Quem não conhece a famosa passagem onde
é narrado o momento em que o povo judeu se desespera ao ver o Mar Vermelho na
frente e faraó vindo atrás? Deste episódio já saiu inúmeras mensagens, porém,
como a palavra de Deus se renova a cada dia, tenho certeza que mais uma vez
iremos tirar valiosas lições desse episódio tão marcante na história do povo de
Israel.
Os Israelitas foram escravizados pelos
egípcios durante quatrocentos e trinta anos. “Ora, o tempo que os filhos de Israel habitaram no Egito foi de
quatrocentos e trinta anos.” (Êx. 12: 40)
Após este período, liderados por Moisés,
cerca de seiscentos mil homens, além de mulheres e crianças, foram libertos do
Egito por faraó, que já não aguentava tantas pragas vindas por parte de Deus. “Assim, partiram os filhos de Israel de
Ramessés para Sucote, cerca de seiscentos mil a pé, somente de homens, sem
contar mulheres e crianças.” (Êx. 12:37)
Em uma visão simbólica temos nos dias
atuais o Egito como velha vida, tempo de escravidão ao pecado, ou também
podemos comparar com algum momento de luta, de crise que todos nós passamos.
Esta multidão caminhava rumo à liberdade
e à terra prometida, mas era um povo com mentalidade de escravos, nasceram já
em escravidão, viveram a vida inteira apanhando e trabalhando apenas pela
comida e moradia.
Apesar de libertos os israelitas ainda
não estavam preparados para agir como povo livre, e tanto não estavam que a Bíblia
nos conta que Deus preferiu não guia-los pela rota dos filisteus, embora fosse
um caminho mais curto, pois se povo defrontasse com as guerras iria querer voltar
ao Egito. “Tendo Faraó deixado ir o povo,
Deus não o levou pelo caminho da terra dos filisteus, posto que mais perto,
pois disse: Para que, porventura, o povo não se arrependa, vendo a guerra, e
torne ao Egito.” (Êx. 13:17)
Muitas vezes Deus nos concede a
liberdade para trilhar nosso próprio caminho rumo a nossa vitória, porém quando
nos depararmos com esse caminho aberto, temos que buscar sempre a direção de
Deus, pois ainda não estamos preparados para trilhar este caminho, se querermos
andar por nossa própria conta, é bem provável que escolheremos trilhar o
caminho mais curto, e correremos o risco de nos depararmos com circunstância
que vão fazer voltarmos para trás, voltarmos à nossa “zona de conforto.”
Deus mudou a rota dos Israelitas, pois Ele
sabia qual era o melhor caminho para o povo seguir, e também sabe qual é o
melhor caminho para nós.
Deus ia durante o dia numa coluna de
nuvem e durante a noite numa coluna de fogo diante dos israelitas, assim o povo
podia caminha de dia e de noite, sem ter que padecer com o calor do dia e o
frio da noite.
Então Deus ordenou a Moisés que o povo
acampasse a beira do Mar Vermelho, assim Deus endurece o coração do Faraó
fazendo-o que perseguisse o povo.
Quando o povo olha para trás e vê faraó
vindo ao encontro deles e olha para frente e vê o mar, todos entram em
desespero achando que iam morrer. “E,
chegando Faraó, os filhos de Israel levantaram os olhos, e eis que os egípcios
vinham atrás deles, e temeram muito; então, os filhos de Israel clamaram ao SENHOR.
Disseram a Moisés: Será, por não haver sepulcros no Egito, que nos tiraste de
lá, para que morramos neste deserto? Por que nos trataste assim, fazendo-nos
sair do Egito? Não é isso o que te dissemos no Egito: deixa-nos, para que
sirvamos os egípcios? Pois melhor nos fora servir aos egípcios do que morrermos
no deserto.” (Êx. 14:10-12)
O povo então começa a se queixar com
Moisés, e após pedir que o povo não temesse, ele então clama ao Senhor e Deus
lhe responde, de uma forma interessante, perguntando por que Moisés estava
clamando a Ele, que Ele ordenasse ao povo que marchasse. “Disse o SENHOR a Moisés: Por que clamas a mim? Dize aos filhos de
Israel que marchem.” (Êx. 14:15)
Os egípcios estavam atrás e o Mar
vermelho a frente.
Então aí Deus começa a resolver os
problemas, primeiro a nuvem que ia adiante do povo se coloca entre eles e os
egípcios provocando trevas para os egípcios e deixando o povo com luz, assim
Faraó não pode se aproximar dos israelitas a noite toda.
Pois bem o problema dos egípcios foi
resolvido, agora falta saber como encarar o mar na frente deles, então Moises
estende a vara sobre as águas e um vento oriental vem e dividi as águas em duas
paredes, e o povo durante toda a madrugada passa a seco dentro do mar. Para a
coisa ficar mais dramática ainda Deus permitiu que Faraó perseguisse o povo até
a metade do mar, onde então Ele provocou uma confusão entre os egípcios, assim
quando todos os Israelitas atravessaram o mar, Moisés, ao raiar do dia estendeu
a vara e todos os egípcios morreram afogados. “Disse o SENHOR a Moisés: Estende a mão sobre o mar, para que as águas
se voltem sobre os egípcios, sobre os seus carros e sobre os seus cavalarianos.
Então, Moisés estendeu a mão sobre o mar, e o mar, ao romper da manhã, retomou
a sua força; os egípcios, ao fugirem, foram de encontro a ele, e o SENHOR
derribou os egípcios no meio do mar. E, voltando as águas, cobriram os carros e
os cavalarianos de todo o exército de Faraó, que os haviam seguido no mar; nem
ainda um deles ficou.” (Êx. 14:26-28)
Esta é uma das maiores proezas
realizadas por Deus, uma maravilha executada pelo Senhor para libertar o povo.
Porém aqui eu faço algumas indagações:
primeiramente, se o povo acampou durante um bom tempo perto do mar, por que
Deus esperou a situação ficar desesperadora?
Em segundo lugar, Deus não quis que o
povo passasse pela guerra dos filisteus, e preferiu deixar o povo numa
emboscada com o mar na frente e Faraó atrás?
Respondendo última pergunta, Deus
conhece e sabe o que nós podemos suportar, ele não nos prova mais do que
podemos aguentar. “Não vos sobreveio
tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel e não permitirá que sejais
tentados além das vossas forças; pelo contrário, juntamente com a tentação, vos
proverá livramento, de sorte que a possais suportar.” (I Co. 10:13)
Deus sabia que o povo não tinha
condições para encarar já de cara guerras, mas tinha condições atravessar o
mar.
Talvez você esteja indo em direção a sua
benção e se encontra em frente ao “mar” e “Faraó” atrás e você diz: “não vou
suportar, acho que vou cair”. Se Deus permitiu você se chegar até aí é porque
você tem condição sim de suportar, encontre a fé e a força que está escondida
dentro do seu coração.
Mas e a primeira pergunta que fiz antes,
porque Deus permitiu a situação chegar ao extremo? Se o jeito era ter que
passar pelo meio do mar, ok, mas não podia ter aberto antes dos egípcios os
encurralar?
Bom, poder Ele pode porque Deus pode
tudo, mas Deus tem alguns mistérios interessantes, e um deles é este: Deus
espera nos chegarmos ao nosso último grito de socorro para agir, ou no caso
aqui, para mandar o povo agir.
O mar na frente e Deus manda o povo
marchar. “Deus estava dizendo ‘marchar é com vocês e abrir o mar é comigo’”.
Primeiro somos nós que temos que fazer
alguma coisa, e muitas vezes não adianta nós clamarmos e clamarmos. Precisamos
entender a hora de orar e a hora de agir. Tem pessoas que vão orar a vida
inteira e nada vai acontecer, pois tem milagres que só vão acontecer se nós
fizermos a nossa parte. É bem verdade que tem pessoas que ficam agindo para
tudo que é lado e nada de oração, aí também não dá, por isso uma comunhão com o
Espirito Santo em nossa vida é fundamental, pois só assim teremos discernimento
para tomarmos as atitudes na hora certa.
Voltando ao Mar vermelho, Deus podia sim
ter resolvido as coisa antes, mas Deus gosta de ver nossa fé. É fácil crer em
uma solução quando ainda não existe o problema.
Creio que se perguntassem para o povo se
eles tinham fé que Deus podia abrir o mar, acho que todos diriam que sim, pois
eles viram o poder de Deus manifesto destruindo o Egito com pragas e estavam
contemplando a nuvem de gloria de dia e o fogo à noite.
Porém quando bateu o desespero, eles se
esqueceram do Deus grande que eles tinham, e foram se queixar a Moisés o porquê
de ter tirado eles do Egito para morrer ali no deserto. “Não é isso o que te dissemos no Egito: deixa-nos, para que sirvamos os
egípcios? Pois melhor nos fora servir aos egípcios do que morrermos no
deserto.” (Êx. 14:12)
Muitas vezes no desespero e na crise,
esquecemo-nos das maravilhas que Deus já operou em nossas vidas, começamos a
murmurar e achar que o estado de escravidão era melhor do que a crise que
estamos passando hoje, porém não lembramos que o mesmo Deus que teve poder para
nos libertar da escravidão tem poder para fazer nós passarmos por qualquer
crise, e aquele que começou a boa obra é fiel para terminar. “Estou plenamente certo de que aquele que
começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” (Fp.
1:6)
Porém mesmo presenciando a mesma
situação que o povo presenciava, ele Moisés não se esqueceu do Deus que servia,
“Moisés, porém, disse ao povo: Não temais; estai quietos, e vede o livramento
do Senhor, que ele hoje vos fará; porque aos egípcios que hoje vistes, nunca
mais tornareis a ver. “Moisés, porém,
respondeu ao povo: Não temais; aquietai-vos e vede o livramento do SENHOR que,
hoje, vos fará; porque os egípcios, que hoje vedes, nunca mais os tornareis a
ver.” (Êx. 14:13)
Isto Moisés declarou antes mesmo de
clamar a Deus, depois de ter dito isso ele foi orar e numa linguagem mais
informal pediu “Ó Deus eu já profetizei e cri, agora me livra dessa”. Então
Deus manda o povo marchar, pois no momento que eles parassem de murmurar e
começassem a marchar o mar seria aberto.
Por isso não perca a fé e a
tranquilidade na hora da crise, o nosso Deus é assim mesmo, age pela fé, por
isso Ele nos prova até o máximo que nós podemos aguentar e o que Ele espera é
que façamos como Moisés, que mesmo presenciando toda a situação e sem saber
como, já cria que Deus ia dar um livramento como nunca tinha sido visto antes e
nem seria visto depois.
Creia que se Deus já te trouxe até aqui,
Ele está com você e Ele não vai te abandonar, marche e veja o mar se abrindo,
ainda que seja no desespero, Deus conhece seus limites e não vai deixar nada
daquilo que não possa suportar venha sobre você. Ele vai te dar um escape, e
depois você vai cantar, já no outro lado do mar, e contemplar as maravilhas que
Deus fez em sua vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário