Texto Bíblico: Mateus
5:3-11
É
sempre motivo de gratidão a Deus estar na sua companhia, para uma série de
estudos sobre o Sermão da Montanha.
Para
podermos compreender adequadamente as bem-aventuranças, precisamos levar em
consideração três perguntas: a primeira fala das pessoas que ouviram os
ensinamentos, ou seja, discípulos cristãos; a segunda, das qualidades
recomendadas, que são as espirituais e a última das bênçãos prometidas, ou dons
da graça de Deus.
Aquilo
que Jesus destacou como sendo geradores de bem-aventurança, ou seja, de
felicidade, são características de pessoas que já confessaram Jesus Cristo como
Salvador e que, por isso, possuem uma nova natureza.
O
ideal apresentado por Jesus fala de três aspectos importantes: ele desejava que
todos os crentes fossem bem-aventurados, que as qualidades geradoras da
bem-aventurança fossem apresentadas por eles e que soubessem que não poderiam
ser alcançadas a partir das tendências naturais do ser humano, mas sim pela
graça de Deus.
Aqui
temos, então, uma das diferenças bem identificadas entre o crente e o
incrédulo, e isso nos leva a pensar que a Igreja, quando se propõe a imitar as
atividades próprias de não crentes, está incorrendo em erro.
Quando
a Igreja é diferente do mundo é que passa a ser procurada pelos desencantados
com a vida sem Deus.
“Bem-aventurados os
humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.” (Mt. 5:3)
Aqui
está a chave para o entendimento das demais.
Ninguém
pode adentrar o Reino dos Céus se não for humilde de espírito, ou seja, aqui
está a característica fundamental do crente: um esvaziamento da confiança em si
mesmo, a humildade de reconhecer que sem Deus é incapaz de caminhar um passo
sequer.
Logo,
vemos que a condição atinge a ricos e a pobres.
Um
homem ou uma mulher pobre não está mais perto do Reino de Deus do que um homem
ou uma mulher rica.
O
que está em foco é a atitude da pessoa para consigo mesma.
Ser
humilde de espírito não significa também ser tímido, fraco e acovardado.
A
qualidade que Jesus busca e que traz bem-aventurança fala da completa ausência
de orgulho pessoal e do reconhecimento de que nada representamos na presença de
Deus, ou seja, sentimo-nos nulos, quando O contemplamos.
“Bem-aventurados os
que choram, porque serão consolados.” (Mt. 5:4)
Para
Jesus, são felizes os que choram em espírito, porque compreendem que, ao
contemplar as suas ações, sentem-se impotentes para corrigi-las: o que há em
mim que me leva a agir dessa maneira?
Por
que me irrito com tanta facilidade?
Por
que não consigo controlar-me?
Por
que tenho este mau temperamento?
O
crente descobre o conflito que existe dentro dele e chora.
E
chora, também, pelos pecados alheios, pela maldade do mundo.
Para
estes, Jesus garante consolo.
“Bem-aventurados os
mansos, porque herdarão a terra.” (Mt. 5:5)
A
mansidão não é sinônimo de indolência e nem a complacência.
Pelo
contrário, a mansidão é compatível com grande força de caráter, com grande
autoridade e poder.
O
homem manso é aquele que defende a verdade com tal empenho que se dispõe a
morrer por ela.
Os
mártires foram pessoas mansas, mas não tolas nem débeis.
Para
se atingir a mansidão, precisamos antes ser humildes de espírito e chorar
diante de nossos erros e dos erros da Humanidade.
A
mansidão se expressa na forma como nos conduzimos em relação ao próximo.
Dos
mansos, será a Terra.
“Bem-aventurados os
que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos.” (Mt. 5:6)
Nesse
versículo está uma das mais extraordinárias declarações do Evangelho cristão, a
carta-magna de toda alma anelante, daqueles que se sentem infelizes com relação
a si mesmos, no tocante ao seu estado espiritual, dos que anseiam por uma nova
ordem e uma nova qualidade de vida.
Não
nos compete ter fome e sede de experiências e de bênçãos, pelo contrário,
precisamos ter fome e sede de justiça.
Ter
fome e sede de justiça significa anelar por ser livre do pecado, porque o
pecado nos separa de Deus.
Significa
querer ser livre do próprio desejo de pecar, ou seja, do próprio
"eu".
Ter
fome e sede de justiça é o desejo do homem de ser santo.
Quando
o filho pródigo teve fome, queria alimentar-se com as bolotas jogadas aos
porcos, mas quando estava morrendo de inanição, voltou para o pai.
Aquele
que chega e compreende o quanto precisa de Deus, será farto.
“Bem-aventurados os
misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.” (Mt. 5:7)
Que
desejou nosso Salvador dizer com isso?
Esse
vocábulo é aplicado a Deus: Deus é misericordioso, é também reto, santo, justo.
Que
é misericórdia?
A
misericórdia aponta para o senso de compaixão, de parceria com o desejo de
aliviar os sofrimentos.
O
crente é preocupado com a miséria que homens e mulheres sofrem e deseja
aliviá-los.
Esta
é uma bem-aventurança que tem sido muito mal interpretada, quando pessoas
afirmam que, se fizerem algo pelos outros, também receberão de outros
misericórdia.
Essa
bem-aventurança é precedida de outras: sou humilde de espírito, choro diante
dos meus pecados e os da Humanidade, sou manso, porque recebi uma visão
autêntica de mim mesmo, compreendi que não posso criar a justiça a partir de
mim mesmo e agora compreendo que preciso ser uma pessoa diferente para os meus
semelhantes.
Você
já demonstrou compaixão pelas pessoas que exibem amargura e ira?
Ser
misericordioso é compreender que elas são também pecadoras, e aceitá-las.
“Bem-aventurados os
limpos de coração, porque eles verão a Deus.” (Mt. 5:8)
O
coração é o centro da personalidade, e inclui a mente, a vontade, as emoções.
Os
que são bem-aventurados são aqueles que no seu interior há pureza.
Essa
pureza tem correspondência com a singeleza de coração, ou seja, todas as coisas
estão visíveis, nada está escondido.
Ter
o coração limpo significa viver para a glória de Deus em todos os aspectos da
vida e que a isso devemos almejar acima de tudo.
Significa
que desejamos Deus, queremos conhecê-lo, amá-lo e servi-lo.
Os
que possuem esta característica, diz Jesus, verão a Deus.
“Bem-aventurados os
pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus.” (Mt. 5:9)
Os
pacificadores são abençoados porque são completamente diferentes das outras
pessoas, justamente porque são filhos de Deus.
Somente
o homem dotado de coração limpo pode ser pacificador.
E
mais, para ser um pacificador, é necessário que encare a si mesmo de um modo
completamente novo.
Antes
que possa ser pacificador, terá que estar liberto do próprio eu, de interesses
próprios, da preocupação consigo mesmo.
Foi
isso que Jesus fez.
“Porque ele é a nossa
paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derribando a parede de separação que
estava no meio, na sua carne, desfez a inimizade, isto é, a lei dos
mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um
novo homem, fazendo a paz, e, pela cruz, reconciliar ambos com Deus em um
corpo, matando com ela as inimizades.” (Ef. 2:14-16)
Jesus
conclui advertindo que uma pessoa transformada a tal ponto, sofrerá
perseguições.
Pode
haver quem se iluda, quando pensa que o fato de alguém estar sendo perseguido
por ser cristão o insere nestas palavras de Jesus.
Pode
ser que, alguém dentro de uma cadeira por haver dito sim a Jesus Cristo esteja
sofrendo por conjunturas políticas e não necessariamente porque reflete os
predicados que Jesus aqui mencionou.
Jesus
não disse: bem-aventurados os perseguidos por atitudes dignas de objeção e nem
porque estão enfrentando dificuldades, por serem insensatos na maneira de
testemunhar, ou porque são fanáticos.
Ser
justo, praticar a justiça significa ser semelhante a Jesus e os que a Ele se
assemelham, sempre serão perseguidos e nisso não estarão sós.
Amém!!!
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