quinta-feira, 25 de agosto de 2016

O AFASTADO DA VERDADE

“Meus irmãos, se algum entre vós se desviar da verdade, e alguém o converter, sabei que aquele que converte o pecador do seu caminho errado salvará da morte a alma dele e cobrirá multidão de pecados.” (Tg. 5:19-20)

A fé prática estimula, procura e celebra a restauração de quem se desviou da verdade do Senhor.
Talvez a reação mais natural diante de um irmão que peca seja abandoná-lo, achando que cada pessoa deve tomar conta de si mesma. 
Mas as Escrituras ensinam que os cristãos são uma família, um corpo, e cada membro deve preocupar-se intensamente com o crescimento espiritual dos outros membros.
A Palavra ensina que deve haver distinção entre os irmãos que pecam.
Nem todos os pecados refletem o mesmo tipo de coração e, portanto, assim como cada doença física requer um tratamento diferente, o mesmo acontece com as enfermidades espirituais.

“E compadecei-vos de alguns que estão na dúvida; salvai-os, arrebatando-os do fogo; quanto a outros, sede também compassivos em temor, detestando até a roupa contaminada pela carne.” (Jd. 22-23) 
“Exortamo-vos, também, irmãos, a que admoesteis os insubmissos, consoleis os desanimados, ampareis os fracos e sejais longânimos para com todos.” (I Ts. 5:14) 
Esses textos agrupam em várias categorias os que estão em pecado, mostrando o tipo de ajuda necessária para cada caso.

  •             Os que Tropeçam.
“Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado.” (Gl. 6:1)

Em alguns casos, o pecado pega o homem num momento de fraqueza e o enlaça.
Nessa situação, outros irmãos devem conversar com aquele que tropeçou e ajudá-lo a se erguer novamente.
Isso deve ser feito com um espírito de mansidão e delicadeza. 
Não ajuda muito repreender com severidade. 
É preciso que pensemos como gostaríamos de ser tratados numa situação dessa, porque todos tropeçamos e caímos no pecado uma vez ou outra, e necessitaremos que os nossos irmãos com mansidão nos façam voltar à fidelidade no serviço do Senhor. 

Paulo incentivou Timóteo a fazer apelos as pessoas e não repreendê-las de uma maneira áspera.
“Não repreendas ao homem idoso; antes, exorta-o como a pai; aos moços, como a irmãos; às mulheres idosas, como a mães; às moças, como a irmãs, com toda a pureza.” (I Tm. 5:1-2)
Áqüila e Priscila mostraram sabedoria ao conversarem com Apolo em particular para ajudá-lo a aprender o caminho de Deus com mais precisão.
“Nesse meio tempo, chegou a Éfeso um judeu, natural de Alexandria, chamado Apolo, homem eloqüente e poderoso nas Escrituras. Era ele instruído no caminho do Senhor; e, sendo fervoroso de espírito, falava e ensinava com precisão a respeito de Jesus, conhecendo apenas o batismo de João. Ele, pois, começou a falar ousadamente na sinagoga. Ouvindo-o, porém, Priscila e Áqüila, tomaram-no consigo e, com mais exatidão, lhe expuseram o caminho de Deus.” (At. 18:24-26)
O objetivo é recuperar o pecador e não apenas cumprir o nosso dever de admoestá-lo.

  • Os que Pecam.
“Acautelai-vos. Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se, por sete vezes no dia, pecar contra ti e, sete vezes, vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe.” (Lc. 17:3-4) 

Há vezes que o pecado é flagrante o suficiente e tem que ser enfrentado diretamente. 
Nesses casos, naturalmente, devemos estar preparados e ávidos para aceitar o arrependimento do pecador e perdoar-lhe.
Antes, porém, será necessário admoestar os insubmissos, advertindo-os sem rodeios e estimulando-os a mudar.
“Exortamo-vos, também, irmãos, a que admoesteis os insubmissos, consoleis os desanimados, ampareis os fracos e sejais longânimos para com todos.” (I Ts. 5:14)

Quando o pecado visível de Pedro feriu os irmãos gentios e levou muitos dos cristãos judeus ao mesmo erro, Paulo o repreendeu face a face em público.
“Quando, porém, Cefas veio a Antioquia, resisti-lhe face a face, porque se tornara repreensível. Com efeito, antes de chegarem alguns da parte de Tiago, comia com os gentios; quando, porém, chegaram, afastou-se e, por fim, veio a apartar-se, temendo os da circuncisão. E também os demais judeus dissimularam com ele, a ponto de o próprio Barnabé ter-se deixado levar pela dissimulação deles. Quando, porém, vi que não procediam corretamente segundo a verdade do evangelho, disse a Cefas, na presença de todos: se, sendo tu judeu, vives como gentio e não como judeu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus?” (Gl. 2:11-14)

Não se tratava de um irmão fraco em tropeço, mas um pecado de conseqüências públicas, por parte de Pedro, que precisava ser tratado.
Qualquer um de nós pode precisar de uma repreensão direta às vezes. 
O livro de Provérbios nos incentiva a aceitar as admoestações e usá-las como uma oportunidade para fazer as devidas correções, apesar de a repreensão ser dolorosa. 
No caso de Pedro, ele falou mais tarde a respeito do nosso amado irmão Paulo, mostrando que ele não tinha nenhum rancor pelo fato de Paulo o haver repreendido abertamente.
“Por essa razão, pois, amados, esperando estas coisas, empenhai-vos por serdes achados por ele em paz, sem mácula e irrepreensíveis, e tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor, como igualmente o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada.” (II Pe. 3:15)

  • Os que se Recusam a se Arrepender.
“Nós vos ordenamos, irmãos, em nome do Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo irmão que ande desordenadamente e não segundo a tradição que de nós recebestes...................... Caso alguém não preste obediência à nossa palavra dada por esta epístola, notai-o; nem vos associeis com ele, para que fique envergonhado. Todavia, não o considereis por inimigo, mas adverti-o como irmão.” (II Ts. 3:6,14-15)

Às vezes, um irmão que está em pecado não presta atenção ao estímulo e à admoestação de outros cristãos. 
Tanto pessoalmente quanto por carta, Paulo havia ensinado e admoestado aos tessalonicenses acerca da necessidade de trabalhar. 
Ele tinha pedido que outros irmãos admoestassem os indisciplinados. (I Ts. 5:14) 
E mais uma vez ele adverte severamente os que se recusavam a trabalhar. 
Depois ele afirma claramente que, quando alguém se recusa a obedecer à Palavra de Deus depois de reiteradas admoestações, essa pessoa deve ser publicamente notada como infiel e os irmãos devem se afastar do contato social com ela.
Quem se recusa a corrigir um pecado contra outra pessoa deve ser tratado da mesma forma.

Ao colocarmos em prática essa diretriz precisamos tomar certos cuidados.

Em primeiro lugar
Não se deve tomar essa atitude a primeira vez que alguém peca.
Os casos descritos nos textos acima estavam em estágio avançado; já se haviam dado exortações. 

Em segundo lugar
A igreja deve estar ansiosa por receber o irmão que errou quando ele se arrepende. 
Ele não deve ser considerado um inimigo, mesmo após ser disciplinado pela congregação.
“Todavia, não o considereis por inimigo, mas adverti-o como irmão.” (II Ts. 3:15)
E, se ele retornar à fidelidade ao Senhor, deve ser recebido com muito amor e ternura.
“Ora, se alguém causou tristeza, não o fez apenas a mim, mas, para que eu não seja demasiadamente áspero, digo que em parte a todos vós; basta-lhe a punição pela maioria. De modo que deveis, pelo contrário, perdoar-lhe e confortá-lo, para que não seja o mesmo consumido por excessiva tristeza. Pelo que vos rogo que confirmeis para com ele o vosso amor. E foi por isso também que vos escrevi, para ter prova de que, em tudo, sois obedientes. A quem perdoais alguma coisa, também eu perdôo; porque, de fato, o que tenho perdoado (se alguma coisa tenho perdoado), por causa de vós o fiz na presença de Cristo; para que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não lhe ignoramos os desígnios.” (II Co. 2:5-11)

Há três razões para essa atitude.

Primeira: O amor pelo irmão que pecou.
A esperança é que a pessoa, percebendo a gravidade de seu pecado, retorne ao Senhor e seja salva.
Assim como o homem imoral, muitos se arrependem hoje após que a igreja a que pertencem os nota publicamente como infiéis.

Segunda: O amor pela igreja. 
Paulo falou da influência contagiosa do pecado que é tolerada na igreja.
“Não é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de fermento leveda a massa toda? Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa, como sois, de fato, sem fermento. Pois também Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado. Por isso, celebremos a festa não com o velho fermento, nem com o fermento da maldade e da malícia, e sim com os asmos da sinceridade e da verdade.” (I Co. 5:6-8) 
Se as pessoas que não estão servindo ao Senhor fielmente permanecem na comunhão da igreja, sua infidelidade será contagiosa e se espalhará aos outros membros da congregação. 

Terceira: O amor pelo Senhor.
Essa ação deve ser tomada em nome do Senhor Jesus Cristo. (2 Tessalonicenses 3:6; 1 Coríntios 5:4). 
Paulo disse que essa ordem põe a igreja à prova para descobrir se ela é fiel ao Senhor em todas as coisas.
“E foi por isso também que vos escrevi, para ter prova de que, em tudo, sois obedientes.” (II Co. 2:9)
Muitas igrejas são reprovadas nesse teste.
Talvez por causa de um desejo de não se tornarem impopulares ou por uma falta de coragem de enfrentar os membros que vivem persistentemente no pecado, muitas igrejas toleram os membros infiéis e não obedecem a esses princípios bíblicos. 
O nosso amor por Deus deve ser maior que o nosso desejo de recebermos a aprovação do homem.

Os que Ensinam Falsas Doutrinas
“Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provocam divisões e escândalos, em desacordo com a doutrina que aprendestes; afastai-vos deles, porque esses tais não servem a Cristo, nosso Senhor, e sim a seu próprio ventre; e, com suaves palavras e lisonjas, enganam o coração dos incautos.” (Rm. 16:17-18)

Os falsos mestres são perigosos e subversivos.
Por essa razão, devem ser tratados com muito mais firmeza e urgência do que os irmãos que são infiéis ao Senhor de outras formas. 

Tito foi informado de que os falsos mestres precisam ser silenciados e reprovados severamente.
“Porque existem muitos insubordinados, palradores frívolos e enganadores, especialmente os da circuncisão. É preciso fazê-los calar, porque andam pervertendo casas inteiras, ensinando o que não devem, por torpe ganância. Foi mesmo, dentre eles, um seu profeta, que disse: Cretenses, sempre mentirosos, feras terríveis, ventres preguiçosos. Tal testemunho é exato. Portanto, repreende-os severamente, para que sejam sadios na fé e não se ocupem com fábulas judaicas, nem com mandamentos de homens desviados da verdade. Todas as coisas são puras para os puros; todavia, para os impuros e descrentes, nada é puro. Porque tanto a mente como a consciência deles estão corrompidas. No tocante a Deus, professam conhecê-lo; entretanto, o negam por suas obras; é por isso que são abomináveis, desobedientes e reprovados para toda boa obra.” (Tt. 1:10-16)

Ele foi incentivado a rejeitá-los após somente duas advertências, por causa do perigo que eles representam para os outros cristãos.
“Evita discussões insensatas, genealogias, contendas e debates sobre a lei; porque não têm utilidade e são fúteis. Evita o homem faccioso, depois de admoestá-lo primeira e segunda vez, pois sabes que tal pessoa está pervertida, e vive pecando, e por si mesma está condenada.” (Tt. 3:9-11)
Essas talvez sejam declarações fortes nesta época de tolerância.
Muitos passaram a crer que não há verdade absoluta e que todos devem crer no que quer que lhes faça sentir bem. 
A Bíblia ensina que há somente uma verdade, e que devemos encontrá-la, crer nela e segui-la para sermos salvos.
Quem ensina doutrinas diferentes do que se acha nas Escrituras põe em risco a alma preciosíssima do seu semelhante.

Devemos ter coragem e fé no Senhor para confiarmos em suas instruções.

As boas ações do crente sempre ressoam bem alto, como demonstração de princípios indestrutíveis de fidelidade cristã.
O triunfo de sua fé consiste no exercício permanente de boas obras, como prova de amor, compaixão e assistência aos fracos na fé.
A seu lado, irmão, há sempre alguém se afogando e sendo levado pelas impetuosas ondas do pecado.
Vez por outra, esse doente, fraco na fé, lança-lhe um olhar de clemência, que precisa ser entendido como um pedido de socorro urgente, de alguém totalmente machucado e ferido, que precisa ser restaurado.
Restauração espiritual, cuja ferramenta e perícia estão sob seu domínio exclusivo.
Deus está disposto a lhe ajudar nesta tarefa gloriosa.
Demonstre sua fidelidade a Deus e a seu semelhante.


Amém!!!

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