"Cedo de manhã,
ao voltar para a cidade, teve fome; e, vendo uma figueira à beira do caminho,
aproximou-se dela; e, não tendo achado senão folhas, disse-lhe: Nunca mais
nasça fruto de ti! E a figueira secou imediatamente. Vendo isto os discípulos,
admiraram-se e exclamaram: Como secou depressa a figueira!" (Mt. 21:18-20)
Ao
sair, pela manhã, no sentido Betânia a Jerusalém, o Senhor Jesus sentiu fome.
Avistou a certa distância uma figueira.
A
presença das folhas sinalizava a existência de frutos porque estes precedem o
aparecimento das folhas.
Eram
dias muito agitados e cheios de contrastes. A mesma Jerusalém que acabara de
bradar “Hosana!”, logo mais gritaria “crucifica-o!”.
Jesus
dividia-se entre a cura de cegos e coxos e a expulsão enérgica dos mercadores
no templo.
Nesse
contexto, logo cedo, Jesus teve fome.
Aproximou-se
da frondosa figueira, porém, nenhum fruto encontrou. Sem titubear, simplesmente
declarou: "Nunca mais nasça fruto de
ti!" (Mt. 21:19)
Imediatamente
a figueira secou.
Seus
discípulos presenciaram isso e ficaram maravilhados.
O
Senhor Jesus fez uso desse episódio para falar da fé viva a existir na vida dos
seguidores e mostrar a realidade espiritual e infrutífera de Israel no passado
e no presente em relação ao Messias.
Perceberam
o Jesus que se aproxima, condena o que não presta, mas aponta o caminho.
I.
Jesus se aproxima da
figueira em busca do fruto.
O
fruto serve para alimento de quem se aproxima e também para reprodução de sua
espécie.
A
farta folhagem da figueira indicava que tinha fruto. Puro engano. Aquela
figueira só tinha aparência.
Muitas
folhas, nenhum fruto.
A
figueira representa o povo de Deus que deveria dar frutos para alimentar todo
aquele que se aproxima dele e reproduzir sua própria espécie.
Representa
aqueles que têm palavras exuberantes, mas nenhuma consistência, aparência
vistosa sem verdade, teorias sem lastro, conceitos sem prática.
Falam
de amor, mas não amam. Falam de justiça, mas são iníquos.
A
figueira tinha aparência, mas não cumpria sua função de alimentar os
caminhantes famintos, logo, sua existência como árvore frutífera tornou-se
dispensável.
A
sombra que produzia poderia muito bem ser vista e usufruída das árvores não
frutíferas que havia no caminho.
Jesus
se aproxima de nós com fome, mas não encontra fruto.
Todos
passamos pela aferição do Senhor.
Ele
olha com atenção e profundidade nosso coração, nossas ações, palavras, olhares,
em todo tempo, em todos os lugares, na busca de fruto.
II.
Jesus se aproxima e
condena a figueira por sua esterilidade.
A
reação de Jesus diante da inexistência de frutos não foi um destempero
emocional, um gesto teatral ou uma vingança contra a figueira.
O
bom senso e o autodomínio são inerentes ao caráter de Jesus.
O
Filho de Deus jamais operou algum sinal sem que houvesse um propósito definido,
uma lição a ser ensinada ou aprendida.
As
decisões divinas levam em conta a integridade do Seu caráter, poder e
soberania.
Jesus
foi direto, incisivo, enérgico.
Os
discípulos maravilharam-se também no sentido de ficarem assombrados.
Perceberam
que o mesmo Jesus que salva, condena; aproxima-se com ternura, mas decide com
firmeza; age com amor, mas também com justiça.
A
figueira era inútil por ser estéril. Aliás, pior que não dar fruto, é fingir
que se tem frutos.
Jesus
não tolera a hipocrisia. Reprova o que é falso. Ele procede assim pois é
coerente.
Sua
aferição é precisa e sua decisão é cortante, como ensinou: "todo ramo que,
estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para
que produza mais fruto ainda" (Jo. 15:2)
III.
Diante do espanto de
seus discípulos, Jesus usa a figueira para ensinar sobre a fé.
A
figueira foi utilizada pelo Mestre dos mestres como elemento ilustrativo para
falar do vínculo entre fé viva e frutificação.
À
primeira vista, parece não haver qualquer conexão, não é verdade?
A
intervenção radical de Jesus na figueira foi pedagógica.
O
Mestre se propôs a ensinar e levar os discípulos a aprenderem algumas lições
preciosas do mundo espiritual.
Mas,
a resposta de Jesus ao assombro dos discípulos foi: "Em verdade vos digo que, se tiverdes fé e não duvidardes, não
somente fareis o que foi feito à figueira, mas até mesmo, se a este monte
disserdes: Ergue-te e lança-te no mar, tal sucederá; e tudo quanto pedirdes em
oração, crendo, recebereis." (Mt. 21:21-22)
Em
outras palavras, Jesus estava dizendo que a fé é a fonte para matar tudo aquilo
que é falso em nós, exterminar tudo o que é estéril e infrutífero em nosso
caminho.
A
fé em Deus nos faz remover todas as montanhas e barreiras que se interpõem em
nosso caminho.
A
nossa fé em Deus, que nasce na presença de Deus, cresce na palavra de Deus, é a
vitória que vence o mundo e nos faz frutíferos, abençoados e abençoadores.
"Porque todo o
que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a
nossa fé."
(I Jo. 5:4)
Jesus
continua agindo energicamente para nos salvar de nós mesmos, daquilo que é
infrutífero em nosso coração, daquilo que é inútil e imprestável em nosso
caminho.
A
figueira seca fala sobre a religiosidade vazia encontrada nas inúteis
liturgias, eventos e rituais que de nenhuma valia são para Deus e Seus
adoradores.
A
figueira seca é a imagem de quem vive apenas para si e ostenta vaidosamente o
seu egoísmo, e nesse propósito deseja abrigar sob sua folhagem ou influência os
que concordam com sua vida de aparências.
Estes
acabam por reproduzir a hipocrisia que apóiam e assim contaminam o ambiente
onde estão.
O
culto à personalidade gera a falsa paz e a falsa moralidade.
Todo
acordo que desconsidera nossa aliança com Deus é um laço.
Somente
as palavras que estão unidas à Palavra de Deus são autoridade no mundo físico e
espiritual.
É
dessa forma que distinguimos o verdadeiro do falso profeta.
As
doutrinas humanas colocam na Palavra de Deus o que Ele não diz e por isso geram
decepção e apostasia.
O
entendimento das Escrituras em seu verdadeiro sentido revelado pelo Espírito
Santo tornam viva e produtiva a fé.
Hoje
é o tempo de fazermos morrer em nós tudo o que é somente aparência e, pela fé,
removermos todas as montanhas que nos impedem de vivermos a vida abundante e
frutífera conquistada por Cristo.
Amém!!!
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