terça-feira, 1 de março de 2016

CONFINAMENTO

“O SENHOR Deus é a minha fortaleza, e faz os meus pés como os da corça, e me faz andar altaneiramente.” (Hc. 3:19)

Habacuque estava se perguntando por que Deus estava permitindo que seu povo escolhido sofresse nas mãos de seus inimigos.
Deus responde e a fé de Habacuque é restaurada.
Habacuque termina o seu livro de profecias de uma forma triunfante declarando que o Senhor Deus era a sua fortaleza e que Ele faria os seus pés como os da corça e o faria andar sobre os lugares altos.

A Corça não suporta o confinamento.
Estar confinado a algum lugar significa estar preso ou sentir-se limitado.

O sentimento de Habacuque no final do seu livro expressa justamente a alegria por haver se livrado desse tipo de prisão.
Tratava-se de uma limitação da sua alma devido à forma como ele estava encarando as situações que o cercavam.
Depois de um tempo com Deus, ouvindo e refletindo, Habacuque experimentou tremenda libertação.
Quais eram as situações que tiveram poder de confinar sua alma, e de que forma ele conseguiu livramento?

             I.        FATORES DE CONFINAMENTO

a.     Perda da Esperança no Triunfo da Justiça.

Os quatro primeiros versículos do livro revelam o que o profeta pensava e o motivo da sua angústia.
Iniquidade, opressão, destruição, violência, contenda, litígio, demanda judicial, a lei que se afrouxa, a justiça que nunca se manifesta, o perverso que cerca o justo, a justiça que é torcida.

Habacuque estava extremamente desgastado com o que via diariamente.
Ele havia perdido a esperança de justiça.
Sendo ele um homem justo, isso representava uma violência à sua própria natureza.
É como se não houvesse lugar para ele no mundo, sentindo-se, na linguagem mais popular, um peixe fora d’água.

Quando vivemos em um lugar onde nos sentimos violentados, não respeitados, não amados, precisamos de uma experiência semelhante à de Habacuque.
Quando ele disse após ouvir a Deus que os seus pés seriam como os da corça, não estava dizendo que os usaria para fugir das situações opressoras, pois, nem sempre isso é possível, além de poder não representar exatamente o que Deus quer que aconteça.
Ter os pés como os da corça, portanto, significa libertar-se dos sentimentos destrutivos, mesmo quando os motivos continuam sendo os mesmos.
Significa não se permitir tornar-se prisioneiro das circunstâncias.

Você já aprendeu a lidar com os seus aborrecimentos?
Se pequenas ou grandes coisas o chateiam, procure viver a experiência de Habacuque e comece a desprender-se, subindo aos lugares altos.

b.    Falta de entendimento acerca de como Deus trabalha.

Saber que o homem é pecador e falho, Habacuque bem sabia, mas o que ele não compreendia é como Deus podia ver todo o mal e não fazer nada?
A crise do profeta era dupla.
Sua decepção era na direção dos homens e também em relação a Deus.
Ele sabia que o Senhor se importava com os homens, mas não entendia porque Ele aparentemente não agia em favor deles.
Aqui estamos diante de um grande desafio: subir aos lugares altos, como a corça, para não mais pensar ou ver as coisas como o homem natural pensa ou vê.
O desafio é subir para começar a enxergar as situações da vida a partir de outro ponto de vista.
É disso que o Senhor nos fala através do profeta Isaías: “Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos.” (Is. 55:9)

            II.        FATORES DE LIBERTAÇÃO DO CONFINAMENTO

A libertação dessa prisão emocional também é ilustrada em mais uma das características da corça.
Como parte da sua natureza de não suportar o confinamento, ela sai correndo à busca das águas, livremente, com intensidade e expressando-se até com gritos.

“Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma.” (Sl. 42:1)

Habacuque, mesmo em crise, também buscou.
Buscou respostas com toda a intensidade do seu ser e foi atendido.
Deus lhe respondeu dizendo que no devido tempo a justiça seria feita e que Ele não estava alheio aos acontecimentos terrenos.
Foi então que o profeta tomou as seguintes decisões para sair do seu confinamento emocional:

1.     Viver pela fé.
É a decisão de viver não firmado no que se vê, mas no que se crê.
“Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele; mas o justo viverá pela sua fé.” (Hc. 2:4)

2.     Alegrar-se em qualquer situação.
É a decisão de subir acima das circunstâncias e encontrar motivo de alegria em Deus.
“Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia, eu me alegro no SENHOR, exulto no Deus da minha salvação.” (Hc. 3:17-18)

3.     Refugiar-se em Deus.
É a decisão de encontrar n’Ele proteção, segurança e força que não encontramos no mundo.
“O SENHOR Deus é a minha fortaleza, e faz os meus pés como os da corça, e me faz andar altaneiramente.” (Hc. 3:19)

É a confiança na força de Deus e não na nossa que mudará as perspectivas de nossas vidas.
É o modo como olhamos para a vida que nos fará perceber a alegria da salvação.
O Senhor Jesus disse que: “se nossos olhos forem bons nossa própria vida será iluminada.”

Existem pessoas que perderam a capacidade de crer, que já não conseguem perceber o poder do Senhor de transformar o medo em confiança, a destruição em possibilidade de reconstrução.
Mas o Deus que responde mesmo em meio à dor e à perda nos convida a confiar novamente no seu braço forte.
Qual é a figueira da sua vida que não dá mais flores?
Qual é o fruto que foi arrebatado da sua videira existencial?
É tempo de redescobrir a fé que nos capacita a ver o mundo pelo avesso, na perspectiva de Deus.

Não aceitar o confinamento, além de buscar respostas e novas saídas, o ajudarão a manter-se sempre nos lugares altos da fé, da alegria, da proteção e do fortalecimento em Deus.

Amém!!!


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