quarta-feira, 28 de março de 2018

APRENDENDO A PERDOAR


“Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta.” (Mt. 5:23-24)

Se uma pessoa ofende a outra, por ira ou por qualquer outra causa, de nada adianta trazer uma oferta a Deus. O Senhor não terá prazer nessa atitude. Quem ofende, precisa primeiro transformar o errado em correto. Só então a oferta será aceitável.

A reconciliação não é algo a ser praticado somente entre nós e Deus, mas também para com nossos irmãos.
Reconhecemos, que, à semelhança da cruz, também temos duas linhas do fluir da reconciliação: a vertical, o homem com Deus e a horizontal, entre os homens.
O mesmo perdão que recebemos de Deus deve ser praticado para com nossos semelhantes.

  • QUEM NÃO PERDOA NÃO É PERDOADO
O perdão, ou a falta dele, faz muita diferença na vida de alguém.

A reconciliação horizontal determina se a vertical que recebemos de Deus vai permanecer em nossa vida ou não.
A palavra de Deus é clara quanto ao fato de que se não perdoarmos a quem nos ofende, então Deus também não nos perdoará.
Foi Jesus Cristo quem afirmou isto no ensino da oração do Pai-nosso.
“Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas.” (Mt. 6:14-15)

Deus tem nos dado seu perdão gratuitamente, sem que o merecêssemos, e espera que usemos do mesmo espírito misericordioso para com quem nos ofende.
Se fluímos com o Pai Celestial no mesmo espírito perdoador, permanecemos na reconciliação alcançada pelo Senhor Jesus.
Contudo, se nos negamos a perdoar, interrompemos o fluxo da graça de Deus em nossa vida, e nossa reconciliação vertical é comprometida pela ausência da horizontal.
Cristo também nos advertiu com clareza sobre isto em uma de suas parábolas.
“Por isso o reino dos céus é semelhante a um rei, que resolveu ajustar contas com os seus servos. E passando a fazê-lo, trouxeram-lhe um que devia dez mil talentos. Não tendo ele, porém, com que pagar, ordenou o seu senhor que fosse vendido ele, a mulher, os filhos e tudo quanto possuía, e que a dívida fosse paga. Então o servo, prostrando-se reverente, rogou: Sê paciente comigo e tudo te pagarei. E o senhor daquele servo, compadecendo-se, mandou-o embora, e perdoou-lhe a dívida. Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem denários; e, agarrando-o, o sufocava, dizendo: paga-me o que me deves. Então o seu conservo, caindo-lhe aos pés, lhe implorava: Sê paciente comigo e te pagarei. Ele, entretanto, não quis; antes, indo-se, o lançou na prisão, até que saldasse a dívida. Vendo os seus companheiros o que havia se passado, entristeceram-se muito, e foram relatar ao seu senhor tudo o que acontecera. Então seu senhor, chamando-o, lhe disse: Servo malvado, perdoei-te aquela dívida toda porque me suplicaste; não devias tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo, como também eu me compadeci de ti? E, indignando-se, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que pagasse toda a dívida. Assim também o meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes cada um a seu irmão.” (Mt. 18:23-35)

O significado desta ilustração dada por Jesus Cristo é muito forte. Temos um rei e dois tipos de devedores. Se a parábola ilustra o reino de Deus, então o rei figura o próprio Deus. O primeiro devedor tinha uma dívida impagável, enquanto que a do segundo estava ao seu alcance. Não há como comparar a dívida de cada um. Dez mil talentos da dívida do primeiro servo era o equivalente a cerca de 200.000 dias de trabalho, enquanto que os cem denários que o outro servo devia era o equivalente a apenas cem dias de trabalho. Esta diferença revela a dimensão da dívida que cada um de nós tinha para com Deus, e que, por ser impagável, estávamos destinados à prisão e escravidão eterna. Contudo, sem que fizéssemos por merecer, Deus em sua bondade nos perdoou. Portanto, Ele espera que façamos o mesmo. O cristão que foi perdoado de seus pecados e recusa-se a perdoar um irmão, seu conservo no evangelho, terá seu perdão revogado.

Isto é muito sério.
As ofensas das pessoas contra a gente não são nada perto das nossas ofensas que o Pai Celestial deixou de levar em conta.
E a premissa bíblica é de que se podemos ser perdoados por Ele, então também devemos perdoar a qualquer um que nos ofenda.

  • A FALTA DE PERDÃO É UMA PRISÃO
Quem não perdoa, está preso. 

“E, indignando-se, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que pagasse toda a dívida.” (Mt.18:34)
A palavra verdugo significa “torturador”.
Além de preso, aquele homem seria torturado como forma de punição.
A prática do ministério nos revela que o que Jesus falou em figura nesta parábola é uma realidade espiritual na vida de quem não perdoa.
Os demônios amarram a vida daqueles que retém o perdão.
Suas torturas aplicadas são as mais diversas: angústia e depressão, enfermidades, debilidade física, etc.

Muita gente tem sofrido com a falta de perdão.
A falta de perdão produz dano maior em quem está ferido do que naquele que feriu.

Alguns acham que o perdão é um benefício para o ofensor.
Porém, o benefício maior não é o que foi dado ao ofensor, mas sim o que o perdão produz na vítima, naquele que está ferido.
Sem perdão não há cura. A doença interior só se complica, e a saúde espiritual, emocional e física da pessoa ressentida é seriamente afetada.

O Senhor Jesus nos adverti do mesmo perigo:

“Entra em acordo sem demora com teu adversário, enquanto estás com ele a caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz, o juiz ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão. Em verdade te digo que não sairás dali, enquanto não pagares o último centavo.”  (Mt. 5:25-26)

A falta de perdão me prende e pode prender a vida de mais alguém. Isto é um fato comprovado.
Pessoas estiveram presa por tantos anos, e ao decidir perdoar foi imediatamente livre.
Isto também pode acontecer com você, basta decidir perdoar.

  • SEGUINDO O EXEMPLO DIVINO
Como deve ser o perdão?

A pessoa tem que pedir o perdão ou merecê-lo para poder ser perdoada? Não.
Devemos perdoar como Deus nos perdoou:

“Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus em Cristo vos perdoou.” (Ef. 4:32)

O nosso perdão e reconciliação horizontal deve seguir o exemplo da que Deus em Jesus praticou para conosco.
Fizemos por merecer o perdão de Deus? Não.
Então nosso ofensor também não precisa fazer por merecer.

O perdão é um ato de misericórdia, de compaixão.
Nada tem a ver com merecimento.
O apóstolo Paulo falou aos efésios que o perdão é fruto de um coração compassivo e benigno.
O perdão flui da benignidade do nosso coração, e não por haver ou não benignidade no ofensor.

Jesus disse que se eu souber que alguém tem algo contra mim, devo procurá-lo para tentar a reconciliação.
Mesmo se tal pessoa não me procurar ou nem mesmo quiser falar comigo, tenho que ter a iniciativa, tenho que tentar.
Deus ofereceu perdão gratuito a todos, independentemente de qualquer comportamento, e Ele é nosso exemplo!

  • O DIABO É QUEM LEVA VANTAGEM
Há uma prisão espiritual ocasionada por reter o perdão.

E os demônios se aproveitam desta situação.

“A quem perdoais alguma cousa, também eu perdôo; porque de fato o que tenho perdoado, se alguma cousa tenho perdoado, por causa de vós o fiz na presença de Cristo, para que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não lhe ignoramos os desígnios.”  (II Co. 2:10-11)

O apóstolo Paulo revela que se deixamos de perdoar, quem vai se aproveitar da situação é Satanás, o adversário de nossas almas.
Disse ainda, que não ignorava as maquinações do maligno.
Em outras palavras, ele estava dizendo que justamente por saber como o diabo age na falta de perdão, é que não podia deixar de perdoar.

Precisamos entender que Deus não será engrandecido na falta de perdão.
Que o ofendido não lucra nada por não perdoar.
Que até mesmo o ofensor pode estar espiritualmente preso.
O único que lucra com isso é o diabo, pois passa a ter autoridade na vida de quem decide alimentar a ferida do ressentimento.

A Bíblia nos ensina que não devemos dar lugar ao diabo.
Que ele anda em nosso derredor rugindo como leão, buscando a quem possa tragar, e que devemos resisti-lo.
Mas quando nos recusamos a perdoar, estamos deliberadamente quebrando todos estes mandamentos.

  • COMO PERDOAR
O perdão não é um sentimento, é uma decisão e também uma atitude de fé.

O perdão não é por merecimento, logo, não tenho motivação alguma em minhas emoções a perdoar.
Não me alegro por ter sido lesado, mas libero aquele que me lesou por uma decisão racional.
O perdão não flui espontaneamente, deve ser gerado no coração por levar em consideração aquilo que Deus fez por mim e sua ordem de perdoar.
As consequências da falta de perdão também devem ser lembradas, para dar mais munição à razão do que à emoção.

É preciso fé para perdoar.
É necessário crer que Deus é justo e que Ele não nos pede mais do que aquilo que podemos dar.
Se Deus nos pediu que perdoássemos, Ele vai nos socorrer dispensando sua graça no momento em que tivermos uma atitude de perdão.

Muitas vezes o perdão precisa ser renovado.
Depois de declarar alguém perdoado, o diabo, que não quer perder seu domínio, vai tentar renovar a ferida.
É preciso tomar uma decisão de esquecer o que houve, e renovar somente o perdão.
Cada vez que a dor tentar voltar, declare novamente seu perdão.
Ore abençoando seu ofensor.
Lute contra a mágoa!

É importante ver os ofensores como vítimas.
Isto é algo especial em Jesus na cruz: “Contudo Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.”  (Lc. 23:34)

Em vez de olhar para eles como quem merece punição e castigo, Jesus enxerga que eles também eram vítimas.
Aqueles homens estavam em cegueira e ignorância espiritual, debaixo de influência maligna, sem nenhum discernimento de quem estavam de fato matando.
Eram vítimas de todo um sistema que os afastou de Deus e da revelação das Escrituras.
E ao reconhecer que eles é que eram vítimas, em vez de alimentar dó de si mesmo, como muitos de nós faríamos, Jesus teve compaixão deles.
Este é um princípio para o perdão fluir livremente.

Quando você começa a enxergar as misérias da vida espiritual de seu ofensor, e canaliza o amor de Deus por ele, como você também necessita do amor divino ao se achegar arrependido em busca de perdão, a coisa fica mais fácil.
Deus não recebe nenhuma adoração de um cristão que não esteja em condições amigáveis de conversar com o próximo.

Amém!!!


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