terça-feira, 3 de maio de 2016

VISÂO DE ISAÍAS EM MEIO AO CAOS

“No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo.Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com duas cobria os seus pés e com duas voava. E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória. As bases do limiar se moveram à voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaça. Então, disse eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos! Então, um dos serafins voou para mim, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; com a brasa tocou a minha boca e disse: Eis que ela tocou os teus lábios; a tua iniquidade foi tirada, e perdoado, o teu pecado. Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim.”(Is. 6:1-8)

Isaías vive num contexto de verdadeiro caos espiritual, que ele começa a descrever.
“Ai desta nação pecaminosa, povo carregado de iniquidade, raça de malignos, filhos corruptores; abandonaram o SENHOR, blasfemaram do Santo de Israel, voltaram para trás. Por que haveis de ainda ser feridos, visto que continuais em rebeldia? Toda a cabeça está doente, e todo o coração, enfermo. Desde a planta do pé até à cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, contusões e chagas inflamadas, umas e outras não espremidas, nem atadas, nem amolecidas com óleo. A vossa terra está assolada, as vossas cidades, consumidas pelo fogo; a vossa lavoura os estranhos devoram em vossa presença; e a terra se acha devastada como numa subversão de estranhos.” (Is. 1:4-7)
O próprio culto estava contaminado: “Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação, e também as Festas da Lua Nova, os sábados, e a convocação das congregações; não posso suportar iniquidade associada ao ajuntamento solene.” (Is. 1:13)
Era um período de profundo declínio moral e espiritual.
A idolatria tomava conta do cenário religioso, o rico oprimia o pobre, cada um deles ama o suborno, homens e mulheres negligenciavam suas famílias em busca do prazer carnal, muitos dos sacerdotes e profetas tornaram-se bêbados e interesseiros.
A última frase do capítulo 5 é um resumo do caos: “...se alguém olhar para a terra, eis que só há trevas e angústia, e a luz se escurece em densas nuvens.” (Is. 5:30b)
Esta é a visão que Isaías tem da terra.
Parece que o mal prevaleceu sobre o bem.
O mundo parece estar de pernas para o ar.
O Diabo parece estar no comando, pois as trevas estão obscurecendo a luz.
Onde está Deus?
Isaías vai ao templo em busca de resposta.

             I.        VISÃO DE DEUS EM MEIO AO CAOS
“No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo.”(Is. 6:1)

A visão que Isaías tem de Deus em meio a todo o caos nacional é a do Senhor assentado no trono.
Deus não está agitado, correndo de um lado para o outro, nem aflito, mas está tranquilo no controle de tudo e continua sendo o mesmo Deus glorioso e tremendo em seus grandes feitos!
Isto no faz lembrar da ação criativa do Espírito Santo que pairava soberanamente sobre a Terra quando ela ainda estava em trevas e sem forma e vazia para que do caos surgisse a vida, a beleza e a ordem.
“A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas.” (Gn. 1:2)
Deus não está indiferente ao que se passa na terra.
Ele tem um plano de restauração.
Deus reina soberanamente e tem um caminho na tormenta.
“O SENHOR é tardio em irar-se, mas grande em poder e jamais inocenta o culpado; o SENHOR tem o seu caminho na tormenta e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés.” (Na. 1:3)
Ele dará ordem para que haja luz.
“Disse Deus: Haja luz; e houve luz.” (Gn. 1:3)

            II.        VISÃO DA ADORAÇÃO EM MEIO AO CAOS
“E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória.”(Is. 6:2)

As circunstâncias são ruins, mas Deus é adorado, pois permanece digno de louvor.
Os anjos dizem constantemente: Santo, Santo,Santo!
Pois Deus não é o culpado pelo mal que há na terra.
“Mas o SENHOR dos Exércitos é exaltado em juízo; e Deus, o Santo, é santificado em justiça.” (Is. 5:16)
Este é produto da desobediência humana.
“Pelo que, como a língua de fogo consome o restolho, e a erva seca se desfaz pela chama, assim será a sua raiz como podridão, e a sua flor se esvaecerá como pó; porquanto rejeitaram a lei do SENHOR dos Exércitos e desprezaram a palavra do Santo de Israel.” (Is. 5:24)
Os homens estão colhendo o que eles mesmos plantaram como sinal do juízo de Deus sobre o pecado.
Eles tiveram escolha, mas optaram por afastarem-se de Deus, trazendo sobre sio justo juízo, fazendo o mal a si mesmos.
“O aspecto do seu rosto testifica contra eles; e, como Sodoma, publicam o seu pecado e não o encobrem. Ai da sua alma! Porque fazem mal a si mesmos. Dizei aos justos que bem lhes irá; porque comerão do fruto das suas ações. Ai do perverso! Mal lhe irá; porque a sua paga será o que as suas próprias mãos fizeram.” (Is. 3:9-11)
“A arrogância do homem será abatida, e a sua altivez será humilhada; só o SENHOR será exaltado naquele dia.” (Is. 2:17)
É possível discernir a poderosa mão de Deus em meio ao caos, de modo que os anjos estão cantando: “...toda a terra está cheia da sua glória.” (Is. 6:3b)
Em meio ao caos, Deus é adorado!
Não é certo deixar de adorar a Deus alegando indisposição e nem adorá-lo apenas quanto tudo nos vai bem, pois devemos adorar a Deus em todo o tempo, assim como Habacuque que exclamou: “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia, eu me alegro no SENHOR, exulto no Deus da minha salvação.” (Hc. 3:17-18)
Habacuque podia agir assim, pois bem sabia que “o justo vive pela fé” e não se deixa levar pelas circunstâncias.
“Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele; mas o justo viverá pela sua fé.” (Hc. 2:4)
“Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem.” (Hb. 11:1)
Por tanto, não devemos ser cristãos de temporada, que são guiados por vista, por circunstâncias, movidos pelos “embalos de Domingo a noite”.
Nossa fé em Deus não pode estar baseada em nossos sentimentos e nem nas circunstâncias ao nosso redor, por serem relativos e inconstantes.
Deus segue sendo Deus a despeito das tribulações da vida, quer chova ou faça sol, seja em tempos de paz ou de guerra, de fartura ou de carestia, quer estejamos sadios ou doentes, pois Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e para sempre.
“Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre.” (Hb. 13:8)
Precisamos ser como Paulo que disse: “Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece.” (Fp. 4:11-12)
Paulo estava sempre alegre, não se importando com as circunstâncias.
“...não vos entristeçais, porque a alegria do SENHOR é a vossa força.” (Ne. 8:10b)
Não é a alegria das circunstâncias, não é a alegria e nem a paz deste mundo.
É algo que vem do Senhor e que excede a todo entendimento humano.
É alegria que transcende a razão secular.
A despeito da situação, dos problemas, das vicissitudes da vida, Deus segue sendo Deus e a Cruz continua sendo um evento histórico e redentor que alterou o curso da história humana.
Nada pode alterar o fato de que Jesus ressuscitou, e a alegria daquele dia ninguém pode nos tirar.
“Assim também agora vós tendes tristeza; mas outra vez vos verei; o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém poderá tirar.” (Jo. 16:22)
A estrela brilhou de modo especial naquela noite do nascimento de Jesus, os anjos apareceram aos pastores, a profecia se cumpriu, Jesus nasceu! O Verbo se fez carne!
Os problemas e as mazelas desta vida não podem nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus: “Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?” (Rm. 8:35)
As circunstâncias não podem alterar a realidade de que Jesus é o Senhor e Salvador e nem de que Deus é Santo, Santo e Santo!
Glória a Deus nas maiores alturas!

           III.        VISÃO DE SI MESMO EM MEIO AO CAOS
“Então, disse eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos!” (Is. 6:5)

Diante de Deus, Isaías vê o seu próprio pecado e diz: “ai de mim!”
Isaías não atenta primeiramente para o pecado do vizinho, ele não desculpa o seu pecado e nem busca um “bode expiatório”, queixando-se de sua herança genética tentando, assim, minimizar sua responsabilidade e nem apela para as circunstâncias desfavoráveis ao seu redor ou para artimanha dos demônios e nem muito menos coloca a culpa em Deus, pelo contrário, ele se queixados seus próprios pecados, assumindo a sua responsabilidade e reconhecendo sua culpa.
A cura começa com a confissão do próprio pecado, ou seja, com o reconhecimento de que o caos não é apenas algo externo, mas também interno.
Isaías sabe que não pode subsistir diante de Deus na base dos seus próprios méritos, então, ele clama por misericórdia.
Ele entende que até pode levar vantagem se quiser se compararcom determinados pecadores, mas vê-se totalmente perdido diante da pureza divina.
A santidade e a luz da glória de Deus revelam a perversidade do seu coração.
Façamos como Jeremias e Isaías: “Por que, pois, se queixa o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus próprios pecados. Esquadrinhemos os nossos caminhos, provemo-los e voltemos para o SENHOR.” (Lm. 3:39-40)

          IV.        VISÃO DA BÊNÇÃO EM MEIO AO CAOS
“Então, um dos serafins voou para mim, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; com a brasa tocou a minha boca e disse: Eis que ela tocou os teus lábios; a tua iniquidade foi tirada, e perdoado, o teu pecado.” (Is. 6:6-7)

Deus se compadece e envia serafins para purificarem os lábios de Isaías.
Ação misericordiosa e graciosa de Deus que aponta para a obra redentora de Jesus Cristo.
Deus não abandona o homem a própria sorte, mas intervém na história promovendo salvação.
“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo. 3:16)
Ainda que Isaías tenha vivido cerca de 700 anos antes de Jesus, ele descreve Cristo de modo tão detalhado.
“Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.” (Is. 9:6)

A bênção que temos em Cristo é extraordinária, pois já fomos abençoados com toda sorte de bênçãos e graças espirituais em Cristo Jesus.
“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo.” (Ef. 1:3)
Fomos purificados de modo ainda mais especial do que Isaías: “Não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo,  que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador.” (Tt. 3:5-6)
Jesus disse: “Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado.” (Jo. 15:3)
João disse: “...o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado.” (I Jo. 1:7b)

            V.        VISÃO DA SUA MISSÃO EM MEIO CAOS
“Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim.”(Is. 6:8)

O Encontro com Deus traz bênção e missão, purificação e serviço.
Após sua purificação, Isaías é convocado por Deus e enviado com uma missão ao mundo.
O mesmo vemos no episódio do chamado de Abraão.
Primeiramente, Deus diz a Abraão: "...de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome."
E, logo depois, diz: "Sê tu uma bênção!"
As bênçãos são como os talentos descritos na famosa Parábola dos talentos.
Não podem e nem devem ser “enterradas” e nem existem para serem guardadas e conservadas intactas, antes, precisam render e produzir frutos, se não, corre o risco de ser considerada nula.
Pois aquele que é abençoado por Jesus, deve ele próprio ser uma bênção.
Aquele que bebe da água da vida, não tornará apenas a não ter mais sede de novo, mas também se tornará uma fonte a saltar para a vida eterna. 
Devemos ser como a luz que não existe para ser guardada, mas, sim, para ser espalhada em benefício de todos ao redor.
Fomos chamados a fazer diferença no Mundo.
Muitas pessoas costumam buscar apenas as bênçãos, mas não estão interessadas em servir a Deus neste mundo.
Se apenas um dos dez leprosos curados voltou para agradecer a Jesus, quão poucos não serão os que retornam para servir!
Precisamos ter cuidado com a mentalidade utilitarista e egoísta que visa apenas ao interesse pessoal, que usa e depois joga fora como se algo descartável fosse.
Infelizmente, tal atitude tem tomado conta da nossa sociedade, a ponto de adentrar nas igrejas.
A igreja não é supermercado, onde os cristãos seriam os fregueses.
Hoje,muitos trocam de igreja com a mesma facilidade com que trocamde supermercado.
Estão sempre em busca de melhores ofertas, de liquidações.
Se sentem como fregueses, como clientes e não como servos.
Não estão dispostos a servir para suprir as necessidades da igreja local, não se sentem responsáveis.
São melindrosos, imaturos, bebês que precisam ainda de mamadeira.
E a igreja também não é um navio, onde os cristãos seriam os turistas.
Mas se a igreja fosse um navio os cristãos seriam a tripulação e não meros passageiros.
Longe de nós tal mentalidade sanguessuga e parasita, que nada tem a ver com seguir os passos de Cristo, que veio para servir e não para ser servido.

A visão de que Deus está assentado num alto e sublime trono, reinando sobre tudo, tendo o mundo todo em suas mãos nos anima, revigora, enche o coração de alegria e confiança diante das tribulações e desafios da vida.
Adoremos a Deus por quem Ele é, e por tudo que Jesus fez.
Não sejamos inconstantes.
Nosso relacionamento com Deus, nossa salvação, nossa paz e alegria, e nossa adoração não dependem dos nossos sentimentos e das circunstâncias muitas vezes caóticas que nos rodeiam, mas devem estar edificados no firme fundamento da fé em Jesus e nos seus atos redentores e históricos e imutáveis registrados nas Escrituras.
O encontro com Deus produz o humilde reconhecimento do nosso pecado e culpa, conduzindo-nos ao arrependimento.
Não há lugar para desculpas ou para transferência de culpa, quando estamos diante d’Aquele que é Santo e que sabe todas as coisas.
Cônscios dos nossos próprios pecados, não nos sentimos à vontade para apontar o cisco que por ventura esteja no olho do nosso semelhante e nem para sermos murmuradores e nos queixarmos dos outros e das circunstâncias, a não ser dos nossos próprios pecados.
Cônscios também da gravidade dos nossos pecados, não ousamos confiar em nossos próprios méritos, mas assumimos a nossa inteira dependência da graça perdoadora de Deus, o que nos leva a sermos também misericordiosos com os que pecam contra nós.
“E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores.” (Mt. 6:12)
Por fim, Deus nos concede bênçãos para que possamos ser bênçãos.
Os talentos que Deus nos concede não devem ficar estagnados, precisam ser aplicados para poderem render.
As bênçãos que um ramo recebe da raiz da árvore visam conceder-lhe as condições necessárias para frutificação.
Mas, se não produziros devidos frutos, corre o risco de ser cortado e lançado fora.

O justo viverá pela fé e não por circunstâncias.
O cristão é cheio de esperança, confiança, alegria, tudo regado com muita humildade, amor e espírito misericordioso.
Ele não é utilitarista, não busca apenas o que é seu, mas busca o bem comum, a unidade da Igreja e a glória de Deus, não busca apenas receber, mas aprendeu aservir, pois recebeu de Jesus o exemplo, a bacia e a toalha.
“Depois, deitou água na bacia e passou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido.” (Jo. 13:5)

Amém!!!


Um comentário:

Unknown disse...

Palavra reveladora.
Para nossos dias atuais