhor é Jesus.
“Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor,” (Cl. 1: 13)

  • O exemplo do povo de Israel no Egito, que é tipo do mundo. 
Eles foram literalmente tirados de lá pela mão de Deus, para caminharem em direção à Terra Prometida.
Já no deserto o Senhor se revelou e com eles fez aliança.
Muitos morreram no deserto porque mantiveram seus corações no Egito.
Somente aqueles que saíram de fato, conseguiram se salvar realmente.
Desta forma entendemos que salvação significa sair deste domínio, deste sistema corrupto e organizado que se opõe à Obra do Senhor.

Muitos hoje confessam que creem em Jesus, mas permanecem totalmente ou parcialmente envolvidos com o mundo, refugiando-se numa religião sem perceber que ela mesmo faz parte deste sistema, pois onde quer que o poder natural do homem domine, existe neste sistema um elemento sob a inspiração do inimigo.

O apóstolo Paulo disse:
“Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (Rm. 12:2)

Salvação é isto; é não pertencer ao padrão de coisas do adversário, é colocar o coração naquilo que é de Deus, é tomar como objetivo seu propósito eterno em Jesus, é caminhar para este propósito e ser liberto a todo instante do domínio e influência do mundo e de tudo o que nele há, pois o mundo passa, e a sua concupiscência; mas o que faz a vontade de Deus permanece para sempre.

A verdadeira igreja é aquela que foi chamada para fora do mundo, isto é, foi separada do sistema mundano para pertencer e servir ao Senhor Jesus.

Devemos sempre nos lembrar de que as coisas do mundo, essa era atual, não vão durar para sempre. João nos convida a pensarmos sobre onde está o nosso amor, mas talvez o mais crucial não é apenas nos auto-avaliarmos, mas fazermos a seguinte pergunta: o amor do Pai está em nós?

Você tem o amor do Pai?
Então declare:
“Senhor, para este mundo não volto e não desejo nada dele. Eu quero a Tua vontade, por que Te amo.”

Amem!!!

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