quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

A ESPERANÇA DE ISRAEL


“Foi por isto que vos chamei para vos ver e falar; porque é pela esperança de Israel que estou preso com esta cadeia.” (At. 28:20)

Qual é essa esperança de Israel pela qual Paulo está preso, e por que motivo quer ele falar com os anciãos?

A primeira menção feita à esperança de Israel encontra-se em Gênesis.
“Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” (Gn. 3:15)

E no final da Bíblia em Apocalipse encontramos a última referência ao mesmo assunto.
“Foi-lhe dado, também, que pelejasse contra os santos e os vencesse. Deu-se-lhe ainda autoridade sobre cada tribo, povo, língua e nação; e adorá-la-ão todos os que habitam sobre a terra, aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo.” (Ap. 13:7-8)

A primeira referência é a previsão da luta de Satanás, ao longo da História da Humanidade, para contrariar o cumprimento do plano divino. A última é a narrativa do plano divino concretizado.
Entre a História Bíblica, há uma promessa feita ao amigo de Deus, Abrão, com respeito à sua descendência como herdeiro daquela terra e uma bênção para todas as famílias do mundo.
“Apareceu o SENHOR a Abrão e lhe disse: Darei à tua descendência esta terra. Ali edificou Abrão um altar ao SENHOR, que lhe aparecera.” (Gn. 12:7)
“Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra.” (Gn. 12:3)

Deus faz um pacto perpétuo com Abrão e sua descendência.
“Estabelecerei a minha aliança entre mim e ti e a tua descendência no decurso das suas gerações, aliança perpétua, para ser o teu Deus e da tua descendência. Dar-te-ei e à tua descendência a terra das tuas peregrinações, toda a terra de Canaã, em possessão perpétua, e serei o seu Deus.” (Gn. 17:7-8)

Em virtude de Abraão e Sara serem já velhos duvidaram daquela promessa e interrogaram-se rindo da mesma.
“Então, se prostrou Abraão, rosto em terra, e se riu, e disse consigo: A um homem de cem anos há de nascer um filho? Dará à luz Sara com seus noventa anos?” (Gn. 17:17).
Aconteceu, porém, que Sara recebeu milagrosamente um filho a quem chamaram Isaque.
“Visitou o SENHOR a Sara, como lhe dissera, e o SENHOR cumpriu o que lhe havia prometido. Sara concebeu e deu à luz um filho a Abraão na sua velhice, no tempo determinado, de que Deus lhe falara. Ao filho que lhe nasceu, que Sara lhe dera à luz, pôs Abraão o nome de Isaque.” (Gn. 21:2-3)
Este seria, por conseguinte, a esperança de Abraão ver o cumprimento da promessa.
Quando Isaque já era adolescente, Abrão foi convidado a sacrificá-lo no monte Moriá, ao que ele obedeceu sem questionar.
“Depois dessas coisas, pôs Deus Abraão à prova e lhe disse: Abraão! Este lhe respondeu: Eis-me aqui! Acrescentou Deus: Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto, sobre um dos montes, que eu te mostrarei.” (Gn. 22:1-2)
Mas, quando parecia que a esperança estaria desaparecendo, eis que o Senhor supriu um cordeiro para substituir Isaque, e aquele foi sacrificado em lugar do filho.
Esta substituição pelo cordeiro suprido é uma figura do Cordeiro de Deus que viria para substituir a humanidade no sacrifício por causa do pecado.
Jesus, sem pecado, tomou o nosso pecado e levou-o até ao Calvário, na terra de Moriá, e ali foi sacrificado em nosso lugar.

Quando Jesus nasceu, seus pais foram ao templo adorar.
“Havia em Jerusalém um homem chamado Simeão; homem este justo e piedoso que esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele. Revelara-lhe o Espírito Santo que não passaria pela morte antes de ver o Cristo do Senhor.” (Lc. 2:25-26)
E o velho Simeão, que estava ali, ao vê-lo, reconheceu o cumprimento da esperança de Israel e louvou a Deus.
“Simeão o tomou nos braços e louvou a Deus, dizendo: Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra; porque os meus olhos já viram a tua salvação,” (Lc.  2:29-30)

Enquanto João estava batizando no rio Jordão, apareceu Jesus e ele exclamou para todos: “No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo. 1:29)
A esperança de Israel tinha aparecido.
“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo. 3:16)

Durante o seu ministério, Jesus percorria todos os lugares, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando todas as enfermidades entre o povo.
“Digo-vos que muitos virão do Oriente e do Ocidente e tomarão lugares à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no reino dos céus.” (Mt. 8:11)

O Senhor tinha confirmado a Moisés que levantaria um profeta semelhante a ele, e que diria somente o que tivesse ouvido de Deus, ao qual ouviriam atentamente.
“Suscitar-lhes-ei um profeta do meio de seus irmãos, semelhante a ti, em cuja boca porei as minhas palavras, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar.” (Dt. 18:18)
Enquanto Jesus estava ministrando disse acerca deste assunto: “Porque eu não tenho falado por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, esse me tem prescrito o que dizer e o que anunciar.” (Jo. 12:49)
E disse mais: “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer.” (Jo. 15:15)

O apóstolo Paulo menciona na sua carta aos colossenses que a pregação do evangelho é a esperança proclamada a todas as pessoas debaixo do céu.
“E a vós outros também que, outrora, éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas vossas obras malignas, agora, porém, vos reconciliou no corpo da sua carne, mediante a sua morte, para apresentar-vos perante ele santos, inculpáveis e irrepreensíveis, se é que permaneceis na fé, alicerçados e firmes, não vos deixando afastar da esperança do evangelho que ouvistes e que foi pregado a toda criatura debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, me tornei ministro.” (Cl. 1:21-23)

O apóstolo Paulo identifica Jesus com a nossa esperança.
“Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, pelo mandato de Deus, nosso Salvador, e de Cristo Jesus, nossa esperança.” (I Tm. 1:1)
E continua:
“aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus,” (Tt. 2:13)
“Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel.” (Hb. 10:23)  

Paulo, em sua defesa, referiu-se ao cumpri­mento da promessa de Deus.
“Nós vos anunciamos o evangelho da promessa feita a nossos pais, como Deus a cumpriu plenamente a nós, seus filhos, ressuscitando a Jesus, como também está escrito no Salmo segundo: Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei.” (At. 13:32-33)
“E, agora, estou sendo julgado por causa da esperança da promessa que por Deus foi feita a nossos pais, a qual as nossas doze tribos, servindo a Deus fervorosamente de noite e de dia, almejam alcançar; é no tocante a esta esperança, ó rei, que eu sou acusado pelos judeus.” (At. 26:6-7)

Os apóstolos Pedro e João referem-se também a esta esperança.
“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para vós outros que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo.” (I Pe. 1:3-5)
“E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como ele é puro.” (I Jo. 3:3)

A esperança de Israel, pela qual Paulo estava preso, era o cumprimento da promessa de Deus feita a Abraão, Isaque e Jacó, e renovada constantemente através dos profetas.
Era a promessa da semente da mulher, que viria trazendo a bênção de Deus para toda a humanidade.
Essa semente da mulher é Jesus, nascido da virgem Maria por ação milagrosa do Espírito Santo.
A sua proclamação foi a boa nova da esperança para todos, a sua vida foi exemplo para todos, e a sua morte foi em substituição de todos.
Quem crer nele não é condenado porque ele veio para salvar o mundo da condenação. Além disso, Ele continua a ser a nossa esperança porque ressuscitou dos mortos, ascendeu ao céu e voltará para cumprir a esperança de Israel.
O apóstolo queria falar com os anciãos para esclarecê-los acerca da sua própria esperança, que era a vinda do Messias e com ele o reino de Deus. Era por este motivo que Paulo estava preso, e foi por este motivo que, segundo a tradição, foi sacrificado, porque a sua mensagem foi rejeitada. Contudo, Israel continua esperando o Messias, que voltará para instaurar o seu reino eterno.

Encontramos a visão profética desse cumprimento no livro de Apocalipse.
“E entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra.” (Ap. 5:9-10)
“O sétimo anjo tocou a trombeta, e houve no céu grandes vozes, dizendo: O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará pelos séculos dos séculos.” (Ap. 11:15)

Amém!!!

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