“Um dos malfeitores crucificados blasfemava contra ele, dizendo: Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também. Respondendo-lhe, porém, o outro, repreendeu-o, dizendo: Nem ao menos temes a Deus, estando sob igual sentença? Nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o castigo que os nossos atos merecem; mas este nenhum mal fez. E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino. Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.” (lC. 23:39-43)
Haviam dois caminhos que saíam de Jerusalém. Um deles descia para
Jericó e o outro subia em direção ao Gólgota. Ao longo do primeiro, os
marginais viviam sua vida corrupta roubando, violentando e aterrorizando
inocentes viajantes.
Ao longo do segundo, esses mesmos marginais pagavam o preço de sua vida
errada, carregando uma cruz para serem mortos no topo da montanha. O lugar era
chamado o “Monte da Caveira” por que era ali que os delinquentes eram
executados.
Naquele tempo não existia maneira mais cruel e humilhante de se punir
uma pessoa. Nem a moderna cadeira elétrica, a guilhotina ou a forca podem ser
comparadas com a desgraça e o miserável sofrimento que suportava o marginal lá
pendurado.
Eram minutos e horas, morrendo lentamente na cruz. De dia o sol queimava sem piedade suas carnes; à noite então, o vento gelado da montanha castigava o corpo enfraquecido do moribundo.
A morte na cruz era símbolo da morte do pecador que vai morrendo
lentamente, atormentado pelo sol da culpabilidade ou pelo frio gelado da
consciência, sempre afligindo e gritando interiormente: “Você não presta. Você
nunca conseguirá sair daqui. Tudo o que você merece é a morte”.
Havia momentos em que o condenado implorava a morte. Era preferível
morrer a viver morrendo.
Você já se sentiu assim alguma vez? Esmagado, achando que não vale nada. Três cruzes levantaram-se lá no topo da montanha, e três transgressores estavam ali prontos a morrer.
Os ladrões tinham quebrado a lei Romana. Jesus, a lei de Jerusalém.
Eles tinham quebrado a lei de Deus. Jesus tinha apenas quebrado a tradição. O
legalismo nunca percebera a diferença.
No meio daquelas cruzes pendia Jesus, suportando o pior dos três.
Você já pensou no significado daquela morte? A missão de Jesus tinha sido sempre a de salvar os pecadores. Viveu com eles, procurou-os onde estavam e achou-os, amou-os, perdoou-os, transformou-os e agora morria entre eles.
Ele passou as últimas horas da sua vida na companhia dos pecadores, não com os cidadãos que se julgavam bons e direitos, mas com ladrões, assassinos, marginais tão cruéis que tinham sido amarrados na cruz para morrer como bestas do deserto, exterminados como animais selvagens porque o mundo tinha perdido a esperança de reformá-los.
Temos que lembrar sempre que o nosso Mestre, o Senhor Jesus, viveu e
morreu entre os pecadores para poder salvá-los. Pode haver um momento na vida
em que, cansados de escorregar vez após vez, olhamo-nos no espelho da vida e
clamamos desapontados: “Não adianta, eu nunca conseguirei.”
Pode ser que por algumas circunstâncias , estejamos a ponto de perder a consciência em nós mesmos. O mundo não acredita mais em você. A família não acredita, nem a igreja, nem as pessoas mais próximas e nem você mesmo; mas por favor, olhe para o topo da montanha e veja seu amigo Jesus morrendo e gritando: “Filho, eu acredito em você, para Mim você não é um caso perdido, porque você acha que Eu estou aqui pendurado entre ladrões?” A crucifixão revelou o que há de pior no coração humano, concentrando toda a sua vileza e ódio na pessoa de Jesus.
Lá na montanha do calvário, três homens olhavam um para o outro, no momento da morte. Parte da tortura era contemplar a agonia do homem ao lado. De repente, um deles olhou para Jesus e disse: “Senhor, se Tu és o Cristo, salva-te a Ti mesmo e a nós também”.
Ele mantinha o seu orgulho e justificação própria até o final. Ele
disse: “se”, palavra ridicularizante de dúvida e acusação que os homens
continuam usando até hoje. Na realidade, ele estava dizendo: “você não é melhor
do que eu. Você precisa tanto de ajuda quanto eu e ainda mais porque você está
no meio.
Você diz que é o Filho de Deus, o Rei de Israel. Quero ver se consegue
fazer alguma coisa agora.” Você já percebeu que enquanto Cristo acreditava nos
homens, estes sempre duvidaram d’Ele?
O ladrão disse: “Se Tu és o Cristo, salva-te.” Os sacerdotes disseram:
“Se Tu és o Rei desce.” Satanás disse: “Se Tu és o Filho de Deus, lança-Te.”
Mentes arrasadas pela dúvida reclamaram sempre uma demonstração de poder, como se o poder fosse capaz de fazer o que não fizera o amor. O anelo supremo do ser humano sempre foi o de se ver livre do sofrimento. “Salva-Te a Ti mesmo e a nós também”, pedimos.
Nós escaparíamos da crucifixão se pudéssemos, mas aliás, buscamos mais a Deus quando estamos com problemas. Jesus sofreu sozinho pelo povo que amava, por que aqueles que d’Ele escarneciam com o terrível “Se...” Jesus não castigou aquela falta de fé.
Apenas pediu perdão para aqueles que zombavam d’Ele. E esta atitude
ascendeu a esperança em um dos ladrões. “Claro” – pensou ele – “se o perdão é
para os que O estão crucificando, ele pode ser para mim também.” Algum tempo
atrás ele havia visto Jesus amando e curando as pessoas.
Naquela ocasião tinha se sentido impelido a abandonar sua vida de crimes, mas rejeitou o convite divino, continuou sua vida errada, e agora estava sofrendo a terrível consequência de sua decisão. Perceba que suas primeiras palavras não são um pedido de perdão, mas de defesa para Jesus.
Olhando para o outro ladrão disse: “Você não tem medo de Deus, estando
na mesma situação? Nós juntamente pagamos o preço de nossos erros, mas este
homem não fez nada errado.” Era verdade, Ele não tinha feito nada de errado. Se
algum erro podia se Lhes atribuir seria apenas o fato de amar o ser humano com
um amor sem limite.
Mas ali estava Ele, pendurado entre o passado e o futuro, entre a vida e a morte, entre o presente a eternidade. Ali estava Ele pendurado na cruz. O arrependido ladrão reconheceu sua culpa: “Nós com justiça sofremos”. Ele admitiu que era um pecador que precisava de ajuda, e estava disposto a procurá-la, mesmo que fosse na última hora de sua vida. E eu e você, o que faremos com a nossa vida cheia de falhas?
O primeiro ladrão acusou a Jesus de ser tão culpado quanto ele. O segundo rejeitou o orgulho e a justiça de seu colega, declarando: “Este não fez nada de errado.” E arrependido, agora suplicou: “Senhor, lembraTe de mim quando entrares no Teu reino.”
Veja o homem agonizante falando para o Deus homem em agonia. Veja como o ladrão arrependido dá a Jesus outra oportunidade de realizar aquilo pelo qual o Senhor deixara o céu – salvar pecadores da eterna perdição. Não importa como você está amigo, você pode falar com Deus, pedindo-Lhe ajuda. O que Jesus mais quer é uma oportunidade para atuar em sua vida.
O ex-ladrão não pediu liberação do sofrimento ou vingança contra os seus carrascos. Ele disse: “Lembra-Te de mim.”
O que havia em seu passado que valesse a pena lembrar? Crimes, desonestidade, rejeição de oportunidades de endireitar sua vida? Realmente, não havia nada que valesse a pena relembrar, contudo ele disse: “Lembra-Te de mim”, porque embora não tivesse um bom passado, ele tinha um presente, e nesse presente ele aceitou por fé aquele Deus homem que estava morrendo ao seu lado.
Ele creu, percebeu a miséria de seu passado e arrependeu-se. Foi o
único homem que teve fé no agonizante Salvador nessa hora terrível e, apesar de
estar envolto pelas sombras da morte, olhou para Jesus e pensou: “Senhor, Tu és
a minha vida!”
Quando tudo parecia perdido, quando até os discípulos de Jesus tinham perdido a fé, este estranho na cruz creu. Este é o maior testemunho de fé em toda a Bíblia. Esta é a mais incrível história de conversão.
Muitos creram no Cristo dos milagres, dos alimentos multiplicados e dos
atos extraordinários, mas só o ladrão acreditou que a vida poderia vir d’aquEle
ser agonizante e enfraquecido. Você entende amigo, mesmo que seu passado tenha
sido negro, no presente, Jesus quer mudar sua vida.
A fé desse homem animou Jesus naquela hora tenebrosa e encorajou-O a
continuar Sua missão. Luzes saíram da escuridão e iluminaram o cenário. E a paz
repousou no rosto de ambos na cruz. Até aquele momento três homens estiveram
morrendo sozinhos.
Depois disto, só um deles ficou sozinho, os outros dois morreram juntos. Simplesmente, creia neste que morreu para nos salvar. Embora todas as posses tivessem sido tiradas dos condenados, ninguém podia tirar do ex-ladrão o poder da fé, e ninguém seria capaz de tirar de Jesus o poder do perdão.
Agora veja como a fé do homem arrependido alcançou outros em meio à
multidão. Através de sua conversão, o centurião encarregado da crucifixão
também se converteu. Aqui está a essência do plano da salvação: Jesus ofereceu
perdão, um ladrão o aceitou, e seu testemunho leva um centurião a aceitar
também a Jesus. Quantos mais terão aceito a Jesus naquela ocasião?
Só Deus e a eternidade o dirão. Agora, da cruz, símbolo de ofensa e vergonha, vem a certeza da salvação. “Hoje”, disse Jesus, “apesar de meu aparente fracasso, Eu te prometo que estarás comigo no paraíso.” Que contraste entre o início e o fim daquele dia na vida do ladrão!
Ao nascer o dia ele estava condenado, culpado, esperando com medo a hora da morte, o último sofrimento, a mais terrível punição, a suprema humilhação. Mas ao entardecer, o mesmo 6 homem tornou-se uma pessoa salva, perdoada, sem culpa, limpo de todo o pecado passado, porque alguém morreu ao seu lado e pagou o preço.
É assim que opera o evangelho na vida das pessoas. O primeiro ladrão
pediu pra ser liberado do castigo que seus erros mereciam e morreu em seus
pecados. O segundo aceitou o castigo terreno mas achou libertação da morte
eterna. Alguns podem tomar o ex-ladrão como exemplo e dizer: “Peço agora e me
arrependo depois”.
Mas este seria um caminho perigoso. A história Bíblica nos diz que um se arrependeu e o outro não. O Senhor perdoará, mas o preço da aceitação adiada é muito mais alto. Nós o pagamos com a nossa vida consumida, e, além do mais, corremos o perigo de não aceitá-Lo no momento final.
Nunca é tarde para Deus, mas pode ser tarde para nós, se adiarmos a decisão. Quem pensa: “Peco agora e me arrependo depois”, não conhece os devastadores efeitos do pecado na vida. Deus está esperando minha decisão, antes que o pecado arruíne minha vida ao ponto de Ele não poder mais livrar-me do sofrimento físico em consequência de meus atos.
CONCLUINDO:
Dois caminhos saíam de Jerusalém. Um para Jericó, outro para o
calvário. No caminho para Jericó, certo dia um homem arriscou sua vida para
cuidar da vítima de um ladrão, e pagou por ele o preço de seu tratamento.
No caminho que sobe ao calvário, outro homem, voluntariamente e por
amor; tornou-se a vítima e pagou com Sua própria vida a cura da culpabilidade
do ladrão. Não gostaria você de olhar para o calvário e exclamar também:
“Senhor, Tu és a minha vida?”
Assim como Jesus tornou-se a solução para a vida daquele ladrão, Ele deseja ser a solução para a nossa vida. Olhemos para o calvário e aceitemo-Lo como nosso Salvador.
Amém!!!
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