“Nisto, porém, que
vou dizer-vos, não vos louvo, porquanto vos ajuntais, não para melhor, senão
para pior. Porque, antes de tudo, ouço que, quando vos ajuntais na igreja, há
entre vós dissensões; e em parte o creio. E até importa que haja entre vós
heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós. De sorte que,
quando vos ajuntais num lugar, não é para comer a Ceia do Senhor. Porque,
comendo, cada um toma antecipadamente a sua própria ceia; e assim um tem fome,
e outro embriaga-se. Não tendes, porventura, casas para comer e para beber? Ou
desprezais a igreja de Deus e envergonhais os que nada têm? Que vos direi?
Louvar-vos-ei? Nisso não vos louvo. Porque eu recebi do Senhor o que também vos
ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; e, tendo
dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido
por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente também, depois de cear,
tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue; fazei
isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim. Porque, todas as vezes
que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até
que venha. Portanto, qualquer que comer este pão ou beber o cálice do Senhor,
indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o
homem a si mesmo, e assim coma deste pão, e beba deste cálice. Porque o que
come e bebe indignamente come e bebe para sua própria condenação, não
discernindo o corpo do Senhor. Por causa disso, há entre vós muitos fracos e
doentes e muitos que dormem. Porque, se nós nos julgássemos a nós mesmos, não
seríamos julgados. Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor,
para não sermos condenados com o mundo. Portanto, meus irmãos, quando vos
ajuntais para comer, esperai uns pelos outros. Mas, se algum tiver fome, coma
em casa, para que vos não ajunteis para condenação. Quanto às demais coisas,
ordená-las-ei quando for ter convosco.” (I Co. 11:17-34)
A
mesa da Ceia do Senhor é algo de extrema importância.
A
Ceia não é um altar de sacrifício, mas uma mesa, onde participamos de uma
refeição pactual.
Cristo
espiritualmente nos convida a comunhão com Ele, nesta mesa, onde tomamos parte
do pão e do vinho que são símbolos do seu sofrimento e morte na cruz, seu corpo
partido e seu sangue derramado.
Tendo
esta imagem da Santa Ceia em mente, onde uma mesa está preparada com pão e
vinho, que são sinais visíveis e terrenos de uma realidade invisível e
celestial, e onde Cristo está espiritualmente sentado e nos convidando a
participar dela, agora devemos então nos perguntar: quem é digno de se assentar
nesta mesa para participar deste banquete pactual? Por isso, é importante
sabermos quem pode vir e quem não pode vir a mesa do Senhor.
Nesta
manhã vamos ver o que a igreja confessa sobre os participantes da Santa Ceia
debaixo do seguinte tema: Cristo nos
chama a atentarmos cuidadosamente para a mesa da Santa Ceia.
A necessidade do autoexame
Irmãos,
por que é necessário um autoexame para participarmos da Ceia? Porque é um
mandamento de Cristo por meio do Apóstolo Paulo. “Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei.” (I Co. 11:23)
Aqueles
que não fazem um autoexame chamam juízo para si.
Paulo
fala sobre o autoexame. “Examine-se,
pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão, e beba deste cálice.” (I Co. 11:28)
Devemos
buscar entender o autoexame dentro do seu próprio contexto.
Na
igreja em Coríntio haviam pessoas vivendo na imoralidade. “Geralmente, se ouve que há entre vós fornicação e fornicação tal, qual
nem ainda entre os gentios, como é haver quem abuse da mulher de seu pai.” (I
Co. 5:1)
Aquela
igreja tolerava pecados escandalosos. Ela não estava lamentando aquele tipo de
pecado. “Estais inchados e nem ao menos
vos entristecestes, por não ter sido dentre vós tirado quem cometeu tal ação.”
(I Co. 5:2)
A
igreja também vivia em ciúmes e contendas. Havia discórdias.
Uns
se diziam de Paulo, outros de Apolo, outros de Cefas e outros de Cristo. “Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e
outro: Eu, de Apolo; porventura, não sois carnais?” (I Co. 3:4)
Outros
em litígios. “Ousa algum de vós, tendo
algum negócio contra outro, ir a juízo perante os injustos e não perante os
santos?” (I Co. 6:1)
Esse
litigio tinha a ver com o fato de que dentro da igreja existia irmãos brigando
por questões de negócios. Esses negócios não eram resolvidos de forma cristã,
dentro da igreja. A briga ia para os advogados lá fora da igreja. Tinha também
a desordem no culto. (I Co. 14)
Podemos
perceber nestes relatos pecados que faltava amor entre aqueles irmãos. A luz
disso tudo agora chega a questão da Santa Ceia. É certo que irmãos envolvidos
nestes pecados deveriam participar da Santa Ceia? Sem amor?
“Porque, comendo,
cada um toma antecipadamente a sua própria ceia; e assim um tem fome, e outro
embriaga-se.”
(I Co. 11:21)
Podemos
ver neste versículo o reflexo da falta de amor. Cada um tomava a sua própria
ceia, se antecipando um aos outros. Algumas pessoas comiam de mais, outras
ficavam sem comida. Existiam até pessoas que tomavam tanto vinho que se embriagavam.
Então, imagine que bagunça! Pessoas enchendo seus copos e outros ficando sem
nada.
À
luz deste contexto é que devemos considerar o autoexame. “Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão, e beba
deste cálice.” (I Co. 11:28)
O
autoexame é uma avaliação da nossa vida pecaminosa. Não é só se assentar e
comer e beber. O participante deve chegar na mesa com fé e arrependimento. Um
profundo desejo de servir a Deus e ao meu próximo. A mesa da Ceia é a mesa de
Cristo! Ele é santo, santo, santo. Os elementos da Ceia estão apontando para o
seu amor pelo seu povo. Um amor que deu a sua própria vida.
O
ambiente da Santa Ceia não combina em nada com o pecado! Não combina com
imoralidade sexual. Não combina com litígio. Não combina com glutonarias. Por
causa disso, veja o que Paulo fala: “De
sorte que, quando vos ajuntais num lugar, não é para comer a Ceia do Senhor.” (I Co. 11:20)
Paulo
aqui quer dizer que aquela atitude dos participantes fugia do propósito
original da Ceia.
E
qual é o propósito original da Santa Ceia?
“Porque eu recebi do
Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído,
tomou o pão; e, tendo dado graças, o
partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei
isto em memória de mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice,
dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue; fazei isto, todas as
vezes que beberdes, em memória de mim.” (I Co. 11:23-25)
Primeiramente
Cristo aponta para a gratidão, tendo dado graças. Ao contrário disso os
coríntios pareciam não ter uma atitude de gratidão.
Em
segundo lugar, Jesus disse que aquele pão representava seu corpo. Seu corpo foi
moído por nós. Antes de comer o pão partido, o participante naquela igreja
deveria se humilhar reconhecendo a sua miséria. Ao se alimentarem, aqueles
participantes deveriam desejar receber de Cristo mais santidade, mais vida em
Cristo.
A
Santa Ceia foi instituída para lembrarmos constantemente de que Cristo morreu. “Porque, todas as vezes que comerdes este pão
e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha.” (I Co.
11:26)
E
o que é este morrer?
Cristo
recebeu o juízo de Deus contra nossos pecados.
Ele foi desamparado por Deus. Isto foi sua primeira morte. Deus virou as
costas para Ele. Cristo também foi sepultado. Seu espírito deixou seu corpo lá
na sepultura.
A
Ceia é um anuncio público da morte de Cristo e deve ser realizado de forma
reverente.
Os
participantes devem participar de cabeça baixa.
Meu
pecado foi colocado na conta de Cristo e Ele foi esmagado pela poderosa mão de
Deus.
Mas,
como os Coríntios estavam pensando?
A
Santa Ceia deles não tinha nenhum valor, além de comer e beber. A Santa Ceia se
tornou uma festa ímpia, profana.
“Porque o que come e
bebe indignamente come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o
corpo do Senhor. 30 Por causa disso, há entre vós muitos fracos e doentes e
muitos que dormem.” (I
Co. 11:29-30)
O
Apóstolo Paulo está falando dos perigos de participar da Ceia sem autoexame.
A
mão de Deus estava pesando naquela igreja. Existiam entre os membros da igreja
dos Coríntios pessoas doente e pessoas que tinham morrido. A tradução diz “e
vários já dormiram”. A palavra aqui no grego tem a ver com morte. E qual era a
razão? Paulo diz: “Porque, se nós nos
julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados.” (I Co. 11:31)
Que
coisa séria!
Mas
Cristo ama a sua igreja. O verso 32 mostra que aquele juízo tinha a finalidade
de livrar aqueles irmãos de serem condenados com o mundo. “Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não
sermos condenados com o mundo.” (I Co. 11:32)
O
Senhor corrige aqueles a quem ele ama. “Porque
o Senhor corrige o que ama e açoita a qualquer que recebe por filho.” (Hb.
12:6)
Cristo
também ama esta igreja aqui. A prova de que Ele nos ama hoje é que Ele nos
chama a atentarmos cuidadosamente para a Santa Ceia.
A
Santa Ceia é para aqueles que reconhecem os seus pecados. Eles não desejam
viver neles. Eles estão lutando contra estes pecados. Eles estão tristes. Eles
estão confiando no sangue de Cristo que nos cobre de todo o pecado.
Qual
é o objetivo do autoexame? O autoexame deve nos levar ao arrependimento e fé
nas promessas de Cristo.
A
forma para a Santa Ceia que é usado pelas nossas igrejas expressa este cuidado
que o participante deve ter. Conforme a forma, o autoexame consiste em três
partes:
Em primeiro lugar, cada pessoa deve
ter consciência dos seus pecados e da maldição de Deus para se detestar e se
humilhar perante Deus, porque a ira d’Ele contra o pecado é muito grande. O
pecado não poderia ficar impune, mas Deus o puniu no Seu filho amado, Jesus Cristo,
por meio de sua vergonhosa morte de cruz.
Em segundo lugar, cada pessoa deve
examinar seu coração para determinar se realmente confia na promessa fiel de
Deus. A promessa é esta: que todos os pecados dessa pessoa só são perdoados por
causa do sofrimento e morte de Jesus Cristo, e que a perfeita retidão de Cristo
é gratuitamente concedida em seu favor, como se a pessoa mesma tivesse cumprido
toda a justiça.
Em terceiro lugar, cada pessoa deve
determinar se tem a intenção sincera de mostrar a Deus a sua gratidão por uma
vida consagrada a Ele. Do mesmo modo, deve mostrar que está determinado a amar
o próximo e a deixar toda a hipocrisia, inveja, inimizade e raiva.
Cristo
recebe os humildes de coração. Os humildes se examinam.
1)
Eles tem consciências de seus pecados;
2)
Eles confiam em Cristo;
3)
Eles querem viver uma vida de gratidão a Deus amando-O e amando ao próximo.
Quem
não tem esta intenção não pode participar da Santa Ceia.
Quem
participa da Santa Ceia e está vivendo uma vida de pecado, seja um pecado
secreto ou que as outras pessoas saibam, deve ficar com medo do juízo de Deus.
E que juízo é este: doença e morte.
A
Santa Ceia é responsabilidade do participante.
Agora,
perceba como temos o evangelho neste assunto específico da Santa Ceia.
De
um lado, Cristo está dizendo para aqueles que estão lutando contra seus
pecados: Venha a mim que Eu te darei força para continuar! Do outro lado,
Cristo por amor, está exortando àqueles que não se importam com sua vida diante
de Deus e dos homens: Tomem muito cuidado! Arrependam-se e vivam! Caso
contrário vocês sofreram o juízo que Eu recebi na cruz do calvário!
Caros
irmãos e irmãs, vocês que tem filhos pequenos ensine-os sobre o que significa a
Santa Ceia. Ensine-os a irem até Cristo em arrependimento e fé. Queiram viver
uma vida santa! Não olhem para este mundo e seus prazeres. Vivam para a glória
deste salvador que celebramos na Santa Ceia!
Um
dia cearemos face a face com Ele. Não será o pastor da igreja que lhe convidará
para a mesa, mas será Ele, o próprio Jesus quem chamará você pelo seu nome. Ele
vai chamar você para você festejar com Ele. Todos estarão comemorando a vitória
de Cristo sobre o pecado e sobre a morte. Será uma alegria e uma festa que
durará para sempre. Sem prazo para terminar. Será uma alegria tão grande que
nenhuma alegria deste mundo poderá chegar perto. Não há comparações! Vamos
continuar ceando aqui em memória d’Ele, com respeito, temor, reverência.
Amém!
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