“No dia seguinte,
quando saíram de Betânia, teve fome. E, vendo de longe uma figueira com folhas,
foi ver se nela, porventura, acharia alguma coisa. Aproximando-se dela, nada
achou, senão folhas; porque não era tempo de figos. Então, lhe disse Jesus:
Nunca jamais coma alguém fruto de ti! E seus discípulos ouviram isto.” (Mc. 11:12-14)
Nos
Evangelhos há somente dois registros de que Jesus teve fome: o primeiro foi
depois dos 40 dias de jejum e oração no deserto; o segundo, quando voltava de
Betânia para Jerusalém.
Na
primeira vez, Jesus foi servido pelos anjos.
“Com isto, o deixou o
diabo, e eis que vieram anjos e o serviram.” (Mt. 4:11)
Podemos
imaginar que banquete foi aquele.
Mas
aqui em Betânia, Jesus queria um lanche rápido, um break-fast, só para forrar o
estômago.
Aquela
figueira está à beira do caminho.
O
Mestre do Universo, o Criador de todos os seres vivos, o divino Agricultor com
fome, e no caminho d’Ele, uma figueira, cheia de folhas verdinhas, promissora,
bem à mão, como que dizendo, chegue mais perto, faça o seu pedido, pegue o que precisa
e mate a sua fome.
De
repente, o inesperado acontece.
Jesus
chega à figueira, olha de um lado, olha de outro, bate num galho aqui, noutro
acolá e nada, não acha nada, nenhum fruto.
Jesus
reage com justa indignação e ali mesmo pronuncia o seu julgamento: Que nunca
mais ninguém coma das suas frutas!
Na
mesma hora a figueira secou.
Mas
há um detalhe.
O
evangelista Marcos disse que não era tempo de figos.
Então
por que Jesus foi tão radical com aquela pobre figueira?
Por
que procurar figos fora de época?
O
problema dessa figueira não era o de não ter figos, mas dar a aparência de
tê-los.
Ela
atraía pessoas com uma imagem bonita, folhas verdes, parecendo saudável, mas o
que parecia ser uma promessa acabou numa frustração.
Todas
as suas energias eram usadas para alimentar a sua beleza exterior, mas era uma
figueira estéril.
A
figueira enganou Jesus? A Ele não. Jesus sabe todas as coisas.
Mas
havia um princípio que Jesus queria ensinar aos seus apóstolos.
O
princípio é esse: você não precisa ser o que não é, não precisa dar o que não
tem, mas não pode mostrar a outros o que você não é, não pode prometer o que
não pode cumprir.
Na
carta de Judas, há várias figuras que ilustram esse comportamento.
Ali,
o Apóstolo fala de rochas submersas, nuvens sem água, árvores em plena estação
frutífera, sem nenhum fruto, etc.
Jesus
disse: “Nunca jamais coma alguém fruto de
ti!” (Mc.11:14ª)
O
que aconteceu àquela figueira é um alerta a cada um de nós.
Deus
espera de nós frutos dignos de arrependimento, dignos do investimento que ele
fez em nossas vidas.
Se
aquela figueira pudesse falar, provavelmente diria:
Olhem!
Eu era apenas uma figueira, mas você é uma criatura à imagem e semelhança de DEUS.
O
que você está fazendo por aquele que deu a vida por você?
Há
muita gente fazendo como a figueira de Betânia.
Vamos
chamá-los de crentes-figueira.
Eles
estão cheios de folhas verdes.
Estão
à beira do caminho.
Você
pode vê-los facilmente.
Eles
vêm ao culto, cantam, gesticulam, batem palma, mas se você chegar perto,
balançar seus galhos, não achará nada. Não há fruto algum em suas vidas.
Quantas
chuvas de bênçãos os cobriram, quanto orvalho de graça caiu sobre eles, mas
tudo foi usado em proveito próprio, nenhum fruto produzido, nenhum serviço
oferecido.
Como
galhos da Videira Verdadeira, eles sorvem toda a seiva, toda a vida, todos os
nutrientes que a Raiz envia aos ramos, mas chega ali e para.
Nunca
o alimento é transformado em fruto. Ninguém lucra com isso.
Certa
vez Jesus afirmou:
“Não fostes vós que
me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos
designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que
tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda.” (Jo. 15:16)
Aqui
vemos: Quem escolhe, quem é escolhido, a responsabilidade de quem é escolhido e
o alcance da responsabilidade.
Jesus
ensina sobre como eu posso servir ao meu SENHOR, caso ele tenha fome e precise
de mim.
Ora,
é claro que Jesus não sente fome de nada. É somente uma analogia.
Mas
caso Ele precise de mim, o que posso oferecer a Ele?
Como
posso oferecer a Deus uma vida frutífera?
Como
posso ser uma pessoa frutífera?
I.
Firme suas raízes
junto às águas.
Se
você quer ser uma pessoa frutífera para Deus, você precisa fazer suas raízes
chegarem ao ribeiro de águas.
O
rei Davi escreveu:
“Ele é como árvore
plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e
cuja folhagem não murcha; e tudo quanto ele faz será bem sucedido.” (Sl. 1:3)
A
equação é: Folha verde + fruto maduro = sucesso.
Esta
é a imagem da raiz à procura de nutrientes. Deus inventou isso.
A
raiz é atraída pela água, assim como a alma humana é atraída pela Presença de Deus.
Deus
intencionalmente nos criou dependentes d’Ele.
E
se você quer ser útil a Deus, firme suas raízes, busque alimento, seja
saudável, e você será uma pessoa frutífera.
Mas
a raiz é uma analogia, uma figura de linguagem.
Como
trazer isso para a nossa vida diária?
Que
raízes são essas?
II.
Firme a raiz da sua
Devoção.
Uma
pessoa é conhecida por sua paixão.
Devoção,
adoração é a paixão no lugar certo, em Deus.
Idolatria
é paixão no lugar errado.
Há
crentes sem paixão espiritual.
Eles
amam seu trabalho, levam à sério o seu divertimento, mas brincam com a sua
devoção.
Devoção
é a raiz que nos alimenta de Deus mesmo. Mas devoção requer tempo.
Hoje
nós vivemos a cultura do “fast-food”.
Fast-Food
é um termo inglês usado para designar uma refeição rápida. Você faz o pedido e
em questão de minutos a comida está pronta.
Nessa
onda foi inventado o fast-crente, que vive atrás de um fast-culto, uma
fast-pregação, uma fast-oração, uma fast-devoção.
Não
é surpresa não encontrar fruto algum nessas figueiras.
Quando
Deus estava preparando Josué para suceder Moisés na liderança do povo de
Israel, o Senhor Deus lhe ordenou duas coisas: a primeira, que ele fosse um
homem corajoso, sem medo, e a segunda foi: “Não
cesses de falar deste Livro da Lei; antes, medita nele dia e noite, para que
tenhas cuidado de fazer segundo tudo quanto nele está escrito; então, farás
prosperar o teu caminho e serás bem-sucedido.” (Js. 1:8)
O
segredo de ser bem-sucedido é meditar, e meditar é pensar com o coração. Isso
requer tempo, e estamos sempre ocupados demais.
Devoção
é o amor no lugar certo.
Você
só ama a quem conhece, e só conhece a Deus quando lê e medita na Escritura.
Jesus disse:
“Examinais as
Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que
testificam de mim.”
(Jo. 5:39)
Firme
sua devoção, alimente-se de Deus, entre no seu quarto, feche a porta, abra a
sua bíblia, leia uma passagem, espere a Palavra entrar em você, deixe sua mente
ser purificada pela Escritura, medite, então comece a orar.
Haverá
muito fruto na sua vida.
III.
Firme a raiz de seus
Valores
A
outra raiz da nossa vida são nossos valores.
Valores
determinam o que é importante para cada um de nós.
Eles
estão por trás de cada atitude que tomamos.
Valores
explicam o que fazemos, como fazemos, porque fazemos, a pressa ou demora do que
fazemos, o interesse e a dedicação utilizados.
Se
você quer ser uma pessoa frutífera para Deus, você terá que adotar valores
eternos.
Firme
suas raízes, firme seus valores, porque são eles que determinam quem você é, e
o que você vai acumular nesse mundo.
De
onde vem os nossos valores? Há várias fontes.
A
fonte primária e original de todos os valores é a Palavra de Deus.
Nela,
princípios eternos geram valores genuínos:
“Agora, pois, ó
Israel, que é que o SENHOR requer de ti? Não é que temas o SENHOR, teu Deus, e
andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao SENHOR, teu Deus, de
todo o teu coração e de toda a tua alma, para guardares os mandamentos do
SENHOR e os seus estatutos que hoje te ordeno, para o teu bem?” (Dt. 10:12)
Todos
os genuínos valores da pessoa bem-sucedida nascem desse versículo.
Tudo
que você fizer na vida, tudo que você buscar, tudo em que você estiver
envolvido, precisa se encaixar nesses quatro verbos vitais: Temer, andar, amar
e servir.
Temer:
define a quem prestamos contas dos nossos atos.
Andar:
estabelece o como fazer as coisas.
Amar:
explica porque fazer.
Servir:
indica o propósito da nossa vida.
O
temor de Deus é mais sábio, e me ensina a viver na presença de Deus, o tempo
todo.
Por
isso Temer e Andar estão coligados.
Deus
disse a Abraão: “Eu sou o Deus
Todo-Poderoso; anda na minha presença e sê perfeito.” (Gn. 17:1)
Se
houver temor no seu coração, você não vai trabalhar pra sua companhia, vai
trabalhar pra DEUS.
Você
não vai vender um produto fraudulentamente, porque está andando na presença de
DEUS.
E
isso muda tudo.
Se
houver amor a Deus no seu coração, você não vai roubar ninguém, matar ninguém,
trair ninguém, mentir a ninguém, prejudicar ninguém.
Porque
o cumprimento da Lei é o Amor.
Se
tudo que você fizer, quer seja em palavra, quer seja em ação, você fizer para
servir a DEUS, não haverá mesquinhez na sua vida, e tudo que você fizer vai
abençoar alguém.
“Todo ramo que,
estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para
que produza mais fruto ainda. Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho
falado; permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como não pode o ramo
produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira, assim, nem vós o
podeis dar, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem
permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis
fazer.”
(Jo. 15:2-5)
“Tende fé em
Deus.”
É assim que podemos dar fruto em todas as estações,
sem nos deixarmos prender pelas aparências que pretendemos transmitir, nem nos
fecharmos em práticas puramente exteriores.
Por toda a parte, nos lugares mais precários e nas
circunstâncias mais inesperadas, Deus continuará a fazer maravilhas.
Amém!!!
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