domingo, 17 de janeiro de 2016

O CARÁTER DO CRISTÃO

Texto Bíblico: Mateus 5:3-11

É sempre motivo de gratidão a Deus estar na sua companhia, para uma série de estudos sobre o Sermão da Montanha.
Para podermos compreender adequadamente as bem-aventuranças, precisamos levar em consideração três perguntas: a primeira fala das pessoas que ouviram os ensinamentos, ou seja, discípulos cristãos; a segunda, das qualidades recomendadas, que são as espirituais e a última das bênçãos prometidas, ou dons da graça de Deus.

Aquilo que Jesus destacou como sendo geradores de bem-aventurança, ou seja, de felicidade, são características de pessoas que já confessaram Jesus Cristo como Salvador e que, por isso, possuem uma nova natureza.
O ideal apresentado por Jesus fala de três aspectos importantes: ele desejava que todos os crentes fossem bem-aventurados, que as qualidades geradoras da bem-aventurança fossem apresentadas por eles e que soubessem que não poderiam ser alcançadas a partir das tendências naturais do ser humano, mas sim pela graça de Deus.
Aqui temos, então, uma das diferenças bem identificadas entre o crente e o incrédulo, e isso nos leva a pensar que a Igreja, quando se propõe a imitar as atividades próprias de não crentes, está incorrendo em erro.
Quando a Igreja é diferente do mundo é que passa a ser procurada pelos desencantados com a vida sem Deus.

“Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.” (Mt. 5:3)
Aqui está a chave para o entendimento das demais.
Ninguém pode adentrar o Reino dos Céus se não for humilde de espírito, ou seja, aqui está a característica fundamental do crente: um esvaziamento da confiança em si mesmo, a humildade de reconhecer que sem Deus é incapaz de caminhar um passo sequer.
Logo, vemos que a condição atinge a ricos e a pobres.
Um homem ou uma mulher pobre não está mais perto do Reino de Deus do que um homem ou uma mulher rica.
O que está em foco é a atitude da pessoa para consigo mesma.
Ser humilde de espírito não significa também ser tímido, fraco e acovardado.
A qualidade que Jesus busca e que traz bem-aventurança fala da completa ausência de orgulho pessoal e do reconhecimento de que nada representamos na presença de Deus, ou seja, sentimo-nos nulos, quando O contemplamos.

“Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.” (Mt. 5:4)
Para Jesus, são felizes os que choram em espírito, porque compreendem que, ao contemplar as suas ações, sentem-se impotentes para corrigi-las: o que há em mim que me leva a agir dessa maneira?
Por que me irrito com tanta facilidade?
Por que não consigo controlar-me?
Por que tenho este mau temperamento?
O crente descobre o conflito que existe dentro dele e chora.
E chora, também, pelos pecados alheios, pela maldade do mundo.
Para estes, Jesus garante consolo.

“Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.” (Mt. 5:5)
A mansidão não é sinônimo de indolência e nem a complacência.
Pelo contrário, a mansidão é compatível com grande força de caráter, com grande autoridade e poder.
O homem manso é aquele que defende a verdade com tal empenho que se dispõe a morrer por ela.
Os mártires foram pessoas mansas, mas não tolas nem débeis.
Para se atingir a mansidão, precisamos antes ser humildes de espírito e chorar diante de nossos erros e dos erros da Humanidade.
A mansidão se expressa na forma como nos conduzimos em relação ao próximo.
Dos mansos, será a Terra.

“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos.” (Mt. 5:6)
Nesse versículo está uma das mais extraordinárias declarações do Evangelho cristão, a carta-magna de toda alma anelante, daqueles que se sentem infelizes com relação a si mesmos, no tocante ao seu estado espiritual, dos que anseiam por uma nova ordem e uma nova qualidade de vida.
Não nos compete ter fome e sede de experiências e de bênçãos, pelo contrário, precisamos ter fome e sede de justiça. 
Ter fome e sede de justiça significa anelar por ser livre do pecado, porque o pecado nos separa de Deus.
Significa querer ser livre do próprio desejo de pecar, ou seja, do próprio "eu".
Ter fome e sede de justiça é o desejo do homem de ser santo.
Quando o filho pródigo teve fome, queria alimentar-se com as bolotas jogadas aos porcos, mas quando estava morrendo de inanição, voltou para o pai.
Aquele que chega e compreende o quanto precisa de Deus, será farto.

“Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.” (Mt. 5:7)
Que desejou nosso Salvador dizer com isso?
Esse vocábulo é aplicado a Deus: Deus é misericordioso, é também reto, santo, justo.
Que é misericórdia?
A misericórdia aponta para o senso de compaixão, de parceria com o desejo de aliviar os sofrimentos.
O crente é preocupado com a miséria que homens e mulheres sofrem e deseja aliviá-los.
Esta é uma bem-aventurança que tem sido muito mal interpretada, quando pessoas afirmam que, se fizerem algo pelos outros, também receberão de outros misericórdia.
Essa bem-aventurança é precedida de outras: sou humilde de espírito, choro diante dos meus pecados e os da Humanidade, sou manso, porque recebi uma visão autêntica de mim mesmo, compreendi que não posso criar a justiça a partir de mim mesmo e agora compreendo que preciso ser uma pessoa diferente para os meus semelhantes.
Você já demonstrou compaixão pelas pessoas que exibem amargura e ira?
Ser misericordioso é compreender que elas são também pecadoras, e aceitá-las.

“Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.” (Mt. 5:8)
O coração é o centro da personalidade, e inclui a mente, a vontade, as emoções.
Os que são bem-aventurados são aqueles que no seu interior há pureza. 
Essa pureza tem correspondência com a singeleza de coração, ou seja, todas as coisas estão visíveis, nada está escondido.
Ter o coração limpo significa viver para a glória de Deus em todos os aspectos da vida e que a isso devemos almejar acima de tudo. 
Significa que desejamos Deus, queremos conhecê-lo, amá-lo e servi-lo.
Os que possuem esta característica, diz Jesus, verão a Deus.

“Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus.” (Mt. 5:9)
Os pacificadores são abençoados porque são completamente diferentes das outras pessoas, justamente porque são filhos de Deus.
Somente o homem dotado de coração limpo pode ser pacificador.
E mais, para ser um pacificador, é necessário que encare a si mesmo de um modo completamente novo.
Antes que possa ser pacificador, terá que estar liberto do próprio eu, de interesses próprios, da preocupação consigo mesmo.
Foi isso que Jesus fez.
“Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derribando a parede de separação que estava no meio, na sua carne, desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, e, pela cruz, reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades.” (Ef. 2:14-16)

Jesus conclui advertindo que uma pessoa transformada a tal ponto, sofrerá perseguições.
Pode haver quem se iluda, quando pensa que o fato de alguém estar sendo perseguido por ser cristão o insere nestas palavras de Jesus.
Pode ser que, alguém dentro de uma cadeira por haver dito sim a Jesus Cristo esteja sofrendo por conjunturas políticas e não necessariamente porque reflete os predicados que Jesus aqui mencionou.
Jesus não disse: bem-aventurados os perseguidos por atitudes dignas de objeção e nem porque estão enfrentando dificuldades, por serem insensatos na maneira de testemunhar, ou porque são fanáticos. 
Ser justo, praticar a justiça significa ser semelhante a Jesus e os que a Ele se assemelham, sempre serão perseguidos e nisso não estarão sós.

Amém!!!


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