"Então, ela
invocou o nome do SENHOR, que lhe falava: Tu és Deus que vê; pois disse ela:
Não olhei eu neste lugar para aquele que me vê?" (Gn. 16:13)
Vivemos
num mundo em que é cada vez mais comum fazermos coisas que capturem o olhar do
outro para nós. Nunca estivemos tão à mostra, tão visíveis.
Em
nossas redes sociais escolhemos cuidadosamente nossas imagens e curtimos demais
nossos links. Todavia, enfrentamos em nosso dia-a-dia momentos de dúvida, de
ira, de solidão, de desamparo, de fracasso, de frustração, de caprichos, os
quais não sabemos, muitas vezes, como nem com quem compartilhar. Eles raramente
cabem no Instagram ou no Facebook. É nessas horas que nos recolhemos em nossos
desertos. Isso também aconteceu com uma mulher chamada Agar.
Agar
era egípcia, não estava sob as promessas do escolhido Abrão, era uma escrava,
deflorada por um homem que não era seu esposo, e na condição de escrava não
podia fazer, ou dizer nada.
Mas,
a solução bateu à sua porta, ela estava grávida, parecia que seus problemas
tinham terminado, sua vida enfim iria melhorar, mas este pensamento lhe foi por
laço, ela se esqueceu de sua condição de escrava e começou a sentir-se
importante e passou a desprezar a sua senhora, causando a esta afronta, ciúme e
inveja. Abrão foi imparcial e Sara a maltratou, de tal modo, que ela teve de
fugir de sua presença.
Neste
momento da vida de Agar, tudo parece acabado, como uma mulher, escrava,
grávida, maltratada, desprezada, e ainda, longe de sua terra natal, sem família
e sem amigos, poderia sobreviver? Só há uma saída: DEUS.
Ela
fez isso, orou ao Senhor! Deus lhe atendeu e enviou um anjo, ela não recebeu d'Ele
nenhum milagre, nada sobrenatural, mas recebeu o que mais precisava: Valor! Ela
agora sabia: Deus viu a sua aflição, ouviu sua oração, e lhe enviou um anjo, e
tem mais: Deus lhe faz promessas grandiosas.
Nessa
experiência, Agar reconheceu a presença do Senhor e lhe chamou por um nome:
El-Roi, que significa “Deus me vê”.
Vamos
meditar sobre o maravilhoso poder de Deus de nos ver.
I.
O Deus que me vê como
ninguém mais
Quando
se viu grávida de Abrão, Agar começou a se comportar de um jeito diferente com
Sarai, de modo que esta se sentiu desprezada. A reação da dona da casa foi
maltratar a serva a ponto de ela não suportar e fugir.
"Ora, Sarai,
mulher de Abrão, não lhe dava filhos; tendo, porém, uma serva egípcia, por nome
Agar, disse Sarai a Abrão: Eis que o SENHOR me tem impedido de dar à luz
filhos; toma, pois, a minha serva, e assim me edificarei com filhos por meio
dela. E Abrão anuiu ao conselho de Sarai. Então, Sarai, mulher de Abrão, tomou
a Agar, egípcia, sua serva, e deu-a por mulher a Abrão, seu marido, depois de
ter ele habitado por dez anos na terra de Canaã. Ele a possuiu, e ela concebeu.
Vendo ela que havia concebido, foi sua senhora por ela desprezada. Disse Sarai
a Abrão: Seja sobre ti a afronta que se me faz a mim. Eu te dei a minha serva
para a possuíres; ela, porém, vendo que concebeu, desprezou-me. Julgue o SENHOR
entre mim e ti. Respondeu Abrão a Sarai: A tua serva está nas tuas mãos,
procede segundo melhor te parecer. Sarai humilhou-a, e ela fugiu de sua
presença."
(Gn. 16:1- 6)
O
anjo de Deus a encontrou, chamou-a pelo nome, deu-lhe uma direção e lhe fez a
promessa de uma descendência incontável, além de abençoar seu bebê.
"Tendo-a achado
o Anjo do SENHOR junto a uma fonte de água no deserto, junto à fonte no caminho
de Sur, disse-lhe: Agar, serva de Sarai, donde vens e para onde vais? Ela
respondeu: Fujo da presença de Sarai, minha senhora. Então, lhe disse o Anjo do
SENHOR: Volta para a tua senhora e humilha-te sob suas mãos. Disse-lhe mais o
Anjo do SENHOR: Multiplicarei sobremodo a tua descendência, de maneira que, por
numerosa, não será contada. Disse-lhe ainda o Anjo do SENHOR: Concebeste e
darás à luz um filho, a quem chamarás Ismael, porque o SENHOR te acudiu na tua
aflição. Ele será, entre os homens, como um jumento selvagem; a sua mão será
contra todos, e a mão de todos, contra ele; e habitará fronteiro a todos os
seus irmãos."
(Gn. 16:7-12)
Diante
dessa experiência, Agar reconheceu que o próprio Deus estava ao lado dela,
olhando por ela, e afirmou: El-Roi, Deus me vê!
"Então, ela
invocou o nome do SENHOR, que lhe falava: Tu és Deus que vê; pois disse ela:
Não olhei eu neste lugar para aquele que me vê?" (Gn. 16:13)
O
Deus de Abrão e Sara também se revelou a Agar, fazendo-a alvo de seu amor,
independentemente de sua nacionalidade, religião ou condição social. Agar,
então, sentiu-se percebida, notada, valorizada.
O
Todo Poderoso inclinou-se até ela para confortá-la e dar-lhe a atenção que
ninguém mais podia ter dado.
II.
O Deus que me vê como
preciso
Ao
maltratar Agar, Sarai não percebeu que o aparente capricho de sua escrava tinha
um motivo: ela queria ser vista de um jeito diferente, talvez como a mãe do
filho de Abrão. Mas isso, de fato, não seria possível, não naquela sociedade,
não naquele contexto. Só o Senhor a poderia olhar como mãe e como mãe de uma
nação.
Para
Abrão e Sarai, no entanto, ela seria sempre uma serva.
A
direção dada a Agar, a qual ela obedeceu, foi que voltasse e se submetesse a
sua senhora.
"Então, lhe
disse o Anjo do SENHOR: Volta para a tua senhora e humilha-te sob suas
mãos."
(Gn. 16:9)
Embora
Sarai não a visse de modo especial, o Senhor a enxergava como ela precisava.
"Disse-lhe ainda
o Anjo do SENHOR: Concebeste e darás à luz um filho, a quem chamarás Ismael,
porque o SENHOR te acudiu na tua aflição." (Gn. 16:11)
É
muito difícil quando pessoas próximas de nós não conseguem nos ver como
gostaríamos de sermos vistos. Isso nos fere e nos faz, muitas vezes, fugir da
situação.
Esse
texto nos ensina que é pela lente do Senhor que precisamos nos enxergar.
A
situação de Agar não mudou. Ela voltou e continuou sendo escrava e sendo
tratada como escrava, mas ela sabia como Deus a via. E mais ainda, ela sabia
que isso era o que mais importava.
Um
dia, nós que conhecemos o Senhor, percebemos que Ele nos olhava e nos tornamos
seus filhos.
Mas
conforme nossa jornada nessa terra vai se complexificando, temos prazer em receber
outros olhares, e começamos a alimentar esse desejo e, muitas vezes, viver em
função deles. Queremos ser elogiados, prestigiados, amados.
Brigamos
com pessoas que não nos olham como esperávamos, ficamos com raiva delas e até
cortamos relações.
Nosso
sofrimento, entretanto, é fruto de uma busca equivocada, por olhares que não
têm condição de nos ver como desejamos.
A
resposta para a nossa dor, na maioria das vezes, está dentro de nós.
O
que nos frustra nesta vida? Não seriam os nossos sentimentos, as nossas
expectativas?
Sofremos
porque achamos que somos alguém, que temos direitos, que somos melhores, ou
mais importantes do que os outros, e quando alguém nos trata diferente disso, a
casa cai, e ficamos embrutecidos, decepcionados, e sabe Deus o que mais.
Aprenda
que o seu valor vem de Deus e não dos homens.
DEUS
É NOSSO EL-RÓI.
Ele
está te vendo agora, não pense que Ele se esqueceu de você, não pense que Ele
seja injusto, ou permita que injustiça prevaleça no fim. Ele não fica devendo
nada para ninguém, Ele virá no momento certo e lhe restaurará, apenas se
humilhe e Deus lhe exaltará, quando você estiver preparado para receber, nem
antes e nem depois.
Precisamos
enxergar aquele que nos vê, que nos achou, que nos amou independentemente do
que somos ou da posição em que estejamos.
Amém!!!
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