terça-feira, 12 de novembro de 2019

A MESA DA CEIA DO SENHOR


“Nisto, porém, que vou dizer-vos, não vos louvo, porquanto vos ajuntais, não para melhor, senão para pior. Porque, antes de tudo, ouço que, quando vos ajuntais na igreja, há entre vós dissensões; e em parte o creio. E até importa que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós. De sorte que, quando vos ajuntais num lugar, não é para comer a Ceia do Senhor. Porque, comendo, cada um toma antecipadamente a sua própria ceia; e assim um tem fome, e outro embriaga-se. Não tendes, porventura, casas para comer e para beber? Ou desprezais a igreja de Deus e envergonhais os que nada têm? Que vos direi? Louvar-vos-ei? Nisso não vos louvo. Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim. Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha. Portanto, qualquer que comer este pão ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão, e beba deste cálice. Porque o que come e bebe indignamente come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor. Por causa disso, há entre vós muitos fracos e doentes e muitos que dormem. Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo. Portanto, meus irmãos, quando vos ajuntais para comer, esperai uns pelos outros. Mas, se algum tiver fome, coma em casa, para que vos não ajunteis para condenação. Quanto às demais coisas, ordená-las-ei quando for ter convosco.” (I Co. 11:17-34)

A mesa da Ceia do Senhor é algo de extrema importância.
A Ceia não é um altar de sacrifício, mas uma mesa, onde participamos de uma refeição pactual.
Cristo espiritualmente nos convida a comunhão com Ele, nesta mesa, onde tomamos parte do pão e do vinho que são símbolos do seu sofrimento e morte na cruz, seu corpo partido e seu sangue derramado.

Tendo esta imagem da Santa Ceia em mente, onde uma mesa está preparada com pão e vinho, que são sinais visíveis e terrenos de uma realidade invisível e celestial, e onde Cristo está espiritualmente sentado e nos convidando a participar dela, agora devemos então nos perguntar: quem é digno de se assentar nesta mesa para participar deste banquete pactual? Por isso, é importante sabermos quem pode vir e quem não pode vir a mesa do Senhor.

Nesta manhã vamos ver o que a igreja confessa sobre os participantes da Santa Ceia debaixo do seguinte tema: Cristo nos chama a atentarmos cuidadosamente para a mesa da Santa Ceia.

A necessidade do autoexame

Irmãos, por que é necessário um autoexame para participarmos da Ceia? Porque é um mandamento de Cristo por meio do Apóstolo Paulo. “Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei.” (I Co. 11:23)
Aqueles que não fazem um autoexame chamam juízo para si.
Paulo fala sobre o autoexame. “Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão, e beba deste cálice.”  (I Co. 11:28)
Devemos buscar entender o autoexame dentro do seu próprio contexto.

Na igreja em Coríntio haviam pessoas vivendo na imoralidade. “Geralmente, se ouve que há entre vós fornicação e fornicação tal, qual nem ainda entre os gentios, como é haver quem abuse da mulher de seu pai.” (I Co. 5:1)
Aquela igreja tolerava pecados escandalosos. Ela não estava lamentando aquele tipo de pecado. “Estais inchados e nem ao menos vos entristecestes, por não ter sido dentre vós tirado quem cometeu tal ação.” (I Co. 5:2)

A igreja também vivia em ciúmes e contendas. Havia discórdias.
Uns se diziam de Paulo, outros de Apolo, outros de Cefas e outros de Cristo. “Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu, de Apolo; porventura, não sois carnais?” (I Co. 3:4)
Outros em litígios. “Ousa algum de vós, tendo algum negócio contra outro, ir a juízo perante os injustos e não perante os santos?” (I Co. 6:1)
Esse litigio tinha a ver com o fato de que dentro da igreja existia irmãos brigando por questões de negócios. Esses negócios não eram resolvidos de forma cristã, dentro da igreja. A briga ia para os advogados lá fora da igreja. Tinha também a desordem no culto. (I Co. 14)
Podemos perceber nestes relatos pecados que faltava amor entre aqueles irmãos. A luz disso tudo agora chega a questão da Santa Ceia. É certo que irmãos envolvidos nestes pecados deveriam participar da Santa Ceia? Sem amor?

“Porque, comendo, cada um toma antecipadamente a sua própria ceia; e assim um tem fome, e outro embriaga-se.” (I Co. 11:21)
Podemos ver neste versículo o reflexo da falta de amor. Cada um tomava a sua própria ceia, se antecipando um aos outros. Algumas pessoas comiam de mais, outras ficavam sem comida. Existiam até pessoas que tomavam tanto vinho que se embriagavam. Então, imagine que bagunça! Pessoas enchendo seus copos e outros ficando sem nada.

À luz deste contexto é que devemos considerar o autoexame. “Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão, e beba deste cálice.” (I Co. 11:28)
O autoexame é uma avaliação da nossa vida pecaminosa. Não é só se assentar e comer e beber. O participante deve chegar na mesa com fé e arrependimento. Um profundo desejo de servir a Deus e ao meu próximo. A mesa da Ceia é a mesa de Cristo! Ele é santo, santo, santo. Os elementos da Ceia estão apontando para o seu amor pelo seu povo. Um amor que deu a sua própria vida.

O ambiente da Santa Ceia não combina em nada com o pecado! Não combina com imoralidade sexual. Não combina com litígio. Não combina com glutonarias. Por causa disso, veja o que Paulo fala: “De sorte que, quando vos ajuntais num lugar, não é para comer a Ceia do Senhor.”  (I Co. 11:20)
Paulo aqui quer dizer que aquela atitude dos participantes fugia do propósito original da Ceia.

E qual é o propósito original da Santa Ceia?
“Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão;  e, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim.” (I Co. 11:23-25)

Primeiramente Cristo aponta para a gratidão, tendo dado graças. Ao contrário disso os coríntios pareciam não ter uma atitude de gratidão.
Em segundo lugar, Jesus disse que aquele pão representava seu corpo. Seu corpo foi moído por nós. Antes de comer o pão partido, o participante naquela igreja deveria se humilhar reconhecendo a sua miséria. Ao se alimentarem, aqueles participantes deveriam desejar receber de Cristo mais santidade, mais vida em Cristo.

A Santa Ceia foi instituída para lembrarmos constantemente de que Cristo morreu. “Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha.” (I Co. 11:26)
E o que é este morrer?
Cristo recebeu o juízo de Deus contra nossos pecados.  Ele foi desamparado por Deus. Isto foi sua primeira morte. Deus virou as costas para Ele. Cristo também foi sepultado. Seu espírito deixou seu corpo lá na sepultura.

A Ceia é um anuncio público da morte de Cristo e deve ser realizado de forma reverente.
Os participantes devem participar de cabeça baixa.
Meu pecado foi colocado na conta de Cristo e Ele foi esmagado pela poderosa mão de Deus.

Mas, como os Coríntios estavam pensando?
A Santa Ceia deles não tinha nenhum valor, além de comer e beber. A Santa Ceia se tornou uma festa ímpia, profana.

“Porque o que come e bebe indignamente come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do Senhor. 30 Por causa disso, há entre vós muitos fracos e doentes e muitos que dormem.” (I Co. 11:29-30)
O Apóstolo Paulo está falando dos perigos de participar da Ceia sem autoexame. 
A mão de Deus estava pesando naquela igreja. Existiam entre os membros da igreja dos Coríntios pessoas doente e pessoas que tinham morrido. A tradução diz “e vários já dormiram”. A palavra aqui no grego tem a ver com morte. E qual era a razão? Paulo diz: “Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados.”  (I Co. 11:31)
Que coisa séria!

Mas Cristo ama a sua igreja. O verso 32 mostra que aquele juízo tinha a finalidade de livrar aqueles irmãos de serem condenados com o mundo. “Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo.” (I Co. 11:32)
O Senhor corrige aqueles a quem ele ama. “Porque o Senhor corrige o que ama e açoita a qualquer que recebe por filho.” (Hb. 12:6)

Cristo também ama esta igreja aqui. A prova de que Ele nos ama hoje é que Ele nos chama a atentarmos cuidadosamente para a Santa Ceia.

A Santa Ceia é para aqueles que reconhecem os seus pecados. Eles não desejam viver neles. Eles estão lutando contra estes pecados. Eles estão tristes. Eles estão confiando no sangue de Cristo que nos cobre de todo o pecado.

Qual é o objetivo do autoexame? O autoexame deve nos levar ao arrependimento e fé nas promessas de Cristo.
A forma para a Santa Ceia que é usado pelas nossas igrejas expressa este cuidado que o participante deve ter. Conforme a forma, o autoexame consiste em três partes:

Em primeiro lugar, cada pessoa deve ter consciência dos seus pecados e da maldição de Deus para se detestar e se humilhar perante Deus, porque a ira d’Ele contra o pecado é muito grande. O pecado não poderia ficar impune, mas Deus o puniu no Seu filho amado, Jesus Cristo, por meio de sua vergonhosa morte de cruz.

Em segundo lugar, cada pessoa deve examinar seu coração para determinar se realmente confia na promessa fiel de Deus. A promessa é esta: que todos os pecados dessa pessoa só são perdoados por causa do sofrimento e morte de Jesus Cristo, e que a perfeita retidão de Cristo é gratuitamente concedida em seu favor, como se a pessoa mesma tivesse cumprido toda a justiça.

Em terceiro lugar, cada pessoa deve determinar se tem a intenção sincera de mostrar a Deus a sua gratidão por uma vida consagrada a Ele. Do mesmo modo, deve mostrar que está determinado a amar o próximo e a deixar toda a hipocrisia, inveja, inimizade e raiva.

Cristo recebe os humildes de coração. Os humildes se examinam.
1) Eles tem consciências de seus pecados;
2) Eles confiam em Cristo;
3) Eles querem viver uma vida de gratidão a Deus amando-O e amando ao próximo.

Quem não tem esta intenção não pode participar da Santa Ceia.
Quem participa da Santa Ceia e está vivendo uma vida de pecado, seja um pecado secreto ou que as outras pessoas saibam, deve ficar com medo do juízo de Deus. E que juízo é este: doença e morte.

A Santa Ceia é responsabilidade do participante.

Agora, perceba como temos o evangelho neste assunto específico da Santa Ceia.
De um lado, Cristo está dizendo para aqueles que estão lutando contra seus pecados: Venha a mim que Eu te darei força para continuar! Do outro lado, Cristo por amor, está exortando àqueles que não se importam com sua vida diante de Deus e dos homens: Tomem muito cuidado! Arrependam-se e vivam! Caso contrário vocês sofreram o juízo que Eu recebi na cruz do calvário!

Caros irmãos e irmãs, vocês que tem filhos pequenos ensine-os sobre o que significa a Santa Ceia. Ensine-os a irem até Cristo em arrependimento e fé. Queiram viver uma vida santa! Não olhem para este mundo e seus prazeres. Vivam para a glória deste salvador que celebramos na Santa Ceia!

Um dia cearemos face a face com Ele. Não será o pastor da igreja que lhe convidará para a mesa, mas será Ele, o próprio Jesus quem chamará você pelo seu nome. Ele vai chamar você para você festejar com Ele. Todos estarão comemorando a vitória de Cristo sobre o pecado e sobre a morte. Será uma alegria e uma festa que durará para sempre. Sem prazo para terminar. Será uma alegria tão grande que nenhuma alegria deste mundo poderá chegar perto. Não há comparações! Vamos continuar ceando aqui em memória d’Ele, com respeito, temor, reverência.
Amém!


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