“Aconteceu que, ao apertá-lo a multidão para ouvir a palavra de Deus, estava ele junto ao lago de Genesaré; e viu dois barcos junto à praia do lago; mas os pescadores, havendo desembarcado, lavavam as redes.“ (Lc. 5:1-2)
Em alguns momentos de nossa vida nos achamos como
aqueles discípulos de Jesus Cristo junto ao lago de Genezaré, com sono,
desanimados, barco vazio sem nenhum peixe, desejo de ir para casa dormir e não
fazer mais nada naquele dia.
É muito triste uma pessoa ser um especialista numa
coisa e vê seu trabalho ir por água abaixo, ou seja, não obter êxito e nem
sucesso naquilo em que ele é um profissional e domina muito bem. Foi o caso dos
melhores pescadores da Galiléia, teve um dia em que não pescaram absolutamente nada,
e com que argumento iriam enfrentar o dono dos barcos, o peixeiro Zebedeu? Que
aguardava ansioso o produto de uma noite inteira de trabalho?
Sempre temos um dia daqueles em nossa vida, quando
nada dá certo ou muito menos obtemos sucesso naquilo que estamos acostumados a
fazer ou realizar.
Dar uma pausa em determinada estação da vida é algo perfeitamente normal e, algumas vezes, as pausas são até necessárias. Elas têm a ver com um tempo de descanso, de reflexão, de realinhamento, de ajustes e de renovação das forças para a próxima estação. O problema é quando a pausa é uma necessidade de fuga, uma corrida para longe do propósito de Deus.
Quando Jesus veio até ao mar da Galileia, onde Ele
chamou os seus primeiros discípulos, Ele encontrou a Pedro e outros voltando de
uma noite intensa de trabalho, frustrados, porque não haviam pescado nada. Eles
estavam lavando as suas redes.
Jesus viu de longe o grande desânimo dos pescadores e logo tratou de se aproximar deles, mesmo tendo em sua volta uma grande multidão. Acho que aqueles profissionais da pesca ficaram impressionados de ver tanta gente na praia, e foi ai que aumentou a vergonha deles, pois é possível que tenham pensado que eles estavam à espera dos peixes.
Lavar as redes era algo comum para os pescadores, que depois de voltarem da pesca, tiravam delas toda a sujidade e o mau cheiro que ficava impregnado nelas, colocando-as ao sol para secarem, até estarem prontas para a volta ao mar.Mas naquele dia, Jesus pediu o barco de Pedro emprestado para pregar às pessoas que ali estavam para ouvi-Lo. Depois de tê-lo feito, mandou que Pedro voltasse para o mar e lançasse novamente as suas redes.
“Quando acabou de
falar, disse a Simão: Faze-te ao largo, e lançai as vossas redes para pescar.“ (Lc. 5:4)
A lógica humana nem sempre corresponde à lógica de Deus.
Jesus procedeu assim porque nós somos propensos a desistir com facilidade das coisas. Em muitos casos não somos persistentes, nem temos esperança renovada, ou seja, aquela que vence as dificuldades pela fé. Quantas vezes deixamos de receber uma benção das mãos de Deus porque não sabemos esperar e nem ser constante em oração, crendo que o Senhor está no controle de todas as coisas.
Lavar as redes é um sinal de quem está entregando os pontos, jogou a toalha e não leva para casa o produto do seu trabalho, mas leva a tristeza, o desânimo e o cansaço.
Jesus queria ensinar aos seus discípulos que os peixes nunca saíram do mar, porém, eles estavam no mar de águas profundas, o chamado mar alto e para chegar até lá é preciso remar, remar, remar com mais força e disposição.
Deus quer nos abençoar, mas para isso nos mandar
tomar posição, e fazer coisas com o aval, a aprovação de Cristo.
Bastou os discípulos irem para o mar com O Senhor Jesus,
que os peixes, a benção, chegou em suas vidas. Jesus recomenda que lancem as
redes novamente ao mar. Recomendação sem muita lógica, porém aceita.
Gosto da resposta que Pedro deu a Jesus: “Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos; mas, sobre a tua palavra, lançarei a rede.” (Lc 5:5)
Ele creu na palavra de Jesus e decidiu lançar as
redes, sobre aquela palavra.
E o ilógico foi o que aconteceu em seguida: uma grande quantidade de peixes apareceu na rede.
O resultado foi que houve uma pesca maravilhosa,
tantos foram os peixes, que tiveram que chamar outros barcos para lhes
ajudarem, para que não afundassem.
“Isto fazendo,
apanharam grande quantidade de peixes; e rompiam-se-lhes as redes. Então,
fizeram sinais aos companheiros do outro barco, para que fossem ajudá-los. E
foram e encheram ambos os barcos, a ponto de quase irem a pique.” (Lc. 5:6-7)
Ao invés de muita risada e satisfação pela multidão
dos peixes, o que houve foi temor. Pedro e seus sócios ficaram aterrorizados
com tamanha fartura? Não! Ficaram aterrorizados com tamanha autoridade.
Mas antes de tudo isto acontecer eles estavam tristes, frustrados, envergonhados, cansados, decepcionados, desistidos. Começaram a lavar as redes para guardar.
Não vou entrar na questão se era certo Pedro estar a lavar as redes ou não, se devemos fazê-lo ou não quando estamos cansados e frustrados, mas quero apenas pensar em como Jesus nos alcança em nossos momentos de desgosto, de cansaço e de desesperança.
Lavar as redes em nosso contexto soa como aqueles momentos em que decidimos parar, dar um tempo, ir embora e “entregar os pontos”. Mas com Jesus nem tudo está perdido.
Ele vem até nós e nos encontra em nossos sofrimentos
e frustrações e nos alinha de novo.
Naquele mesmo lugar, Ele mostrou a Pedro e aos seus
companheiros que depois de uma noite de luta, pode acontecer grandes coisas ao
amanhecer.
Pedro foi desafiado por Jesus a lançar aquelas redes novamente no mar, e quando o fez, com sucesso, mandou que deixasse agora aquelas mesmas redes a fim de ser um dos seus discípulos, agora não mais um simples pescador de peixes, mas “um pescador de almas.“
“E disse Jesus a
Simão: Não temas; de agora em diante serás pescador de homens. E, levando os
barcos para terra, deixaram tudo, e o seguiram.“ (Lc. 5:10-11)
Muitas vezes vemos Jesus atraindo multidões que
apenas queriam os peixes e os pães somente.
Por que você quer Jesus? Por que você segue Jesus? Há algo que você deseja de Jesus mais do que Ele mesmo?
“Eles deixaram tudo”! Não parece uma loucura,
ilógico? Mas é exatamente isso que devemos entender. A lógica humana não serve
para seguir a Jesus.
Seguir Jesus implica em morrer para si mesmo. É
loucura! Seguir Jesus significa abrir mão de sua própria vontade. É Ilógico!
Seguir Jesus implica em levar a cruz. Sem sentido!
O sentido da vida muitas vezes não tem sentido.
Note que não há sentido no mundo de hoje. Pessoas
boas morrem e ruins vivem. Pessoas muito boas não tem o mínimo para sobreviver,
enquanto pessoas não tão boas têm para desperdiçar. Uns sofrem a vida inteira
outros só conhecem a alegria.
Qual o sentido nisso? Será que isto tudo é vaidade
como escrito em Eclesiastes? O reino de Deus é um reino de sensibilidade e um
reino de lógica simplesmente.
A verdade é que as crises podem muito bem revelar a verdadeira motivação de seguirmos a Jesus.
Sinceramente, creio que há mais gente seguindo a
Jesus hoje com medo do inferno do que empolgada e alegre com o céu. Há mais gente seguindo pelo "Pão" e
pelo "Peixe", do que pelo desafio a ser descoberto.
Nenhum dos discípulos compreendeu completamente que
seguir a Jesus implicaria abrir mão dos peixes, e não somente isso, mas abrir
mão da própria vida também.
A crucificação foi também um divisor de águas para os discípulos, pelo menos no sentido de entenderem o real chamado de Jesus para suas vidas.
É preciso olhar para cruz a fim de identificar o
nosso chamado como seguidores de Cristo hoje.
O evangelho da lógica precisa dar lugar ao evangelho
da sensibilidade.
Enquanto o chamado de Jesus culminou na cruz, afinal
foi onde Ele disse “está consumado”, o
nosso tem necessariamente de começar na cruz.
Falta essa sensibilidade aos cristãos atualmente.
Esse é o verdadeiro chamado do cristão, deixar tudo para não perder o PESCADOR.
Jesus viu que a atitude deles era de quem havia encerrado o trabalho sem êxito, sem terem apanhado nenhum peixe. É tanto, que Jesus entrou em um dos barcos e começou a falar com mais ênfase o seu sermão à multidão que o seguia. Porém, depois que Ele ensinou a Palavra com amor aquelas pessoas que se molhavam à beira da praia para ouvir Jesus, Ele mandou que Pedro se dirigisse para o mar alto e lançasse as redes.
Jesus procedeu assim porque nós somos propensos a desistir com facilidade das coisas.
Pedro foi chamado para uma causa muito maior, um
projeto poderoso e eterno.
Jesus tem este mesmo projeto para sua vida.
Portanto, não desista de lançar a sua vida sobre a
palavra do Senhor. Ele acredita em você. Se até agora você sente que tem apenas
lavado as redes em alguma área da sua vida, pode ser que ainda hoje ouça a voz
do Senhor a mandar que volte a alto mar para vivenciar um grande e poderoso
milagre.
Deus não desistiu de você!
Amém!!!
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