quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

O DESEJO DO REI

“E teve Davi desejo e disse: quem me dera beber da água da cisterna de Belém que está junto a porta!” (II Sm. 23:15) 

As últimas palavras de alguém geralmente não são quaisquer palavras, mas é o último grito da alma. Quando um ser humano tem a oportunidade de falar antes da morte, não fala coisas triviais, porém aquilo que mais desejou, ou expressa o medo que está sentindo, ou escolhe uma ou mais pessoas que ama para falar-lhes ao coração. 

O que a Bíblia relata como as últimas palavras de Davi pode ter sido de fato o seu último discurso, ou o seu último salmo. Nele encontramos a sua assinatura como sendo aquele que fala porque o Espírito do SENHOR o inspira. “O Espírito do Senhor falou por mim, e a sua palavra está na minha boca.” (II Sm. 23:2) 

Davi era um homem de muito discernimento espiritual. Ele estava muito a frente de seu tempo, no que se refere a conhecimento de Deus e intimidade com Ele.

Um dos maiores adoradores de todos os tempos e o autor com maior número de Salmos publicados no Livro dos Salmos.

Vemos que suas poesias e canções, consagradas ao Senhor são cheias de revelação e profundidade, como por exemplo, o Salmo 139, onde temos um profundo conhecimento da Onisciência, Onipresença e Onipotência de Deus.

É um servo de Deus admirável. Digno de ser imitado em seus acertos, e motivo de sabedoria no que se refere aos seus erros.

Se seguirmos os passos acertados de Davi, seremos muito felizes. Desfrutaremos de um relacionamento sincero com Deus e isso nos levará a lugares que nunca imaginamos. 

Davi reconhece que cada um dos salmos que compôs, compôs mediante a inspiração divina.

Apesar da bagunça familiar em que vivia, Deus lhe havia feito uma promessa, e ele confiava plenamente na fidelidade do SENHOR em cumpri-la. “Ainda que a minha casa não seja tal para com Deus, contudo estabeleceu comigo uma aliança eterna, que em tudo será bem ordenado e guardado, pois toda a minha salvação e todo o meu prazer está nele, apesar de que ainda não o faz brotar.” (II Sm. 23:5)

Esta é uma prova contundente de que Deus tem poder de extrair da confusão, a bênção. Porque vivemos em meio a uma grande confusão. Tudo ao nosso redor, ao invés de melhorar, desanda. E mais desordenado ainda é o nosso coração. Um momento estamos bem, no outro, não. Uma hora estamos felizes, pouco depois algo nos causa tristeza. Hoje estou em paz com Deus, amanhã negligencio a minha comunhão. É um caos interno que nos maltrata constantemente.

O apóstolo Paulo confessou: "Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?" (Rm. 7:24)

Só que assim como Deus tinha um chamado especial para Davi e para Paulo, apesar de suas inconstâncias e debilidades, Ele tem um chamado para cada um de nós, hoje. E nós? Estamos dispostos a aceitar o convite do Eterno? Até que ponto vai a sua fidelidade? Até onde está disposto a ir por amor ao SENHOR? 

O capítulo de hoje não encerra nas últimas palavras de Davi, mas destaca o papel de um grupo de homens que ficou conhecido como: os valentes de Davi.Eram homens de guerra, mas não como os demais. Eram extremamente zelosos, extremamente corajosos e extremamente leais ao rei. Servir a Davi era a vida daqueles homens. 

Quanto vale a lealdade daqueles que nos cercam e nos apoiam? Nossas limitações nos impedem de saber quanto nós devemos às orações e às ações daqueles que, mesmo sem o sabermos, dedicam seus esforços para nos ajudar. Se você chegou ao ponto em que está, faz sentido abrir o coração a Deus e cultua-Lo pelas ajudas, principalmente as desconhecidas, que o Senhor Deus te através de pessoas.

Gratidão pelas pessoas leais em nossa vida deveria ser uma constante, em nosso coração. Recompensar a lealdade exige sensibilidade e aprendizado. O que quer que façamos, ao reconhecer a lealdade dos que nos cercam é uma tarefa em que devemos procurar sempre a graça amorosa de Deus. Porque, afinal de contas, é o reconhecimento do amor do Senhor por nós que nos habilita a amar. Nós O amamos, porque Ele nos amou primeiro. 

A Bíblia relata o episódio em que Davi teve sede. Mas não qualquer sede. Uma sede bem estranha. Porque, quando sentimos sede buscamos a primeira fonte de água potável que esteja mais próxima de nós. Vamos à geladeira, ou a um filtro, ou à garrafinha que carregamos conosco. Davi não. Ele deu nome à sua sede. Ele não desejou qualquer água, mas a água de um poço que estava junto à porta da cidade de Belém. Só que havia um detalhe: os filisteus estavam acampados naquela região. Então, o desejo de Davi não passaria de um desejo, certo? Errado!

Três daqueles valentes atravessaram pelo arraial filisteu, enfrentaram todos que se pusessem entre eles e o desejo do rei; beberam daquela água, voltaram provavelmente desbaratando mais inimigos, até chegarem à presença de Davi com a água que ele almejou beber.

Bem, Davi não quis beber da água só em pensar no perigo que seus homens sofreram e ofereceu a água ao SENHOR. 

Geralmente, o vinho era usado nas ofertas de libação a Deus. “...e a sua libação será de vinho, um quarto de him.” (Lv. 23:13b)Nesta passagem, a água era mais valiosa do que o melhor dos vinhos e foi derramada em celebração, diante do Senhor.Davi chama a água de sangue porque ela lhe foi trazida à custa de vidas que correram risco.E disse: “Guarda-me, ó Senhor, de que tal faça; beberia eu o sangue dos homens que foram com risco da sua vida? De maneira que não a quis beber; isto fizeram aqueles três poderosos.” (II Sm. 23:17) 

Entretanto, o que gostaria de destacar é a lealdade dos valentes para com Davi. Eles morreriam para saciar a sede do rei. Morreriam em favor de um desejo de seu senhor.E nós? Estamos dispostos a viver e a morrer pela causa do Rei dos reis e SENHOR dos senhores? 

Agora observem: 

a)     Deus não nos pede para enfrentarmos inimigos, mas Ele mesmo nos livra dos ímpios e nos salva. “E o Senhor os ajudará e os livrará; ele os livrará dos ímpios e os salvará, porquanto confiam nele.” (Sl. 37:40); 

b)    Deus não pede sacrifícios, pois já enviou seu único Filho como sacrifício perfeito. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo. 3:16).

Ele só nos pede o seguinte: vivam o AMOR! 

O que movia aqueles valentes era o amor que tinham por Davi.O que move o coração de alguém a agir com altruísmo, a servir a Deus com alegria, a olhar para o próximo com compaixão, a ponderar antes de falar, a ajudar ao invés de criticar, a perdoar em lugar de odiar, É O AMOR.“Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor.” (I Jo. 4:8)

Não há como servir ao Deus de Amor, se Ele não faz parte de sua existência. Não adianta falar sem vivenciar. 

Quando Cristo estava prestes a ascender aos Céus após a Sua ressurreição, a ordem que deixou a cada um de Seus seguidores foi: "Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.” (Mt. 28:19-20)

E quando a Palavra de Deus nos alcançou, foi porque, de alguma forma, alguém obedeceu a esta ordem. Eu fui alcançada pelo amor de Deus, porque um dia o conheci em uma pessoa. Em uma igrejinha simples, uma professora de juvenis me cativou e me ensinou as preciosas verdades da Palavra com muito amor, mas com muito amor mesmo!

Aqueles que hoje lemos como valentes, um dia lemos como sendo um bando de fracassados. “E ajuntou-se a ele todo o homem que se achava em aperto, e todo o homem endividado, e todo o homem de espírito desgostoso, e ele se fez capitão deles; e eram com ele uns quatrocentos homens.” (I Sm. 22:2)

Ou seja, Deus não escolhe os valentes, Ele capacita os escolhidos! Todos nós fomos escolhidos por Ele. Não importa a tua e a minha condição. Ele nos diz: "Mas agora, assim diz o SENHOR que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu.” (Is. 43:1)

Ao compreender tamanho amor, não há como não amar! A nossa missão é levar esse amor conosco à escola, ao trabalho, à venda da esquina; é mantê-lo em nosso lar, é mantê-lo em nosso coração. A valentia que Deus nos concede não tem a ver com espadas e lanças, mas com lealdade e amor.

As palavras são importantes, mas o exemplo é colocar em prática o que se fala, que sem dúvida alguma, tem um impacto bem maior.

Os valentes de Davi poderiam simplesmente externar o quanto gostariam de atender o desejo do rei, mas não se deram por satisfeitos até voltarem com a água que seu senhor desejava.Precisamos desta mesma determinação em nossa vida cristã.

Se quisermos ver Cristo voltar em nossa geração, precisamos estar dispostos a cumprir a missão que Ele nos confiou, e confiar em Sua promessa: "E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século." (Mt. 28:20)

Deus nos diz: "Não to mandei Eu? Sê forte e corajoso; não temas, nem te espantes, porque o SENHOR, teu Deus, é contigo por onde quer que andares." (Js. 1:9) 

E aí? Aceitam o desafio de amar? 

Bom dia, valentes de Deus! 

Amém!!!

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