quinta-feira, 5 de abril de 2018

AQUELE QUE ME VÊ


"Então, ela invocou o nome do SENHOR, que lhe falava: Tu és Deus que vê; pois disse ela: Não olhei eu neste lugar para aquele que me vê?" (Gn. 16:13)

Vivemos num mundo em que é cada vez mais comum fazermos coisas que capturem o olhar do outro para nós. Nunca estivemos tão à mostra, tão visíveis.
Em nossas redes sociais escolhemos cuidadosamente nossas imagens e curtimos demais nossos links. Todavia, enfrentamos em nosso dia-a-dia momentos de dúvida, de ira, de solidão, de desamparo, de fracasso, de frustração, de caprichos, os quais não sabemos, muitas vezes, como nem com quem compartilhar. Eles raramente cabem no Instagram ou no Facebook. É nessas horas que nos recolhemos em nossos desertos. Isso também aconteceu com uma mulher chamada Agar.

Agar era egípcia, não estava sob as promessas do escolhido Abrão, era uma escrava, deflorada por um homem que não era seu esposo, e na condição de escrava não podia fazer, ou dizer nada.
Mas, a solução bateu à sua porta, ela estava grávida, parecia que seus problemas tinham terminado, sua vida enfim iria melhorar, mas este pensamento lhe foi por laço, ela se esqueceu de sua condição de escrava e começou a sentir-se importante e passou a desprezar a sua senhora, causando a esta afronta, ciúme e inveja. Abrão foi imparcial e Sara a maltratou, de tal modo, que ela teve de fugir de sua presença.
Neste momento da vida de Agar, tudo parece acabado, como uma mulher, escrava, grávida, maltratada, desprezada, e ainda, longe de sua terra natal, sem família e sem amigos, poderia sobreviver? Só há uma saída: DEUS.
Ela fez isso, orou ao Senhor! Deus lhe atendeu e enviou um anjo, ela não recebeu d'Ele nenhum milagre, nada sobrenatural, mas recebeu o que mais precisava: Valor! Ela agora sabia: Deus viu a sua aflição, ouviu sua oração, e lhe enviou um anjo, e tem mais: Deus lhe faz promessas grandiosas. 
Nessa experiência, Agar reconheceu a presença do Senhor e lhe chamou por um nome: El-Roi, que significa “Deus me vê”.
Vamos meditar sobre o maravilhoso poder de Deus de nos ver.

                      I.        O Deus que me vê como ninguém mais

Quando se viu grávida de Abrão, Agar começou a se comportar de um jeito diferente com Sarai, de modo que esta se sentiu desprezada. A reação da dona da casa foi maltratar a serva a ponto de ela não suportar e fugir.
"Ora, Sarai, mulher de Abrão, não lhe dava filhos; tendo, porém, uma serva egípcia, por nome Agar, disse Sarai a Abrão: Eis que o SENHOR me tem impedido de dar à luz filhos; toma, pois, a minha serva, e assim me edificarei com filhos por meio dela. E Abrão anuiu ao conselho de Sarai. Então, Sarai, mulher de Abrão, tomou a Agar, egípcia, sua serva, e deu-a por mulher a Abrão, seu marido, depois de ter ele habitado por dez anos na terra de Canaã. Ele a possuiu, e ela concebeu. Vendo ela que havia concebido, foi sua senhora por ela desprezada. Disse Sarai a Abrão: Seja sobre ti a afronta que se me faz a mim. Eu te dei a minha serva para a possuíres; ela, porém, vendo que concebeu, desprezou-me. Julgue o SENHOR entre mim e ti. Respondeu Abrão a Sarai: A tua serva está nas tuas mãos, procede segundo melhor te parecer. Sarai humilhou-a, e ela fugiu de sua presença." (Gn. 16:1- 6)

O anjo de Deus a encontrou, chamou-a pelo nome, deu-lhe uma direção e lhe fez a promessa de uma descendência incontável, além de abençoar seu bebê.
"Tendo-a achado o Anjo do SENHOR junto a uma fonte de água no deserto, junto à fonte no caminho de Sur, disse-lhe: Agar, serva de Sarai, donde vens e para onde vais? Ela respondeu: Fujo da presença de Sarai, minha senhora. Então, lhe disse o Anjo do SENHOR: Volta para a tua senhora e humilha-te sob suas mãos. Disse-lhe mais o Anjo do SENHOR: Multiplicarei sobremodo a tua descendência, de maneira que, por numerosa, não será contada. Disse-lhe ainda o Anjo do SENHOR: Concebeste e darás à luz um filho, a quem chamarás Ismael, porque o SENHOR te acudiu na tua aflição. Ele será, entre os homens, como um jumento selvagem; a sua mão será contra todos, e a mão de todos, contra ele; e habitará fronteiro a todos os seus irmãos." (Gn. 16:7-12)

Diante dessa experiência, Agar reconheceu que o próprio Deus estava ao lado dela, olhando por ela, e afirmou: El-Roi, Deus me vê!
"Então, ela invocou o nome do SENHOR, que lhe falava: Tu és Deus que vê; pois disse ela: Não olhei eu neste lugar para aquele que me vê?" (Gn. 16:13)

O Deus de Abrão e Sara também se revelou a Agar, fazendo-a alvo de seu amor, independentemente de sua nacionalidade, religião ou condição social. Agar, então, sentiu-se percebida, notada, valorizada.
O Todo Poderoso inclinou-se até ela para confortá-la e dar-lhe a atenção que ninguém mais podia ter dado.

                     II.        O Deus que me vê como preciso

Ao maltratar Agar, Sarai não percebeu que o aparente capricho de sua escrava tinha um motivo: ela queria ser vista de um jeito diferente, talvez como a mãe do filho de Abrão. Mas isso, de fato, não seria possível, não naquela sociedade, não naquele contexto. Só o Senhor a poderia olhar como mãe e como mãe de uma nação.
Para Abrão e Sarai, no entanto, ela seria sempre uma serva.
A direção dada a Agar, a qual ela obedeceu, foi que voltasse e se submetesse a sua senhora.
"Então, lhe disse o Anjo do SENHOR: Volta para a tua senhora e humilha-te sob suas mãos."  (Gn. 16:9)
Embora Sarai não a visse de modo especial, o Senhor a enxergava como ela precisava.
"Disse-lhe ainda o Anjo do SENHOR: Concebeste e darás à luz um filho, a quem chamarás Ismael, porque o SENHOR te acudiu na tua aflição." (Gn. 16:11)

É muito difícil quando pessoas próximas de nós não conseguem nos ver como gostaríamos de sermos vistos. Isso nos fere e nos faz, muitas vezes, fugir da situação.
Esse texto nos ensina que é pela lente do Senhor que precisamos nos enxergar.
A situação de Agar não mudou. Ela voltou e continuou sendo escrava e sendo tratada como escrava, mas ela sabia como Deus a via. E mais ainda, ela sabia que isso era o que mais importava.

Um dia, nós que conhecemos o Senhor, percebemos que Ele nos olhava e nos tornamos seus filhos.
Mas conforme nossa jornada nessa terra vai se complexificando, temos prazer em receber outros olhares, e começamos a alimentar esse desejo e, muitas vezes, viver em função deles. Queremos ser elogiados, prestigiados, amados.
Brigamos com pessoas que não nos olham como esperávamos, ficamos com raiva delas e até cortamos relações.
Nosso sofrimento, entretanto, é fruto de uma busca equivocada, por olhares que não têm condição de nos ver como desejamos.
A resposta para a nossa dor, na maioria das vezes, está dentro de nós.
O que nos frustra nesta vida? Não seriam os nossos sentimentos, as nossas expectativas?
Sofremos porque achamos que somos alguém, que temos direitos, que somos melhores, ou mais importantes do que os outros, e quando alguém nos trata diferente disso, a casa cai, e ficamos embrutecidos, decepcionados, e sabe Deus o que mais.
Aprenda que o seu valor vem de Deus e não dos homens.
DEUS É NOSSO EL-RÓI.
Ele está te vendo agora, não pense que Ele se esqueceu de você, não pense que Ele seja injusto, ou permita que injustiça prevaleça no fim. Ele não fica devendo nada para ninguém, Ele virá no momento certo e lhe restaurará, apenas se humilhe e Deus lhe exaltará, quando você estiver preparado para receber, nem antes e nem depois.
Precisamos enxergar aquele que nos vê, que nos achou, que nos amou independentemente do que somos ou da posição em que estejamos.

Amém!!!

Nenhum comentário: